Capítulo 6.

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           Foi uma mini viagem tranquila, meus pais fazendo gracinha o tempo todo no carro, meu pai por sua vez repetindo incansavelmente a música "one day- Matisyahu".  Chegou um momento que todo nós já tínhamos decorado a música e gritavamos juntos com o refrão:

"One day
One day
One daaaayyyyy"

9:47 AM.

        Chegamos, assim que entramos no portão veio um milhão de lembranças a casinha cercada de árvores, gramas e flores, com uma porta grande de madeira, e meus avós nos esperando na varanda.
Saímos do carro e fui logo abraçando a dona Isabel, minha vó, ah como era bom sentir seu carinho por mim. Meu avô, Moacir, mais ríspido, me deu um abraço rápido e disse como sempre: "Você está crescida, querida".
Entrei para falar com meus primos e tias enquanto meus pais e meus avós conversavam.  Layla, Pedro, Lays, Paula e Gustavo estavam na frente da tv assistindo qualquer seriado besta que eles mesmo mau ouviam, devido a falação mais alta que a tv.

- Fala feiosos.
Disse animada.
Todos olharam para mim com um sorriso no rosto.

- Pensei que não viria.
Respondeu Paula se levantando e vindo em minha direção.
Ela era um pouco mais nova que eu, tinha 17 anos. Paula era tímida aos olhos de quem não conhecia, mas era uma garota incrível, seus olhos um castanho escuro, seus cílios compridos e uma sobrancelha natural perfeita que eu realmente gostaria de ter, lábios finos, seus cabelos no meio das costas com luzes e seu corpo não deixava o de ninguém para trás, mas podia causar inveja a algumas meninas. Era minha prima favorita em meio a outras. Pedro veio me abraçar também, ele era gay, tinha um cabelo maravilhoso, cheio, cacheado até os ombros, com as pontas num azul turquesa, que com certeza meus avós o reprimiam e o mandaram cortar, mas ele não ligava. Os outros eram mais distante, mas eu gostava de todos eles.
   Fui até a cozinha tomar água e achei meus tios tomando café, uns até falando da cerveja que tomariam mais tarde, falei com todos eles e sai novamente para me despedir dos meus pais. Foi tudo rápido, até porque qualquer coisa errada que eu fizesse eles viriam me buscar sem pensar duas vezes, então partiram.
         Na primeira semana fiz tudo como me disseram, ajudei no que eu pude, não deixei roupa jogada, lavava o que eu sujava, limpava o banheiro que era a pior parte com tanto cabelo que tinha espalhado dessa cabeçada de gente, ajudava fazer o almoço ou o jantar caso necessário, conversava com todo mundo, ria, era muito bom estar ali com todos eles, voltar as origem e comer a comidinha da minha vó.
       Depois de duas semanas já que só eu não tinha saído pra lugar nenhum, Paula me obrigou a ir ao shopping, decidi botar uma calça jeans escura, minhas botas coturno, e um moletom rosa comprido, fiz uma make rápida, somente sobrancelhas, rímel e batom vinho matte, botei meus óculos de grau e fiz um rabo de cavalo alto. O tempo estava do jeito que eu amo, uns 17°C, fiz a Paula ir andando comigo já que ela queria fazer sua mãe nos levar. Chegamos no shopping, compramos um milkshake e fomos em algumas lojas, para não andar a toa, decidi comprar um óculos escuro degradê e um cropped verde água. Acho que entramos em quase todas as lojas e era bom sair de casa no fim das contas. Compramos ingresso para ver um filme qualquer e ficamos perambulando até dar a hora.  Então vi um homem sentado, parecia estressado de alguma forma, mas visivelmente muito bem arrumado e bonito, não consegui resisti e fiquei o encarando até ele notar que estava sendo observado e seu olhar cruzar com o meu, me olhou de cima a baixo rapidamente, se levantou e entrou na loja de eletrônicos. Ele devia ter 1.80 de altura, seu maxilar era muito bem marcado, sua barba bem cortada e seu cabelo liso com franja, um pouco a baixo da nuca. Naquele momento queria deixar meu celular cair e quebrar só para levar até a loja em que ele entrou.
       Vimos o filme, rimos e quando estávamos indo embora, cruzei novamente com ele, mas me contive em não olhar para trás. Me senti observada. Chegamos em casa e rapidamente esqueci o que aconteceu, com todo mundo falando ao mesmo tempo, ninguém tem sanidade para pensar em alguma coisa, jantei, conversei e brinquei com todo mundo, as 23h eu fui dormir.
       Na semana seguinte, acabei discutindo com a Lays, não por acaso, ela insistia em deixar suas coisas jogadas na minha cama sempre que ia tomar banho, calcinha, remédios, toalha. Então sem querer mandei ela
"Encher o caralho do saco da mãe dela e não deixar mas as calcinhas nojentas em cima de onde eu dormia porque eu não era obrigada", é acho que peguei pesado. Rapidamente todo mundo veio ver o que estava acontecendo, e chegaram no quarto quando eu pegava as coisas dela e jogava tudo no chão. Meus tios me reprimiram, meu avô disse um "Chega!" bem alto, meus primos riam, minha vó mandou eu ir dar uma volta para espairecer. Então peguei minhas roupas e fui tomar banho rápido, tamanha era minha raiva, botei um short preto de cintura alta, o cropped verde água que tinha comprado, uma sandália baixa cor de pele, soltei o cabelo, botei um óculos escuro, passei meu batom rosa escuro, perfume, peguei minha carteira, meu celular e sai de casa, dando um Tchau seco a dona Isabel.

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