Dollhouse - Dreams are dangerous

Capítulo 15

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☆~. Coraline .~☆

Entrei no guarda roupa e respirei fundo.

"- Vamos Coraline, mais rápido! Não temos o dia todo!" - resmungou o Gato correndo na minha frente.

Acelerei o passo e quando cheguei do outro lado abri a porta devagar para não me ouvirem chegar. Haviam apenas duas luzes acesas uma que dava num corredor e a luz da cozinha, vi Beldam em forma de Lady Beverly se afastar da cozinha a caminho daquela outra luz. O Gato saiu do guarda roupa e arriscou a olhar no corredor.

" - Pode vir, a barra está limpa."

Corri desesperadamente mas com o máximo de cuidado para não fazer barulho até a porta da outra casa, quando cheguei lá fora fechei a porta com cuidado para não a ouvirem bater e então dei um suspiro de alívio. Desci devagar as escadas, pois não sabia o que poderia estar a espreita daquele belo jardim do lado da outra casa de Astoria, ele era grande o suficiente para alguém se esconder.

Fui na ponta dos pés até o jardim e juntei os dois colares a minha metade e a metade de Astoria, Yin e Yang, o bem e o mal. Assim que juntei os dois um brilho estranho começou a emanar do colar completo, e logo que o brilho cessou o colar começou a me guiar para algum lugar bem no meio do jardim. Até que cheguei a algo que parecia um labirinto, o colar tentou continuar a me guiar mas tinha algo, ou melhor, tinha alguém bloqueando o caminho que o colar estava apontando. Os mesmos cabelos azuis, a mesma capa amarela, as mesmas galochas e o mesmo broche de libélula, era a Outra Coraline.

- Onde pensa que vai? - ela me perguntou enquanto bloqueava o caminho para dentro do labirinto e cruzava os braços.

- Saia da minha frente. - eu disse tentando ultrapassá-la.

- Para poder passar vai ter que me dar o colar.

Segurei o colar com força com as minhas duas mãos.

- Não mesmo!

A Outra Coraline riu, um jeito que eu nunca tinha feito antes.

- Ou me dá o colar, ou te entrego pra Sawise.

- Sawise?

- Sim...

Fiquei encarando ela com o olhar confuso e então ela revirou os olhos.

- A Beldam. Ou me dá o colar ou eu te entrego, e Beldam vai adorar ter duas pessoas para poder costurar botões nos olhos.

Estava tentando raciocinar algo que eu pudesse fazer para que saísse sã e salva e com o colar. O Gato que estava do meu lado pegou um rato que estava passando e o rasgou ao meio, é isso, se tudo nesse mundo gira ao redor de Beldam, então todo o resto são só marionetes, marionetes de pano. Peguei meu canivete suíço, abri em uma das ferramentas mais afiadas que tinha e o arremessei contra a Outra Coraline, ela começou a se debater com um buraco feito pelo canivete em sua barriga, caía muita areia e ela tentava segurar e correr atrás de mim ao mesmo tempo, enquanto isso eu sai correndo na direção em que o colar apontava.

Finalmente perdi a Outra Coraline de vista e segui o caminho que o colar me mostrava, quando senti algo puxar um dos meus pés, olhei para baixo e vi que eram várias plantas rasteiras que me puxavam em direção a um buraco que aparentemente não tinha saída, com o que iria cortá-las agora? Tinha deixado meu canivete cair no caminho, o Gato apareceu nessa hora com o canivete na boca e me ajudou a cortar as plantas ao meio.

Sai correndo até o meio do labirinto, aparentemente não havia nenhum perigo a vista, até que me vi frente a frente com uma cúpula, havia um objeto redondo lá dentro, era como uma miniatura de disco ball, como aquelas que tinham em discotecas. Percebi que o Gato ficou na minha frente antes que eu tocasse na cúpula.

" - Espere, não arrisque pegá-los ainda. Precisa achar algo do mesmo tamanho e do mesmo peso para colocar assim que tirá-los de lá."

Olhei ao redor e vi uma pedrinha perfeitamente redonda e aparentemente havia o mesmo peso que a miniatura de disco ball. Peguei a pedrinha, abri a cúpula com cuidado peguei a bolinha brilhante e coloquei a pedra logo depois, tudo por fora começou a desmoronar.

" - Vamos Coraline! Ao guarda roupa, rápido!"

Guardei os olhos de Beldam na minha bolsa e comecei a correr em direção à outra casa de Astoria, não importa mais que eu fizesse barulho, estava saindo dali e iria levar Astoria comigo. Quando cheguei perto da sala e ouvi algo como uma briga.

- Como ousa falar assim comigo? Sou sua mãe!

- Não é não! Eu deveria ter ouvido o que Coraline disse, talvez assim poderia estar fora daqui.

Beldam estava ficando em seu formato cadavérico, e desta vez não teria a mesma paciência que teve comigo, estava faminta.

- Venha cá sua menina tola!

Não pensei duas vezes e me joguei na frente de Astoria segurando os braços mecânicos de Beldam evitando que ela a machucasse.

- Astoria! O guarda roupa! Corre!

Astoria assentiu e correu para dentro do guarda roupa, passei um bom tempo tentando me desvencilhar dos braços mecânicos de Beldam até que o Gato chegou atrás dela e novamente arrancou seus olhos de botão, ela já não conseguia mais me ver, corri com o Gato até o outro lado do guarda roupa e quando cheguei do outro lado dei um suspiro de alívio por encontrar Astoria sã e salva.

- Acabou.

Astoria sorriu para mim e me deu um abraço.

- Fico feliz que esteja bem, Coraline! Me desculpa mesmo por não ter te ouvido antes.

- Tudo bem, está tudo acabado agora. Ela não pode mais atormentar ninguém.

- Como não?

- É uma longa história, te conto amanhã se não se importar. Estou exausta.

Astoria assentiu compreensiva e me levou até a saída.

- Boa noite, Coraline. Te vejo amanhã.

- Boa noite, Asty.

Fui em direção a minha casa sabendo que o que me esperava naquela noite não era um pesadelo, muito menos um sonho. Naquela noite Beldam finalmente estaria livre de seu corpo físico, e poderia ver o que o destino lhe guardava após a morte. Deitei na minha cama e coloquei a pequena bolinha brilhante e cinzenta em baixo do travesseiro, então tudo ao meu redor desapareceu e lá estava eu mais uma vez na pintura de Van Gogh, estava no cenário da Noite estrelada.

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Pisquei os olhos duas vezes devagar, vi uma moça que nunca tinha visto antes em minha vida toda. Tinha cabelos loiros, usava um longo e elegante vestido preto, uma coroa na cabeça e possuía olhos cinzentos. Era uma verdadeira dama, quando me toquei: era Beldam, ela simplesmente me encarou de cima a baixo e assentiu a cabeça silenciosamente. Como Beldam era um ser um tanto terrível, eu simplesmente entendi aquilo como um "obrigada" frio e seco. Então ela foi embora em direção a uma estrada que aparentemente não tinha fim, sem dizer uma palavra. Ela finalmente iria saber o que a esperava pela eternidade, e então o restante da noite foi só um sonho que não me lembro de nada, mas Beldam nunca mais iria atormentar ninguém então suspirei e sorri."

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