Capítulo 1

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Estava dormindo tranquilamente, quando ouvi um barulho de como se fosse algo arranhando uma das paredes no andar de baixo, decidi ignorá-lo, devia ser só mais um camundongo do Mr. Bobbinsky, certo? Daquela vez Beldam não iria me pegar, não tinha como, aquela chave desapareceu junto com os restos de sua mão para sempre dentro do poço. Ouvi novamente o camundongo tentar chamar minha atenção, resolvi olhar a porta que estava com uma fresta aberta, era sim um camundongo, resolvi ficar encarando ele talvez fosse embora assim. Mas o camundongo parecia cada vez mais animado enquanto eu o encarava com olhar de desprezo.

- O que você quer sua criaturinha barulhenta? - disse sentando na cama e cruzando os braços.

O camundongo inclinou a cabeça para o lado e fez menção para segui-lo.

- Se eu te seguir você fica quieto?

O ratinho branco assentiu.

- Ótimo. - falei saindo da cama e colocando minhas pantufas.

O camundongo saiu correndo escada abaixo, fui atrás devagar, até que enfim ele me levou até a mesma portinha em que um dia eu havia fugido das garras de minha Outra Mãe.

- É isso? Queria me mostrar a portinha de novo?

O camundongo fez que não.

- Não quer que eu entre aí, quer?

O camundongo pareceu animado com a ideia.

- Nem morta!

Foi quando ouvi algo arranhando novamente a parede, mais exatamente arranhando por detrás da portinha branca, essa começou a tremer e consegui ouvir um clique vindo do lado de dentro. Quando a porta abriu, lá estava ela, na outra extremidade da passagem, somente sua mão mecânica estava na portinha do lado do mundo real, estava segurando a chave que eu havia jogado no poço, seria isso possível? Ela parecia estar mais velha do que da última vez em que a tinha visto, e paralisei quando a vi.

- Olá, Coraline. Sentiu minha falta? - Beldam falou me fitando com seus olhos de botão.

"Não mesmo", pensei e a encarei com desdém.

- O que você quer sua bruxa? - eu disse me afastando aos poucos da porta.

Beldam deu uma risada que juro que estremeceu o chão.

- Você. - ela disse soltando a mão da chave e a outra mão desprendendo-se de seu corpo, ambas em minha direção. Quando fiz menção de correr, ela agarrou minha perna, eu tentei me soltar com todas as minhas forças, mas não consegui. Assim que as mãos me puxaram para a outra casa, a portinha para o mundo real se trancou, Beldam me prendeu numa cadeira, pegou os botões e a linha, e eu comecei a ficar sem ar.

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Acordei assustada, tinha sido só um pesadelo. Respirei fundo e decidi abrir as cortinas e ler um livro qualquer, a luz do luar iluminava meu quarto, abri a janela e respirei aquele ar noturno que vinha lá de fora, tinha um leve cheiro de grama molhada e estava frio, estava de madrugada mas depois do pesadelo não conseguiria voltar a dormir.

Quando abri o livro, ouvi um miado vindo do lado de fora.

- Ah, oi Gato. - disse enquanto ele se aproximava da janela. - Está frio aí fora, quer entrar?

O Gato preto assentiu, entrou pela janela e se aconchegou do meu lado em cima do cobertor.

- Sabe Gato... Tive outro pesadelo hoje... Acha que significa alguma coisa? - perguntei para ele.

Ele me encarou com seus olhos azuis e fez como se não soubesse nada do porque eu estar tendo pesadelos com Beldam. Dei de ombros e comecei a acariciar sua cabeça enquanto abria de novo o livro para iniciar minha leitura.

- Deve ser a pressão de tanta coisa para fazer, obrigada por me fazer companhia em noites como essa gatinho. - falei e ele ronronou como resposta. Por enquanto estava tudo bem, até o pesadelo que provavelmente me atormentaria na noite seguinte.

Dollhouse - Dreams are dangerousOnde histórias criam vida. Descubra agora