Capítulo 4

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Fiquei por alguns segundos encarando a garota, até que o Gato apareceu do meu lado e chamou minha atenção. Olhei para ele que revezava em olhar para mim e olhar para a garota ruiva.

- O que foi? Quer que eu vá lá agora? - perguntei baixinho.

O Gato assentiu e eu comecei a regar as rosas da janela.

- Você reparou no colar dela? Lembra do que o Mr. B falou, não lembra?

O Gato sentou e encarou fundo na minha alma, revirei os olhos.

- Certo, você ganhou. Vou só terminar de regar as rosas, sim?

O Gato pareceu satisfeito, quando ele se levantou e encarou algo além de mim.

- Você estava falando com um gato? - perguntou alguém atrás de mim.

Olhei para trás e vi a garota, como ela havia chegado até ali se eu não tinha ouvido nenhum passo sequer?

- N-não, quer dizer... Sim estava, gosto de desabafar com ele às vezes. - falei parando de regar as rosas, já havia colocado água suficiente. A menina olhou para o Gato.

- Ora, que belo gatinho! É seu? - a menina disse se abaixando e acariciando o Gato atrás da orelha.

- Na verdade, ele mora por aqui. Mas passa a maior parte do tempo dele comigo. - eu disse encarando o colar dela, era um gatinho prata, o símbolo de Yang, encaixava perfeitamente com a outra metade do colar. Logo, a menina levantou.

- Onde estão meus bons modos? Sou Astoria Sophie Charlotte. - disse a menina enquanto estendia a mão.

- Coraline Jones, prazer em te conhecer Astoria. - falei enquanto dava um aperto de mão.

- O prazer é todo meu, Coraline. - ela disse sorrindo com os olhos.

- Ah sim, e esse é o Marshmallow. - ela disse enquanto colocava o cachorrinho branco no chão, o cachorrinho chegou perto de mim e começou a cheirar meus pés, hesitei por um segundo lembrando do recado dado por Mr. Bobbinsky.

- Não se preocupe, ele não morde. - disse Astoria rindo. Tempos depois, o cachorrinho foi até o Gato e ficou encarando-o como se estivesse o analisando, e logo depois foi até Astoria que o pegou no colo novamente.

- Astoria! - gritou a mulher de cabelos loiros que ainda estava perto do carro - Venha tirar suas coisas para nos ajudar!

- Já estou indo, mãe! - Astoria disse. Ela se virou para o meu lado de volta.

- Desculpa Coraline, eu realmente tenho que ir ajudá-los. O que acha de mais tarde ir lá em cima fazer uma visita? - disse Astoria com os olhos brilhando de alegria.

- Não tem problema? Que você não tinha avisado sua mãe? - perguntei.

Astoria deu um sorriso de orelha a orelha.

- Não se preocupe, Coraline. Eu dou um jeito. - ela disse se virando e indo em direção ao carro.

- Até mais tarde, então... - eu disse.

- Até daqui a pouco, Coraline! - ela disse se virando uma última vez para falar comigo.

A não ser que o recado dado por Mr. Bobbinsky estivesse errado, eu provavelmente estava indo direto para uma armadilha, e já que ninguém acreditava no que eu dizia sobre o mundo por trás daquela portinha branca agora coberta por um papel de parede novo, sentia que não podia fazer muita coisa a não ser aceitar e dar um jeito de contornar a situação.

Dollhouse - Dreams are dangerousOnde histórias criam vida. Descubra agora