Por muitas vezes me questionei se deveria entrar em contato com ela. Não sabia como ela iria reagir e temia ser rejeitada.
Todas as noites antes de dormir, eu imaginava como seria se estivéssemos juntas. Os beijos, as carícias, as gargalhadas, os detalhes de como foi nosso dia... O que mais queria era tê-la de volta e poder desfrutar da paz que ela me transmitia.
Quantas saudades da minha calmaria...
Assim como tantas outras vezes, Adam passou o dia trancado no escritório. Quase não o vi, e agradeço aos céus por isso.
Não olhar para a cara daquele cretino não aliviava a angústia que sentia, mas me dava um pouco de sossego em meio a tanto sofrimento.
Eu passava os meus dias sentindo um aperto no peito. Um nó na garganta e uma vontade absurda de chorar.
Se levar em consideração as circunstâncias em que me encontro nas últimas semanas, é questionável eu ainda estar com sanidade mental. Mas tudo pelos meus filhos... esse fora meu lema.
Adam e eu dormimos em quartos separados (o que é um alívio para mim). Tem dias que ele me obriga a cumprir com o papel de esposa, mas eu tento ao máximo evitar.
Porém, nem sempre consigo.
Ao ver o sol se pondo, sinto o desespero ir tomando conta de mim. Esse é o sinal que se aproxima a hora de ser usada por aquele canalha.
Por mais que eu tente impedir, ele ameaça os meus filhos. Ou melhor, NOSSOS filhos. Nem isso ele respeita.
Ele sempre começa batendo na porta suavemente chamando meu nome. Ao perceber que me recuso abrir, ele aumenta a intensidade das batidas. Em uma dessas vezes ele colocou a porta de encontro ao chão, e ainda meio tonto por causa da grande quantidade de bebida alcoólica, arremessou o copo de swisky na parede e avançou em cima de mim, rasgando toda minha roupa.
Ainda consigo ouvir sua voz firme falando que sou sua propriedade.
Só de imaginar sinto a repulsa se transformando em enjoo e meu estômago rejeitar a pouca comida que consegui digerir nesse dia.
Não consigo segurar e corro para o banheiro.
Depois de colocar tudo para fora, sento-me no chão gelado e vejo minha imagem refletida no box de vidro.
O que foi que me tornei?
Como deixei chegar nesse ponto?
Aquela mulher alegre e de bem com a vida, que sempre contagiava a todos com seu sorriso largo, deu espaço para uma mulher ansiosa, com medo, e cheia de marcas roxas pelo corpo.
O que será de mim?
Volto para o quarto, certifico que não vem ninguém e tiro de dentro de uma das minhas blusas que estava dentro do armário, o celular que Emily me deu.
Meu coração começa a bater mais forte quando vejo a notificação da mensagem dela."Estou voltando para Nova Iorque. Assim que chegar, entrarei em contato com Emily para que ela me explique o que de fato aconteceu. Você disse que precisa de minha ajuda, ajudarei se estiver ao meu alcance, mas saiba que ainda estou profundamente magoada com todas aquelas palavras que me disse. Lhe ajudarei como uma amiga. Isso é tudo."
Meu coração se enche de alegria e esperanças quando vejo que ela está voltando para me ajudar. Sinto minhas forças se renovando, e a certeza de que todo esse sofrimento vai passar cresce ainda mais em mim.
Porém continuo lendo a mensagem e chega em uma parte que me entristece... "Lhe ajudarei como uma amiga." A-M-I-G-A. É isso que sou para ela agora.
Já não sou mais sua ventania. Nem muito menos sua doce Anne. Sou apenas uma amiga. Umas simples amiga.
Ouço passos apressados se aproximarem e em seguida escuto o barulho de vidro se estilhaçando no chão.
Meu tormento voltou.
Corro e escondo novamente o celular. Ele abre a porta com toda sua fúria e está mais uma vez acompanhado de seu wisky e seu sorriso cínico.Adam: Ora, ora, se não é a minha frágil Anne com medo do seu pobre marido. Não tenha medo, minha querida. Só vamos brincar um pouco.
Anne: Vai embora, Adam. Eu Não aguento mais esse inferno. EU NÃO AGUENTO MAIS! (Se desespera)
Adam: CALA A BOCA! (Se aproxima e puxa os cabelos da morena) Quem manda aqui sou eu. Você apenas me obedece.
Anne: O que mais você quer de mim? Já me trouxe para esse lugar, me obriga a viver aqui trancada, e ainda ameaça os meus filhos. O QUE MAIS VOCÊ QUER?
Adam: Querida, não fale assim, vou acabar me magoando. Vim aqui lhe trazer uma novidade e é assim que sou recebido? (Joga ela na cama e bebe um gole de seu whisky)
Anne: O que quer me falar?
Adam: É que seus filhinhos queridos vão passar férias na casa da vovó. Já providenciei que chegassem lá.(Sobe em cima dela) Falei que você está um pouco perturbada da cabeça, e era melhor eles ficarem lá por um tempo.
Anne: VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO! EU QUERO OS MEUS FILHOS AQUI COMIGO AGORA! (Cala-se ao sentir uma forte tapa em sua face)
Adam: Eu tenho todo o direito sobe vocês. Eu sou o seu marido e sou pai daqueles moqueles. EU QUE MANDO E VOCÊS APENAS OBEDECEM!
Anne: Agora enche a boca para dizer que são seus filhos, não é? Quem ouve assim até pensa que você se preocupa com eles.
Adam: Sabe, apesar de toda sua malcriação, você fez seu papel direitinho. Me deu dois filhos homens. Mas era só o que me faltava você ser uma completa de uma inútil e me dar uma menina. (Ela cospe na cara dele)
Anne: Você é um monstro. Eu tenho nojo de você. NOJO!
Adam: CALA A BOCA, SUA VADIA! EU VOU TE MOSTRAR QUEM É O MONSTRO AQUI.
Ao dizer isso ele começa a rasgar a blusa de Anne e se prepara para o ato. Em meio a gritos, tapas e desespero, ela consegue empurrá-lo. Olha para ele alcoolizado jogado no chão, e em seguida olha para a porta aberta. Nesse momento Anne vê sua chance de sair daquele lugar.
Em meio ao desespero e tormenta ela sai correndo. Não sabe para onde e nem como fazer, apenas segue o impulso e sai em disparada.
Não olha para trás, mas sabe que ele está atrás dela.
Seu subconsciente apenas fala: "CORRA! APENAS CORRA!"
Ela obedece.Paralelo a isso, está Meryl dormindo no avião, quando de repente escuta uma voz em seu pensamento gritando por SOCORRO!
Meryl fica inquieta, se mexe de um lado para outro. Começa a suar frio."SOCORRO! ELE VAI ME MATAR!"
"ALGUÉM ME AJUDA!"
Meryl não consegue ver quem clama por ajuda. Estava tudo escuro. Tinha muitas árvores em volta.
Um tiro é disparado.
Meryl acorda rapidamente.
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O Silêncio Das Estrelas
Romance•Uma história que narra os acontecimentos por trás das câmeras do filme "O Diabo Veste Prada". Os sentimentos que surgiram nos bastidores, os olhares intensos, os desejos que tentaram ser esquecidos, mas que ressurgiram quando Anne e Meryl foram con...