Amore mio

Cap. 9

Ainda estava meio cansada por causa de ontem. Saímos tarde da balada e eu ainda fui dormir mais tarde ainda. Se eu não tivesse dado uma desculpa pro Lorenzo, eu ainda teria que sair com ele agora a tarde. Que bom que não vou mais, minha disposição não permite.
Eram 15h, não tinha nada pra fazer, então resolvi caminhar um pouco pelas ruas. Estava usando um vestido branco simples que ia até as coxas, com um cinto marrom, uma jaqueta jeans azul e um tênis branco. Tinha tantas coisas na cabeça que nem percebi quando me vi na "ponte velha", aquela em que o Lorenzo tirou minha foto.
Me apoio no batente e começo a apreciar a vista, quando ouço um "clic".
Não pode ser. Olhei prós lados e avistei ele. Era o Lorenzo. Tirando fotos, mas não eram minhas. Ele estava mais afastado, meio de costas pra mim, tirando fotos da vista. Eu lembro que ele me disse que esse era um dos lugares preferidos dele. Estava vestindo uma calça bege, uma camiseta preta e tênis pretos. Me sinto culpada por ter mentido sobre ter algo pra fazer hoje. Seria fácil só me afastar agora, mas não faço isso.

- Lorenzo. - falo, enquanto ele está de costas. Ele se vira e me olha surpreso.
- Bella!! Achei que ia estar ocupada hoje, mudança de planos? - ele pergunta, de cara fechada. Não sei mais se foi uma boa ideia vir falar com ele.
- Desculpa ter inventado aquilo, mas na hora eu não sabia o que dizer.
- Podia ter dito que não queria, mas sabe o que eu acho? Você tá deixando que uma culpa besta guie suas decisões.
- A Eliza já tá triste, eu não quero piorar tudo e não quero esconder nada dela também.

Ele revira os olhos, como se não aguentasse mais aquele assunto.

- Bella, a Eliza vai ficar triste independente se você sair comigo ou não. Uma hora ela vai ter que superar. Pra mim você só tá arrumando desculpas, porque tá com medo do que sente por mim.
- Quem disse que eu sinto alguma coisa? - digo, já irritada.
- Nem que seja raiva ou desejo, mas você sente alguma coisa sim, se vai mentir pra mim, então pelo menos seja sincera consigo mesma.

Ele começava a sair, mas eu fui atrás dele, essa conversa ainda não acabou.

- Ei! - Ele ainda caminhava pela ponte e não me olhava. - Tá bom, eu não queria ter mentido, e sim, eu quero sair com você, mas eu odeio a ideia de machucar a Eliza. Ela é como uma irmã pra mim.

Ele parou e me olhou de lado. Continuei falando.

- E talvez você esteja certo sobre eu estar com medo, - digo, devagar - mas não vou te falar nada sobre isso agora.

Ele me olha e dá um sorriso de lado.

- Quer tomar um café?
- Não ouviu nada do que eu disse?
- Ouvi, e também ouvi que você quer sair comigo.

Ah, eu disse isso né?

- Então? Quer ou não?

Pensei um pouco e, simplesmente, respondi:
- Sim.

***

Fomos em um café próximo, era bem bonitinho, tinha uma parte externa também, mas preferimos ficar do lado de dentro. Estávamos no balcão, escolhendo o que beber.

- Que tipo de café você gosta? - ele perguntou, olhando o cardápio.

Pensei um pouco e respondi:
- Macchiato.
- Caldo ou Freddo?
- Qual a diferença mesmo?
- Caldo é com leite morno e Freddo é com leite frio separado.
- Então Caldo.
- Não gosta de capuccino?- pergunta, com um sorriso cínico.
- Muito engraçado, não vou cair nessa.

Na Itália só se toma capuccino de manhã, se alguém tomar em qualquer outro horário, vão no mínimo, olhar estranho pra você.

Ele, rindo um pouco, se aproximou do barista e pediu os cafés. Sentamo-nos em um canto alemão(que consiste em uma mesa com um sofá em um dos lados e cadeiras no outro), eu me sentei no sofá e ele na cadeira.