CAPÍTULO 30

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Oliver

Um mês trabalhando em Boston, vendo Vic quase todos os dias sem poder trocar mais do que um bom dia com ela. Se eu tentasse qualquer contato eu sabia que machucaríamos ainda mais nós dois.

Laura se tornou minha informante, ela me mantinha atualizado dos passos que a Vic dava e como estava nosso filho. Até o dia que ela me falou que a Vic ia fazer a ultrassom para ver o sexo do nosso bebê, mas eu estava no México, com o senhor Dardeno e a Becca. Passei o dia ansioso até que a própria Vic me enviar uma foto do ultrassom com a legenda de um bonequinho de menino. Eu achei que fosse explodir de felicidade naquele dia. O senhor Dardeno abriu um champanhe no jatinho de volta para casa, para que comemorássemos, depois de eu  responder a Vic com apenas um "obrigado!". Eu queria lhe mandar muito mais, queria desembarcar na pista de pouso particular do senhor Dardeno, e seguir direto lhe ver, mas precisei me lembrar que não poderia fazer aquilo conosco mais uma vez.

Já no meu trabalho, havia evoluído muito.

Pietro conseguiu as informações que precisávamos, hackeado o aplicativo e o sistema deles. Com um dos compradores de diamantes da lista, a Ayla e o Adam conseguiram informações importantes, que junto com as informações que a Becca conseguiu com um dos contadores do senhor Dardeno, nos levou a acreditar que todo esse tempo estávamos focando no alvo errado. Que o senhor Dardeno não tinha culpa de cem por cento do que achávamos. Ele era apenas um fantoche por trás de pessoas piores que o enganavam.

Becca então pediu ao senhor Dardeno para voltarmos ao México, ela se mostrou interessada na mão de obra das minas, e queria saber mais sobre o assunto, e eu o convenci que seria bom que eu também me inteirasse desse processo se um dia poderia chegar a tocar seus negócios, lhe deixando orgulhoso. Mas na verdade só precisávamos de algumas provas sobre a exploração da mão de obra escrava e infantil.

Naquela quarta-feira cedo, Colb nos levou até a pista de pouso e decolagem particular do senhor Dardeno, onde ele nos esperaria para mais uma viajem. E eu senti que estava pela primeira vez a um passo de terminar aquela operação. Porque mesmo se as coisas dessem errado hoje, e fossemos descobertos, já tínhamos provas o bastante para mandar prender todos ali, assim como seus compradores ilegais.

O jatinho chegou a pista na hora prevista e enquanto o senhor Dardeno dava as últimas instruções a sua equipe, nós o esperávamos na saída do galpão quando fomos surpreendidos por Vic que chegou em uma calça jeans justa, sandálias de salto e uma camisa branca solta, que conforme ela andava marcava o pequeno volume em sua barriga. O que fez meu coração acelerar em um misto de alegria e preocupação.

Me virei rapidamente, sem hesitar, e fui até seu encontro para tentar impedi-la, e saber o que ela estava pensando em vir até um lugar como aquele, que mal tinha sinal de celular.

- O que você pensa que está fazendo aqui? - perguntei em um tom que só ela pudesse me ouvir assim que eu a alcancei e barrei sua passagem segurando seus braços.

Vic olhou sobre meu ombro para onde o senhor Dardeno e a Becca deveriam estar nos olhando curiosos, e só depois ela virou seu rosto para me olhar, colocando suas duas mãos nas laterais do meu rosto me olhando firme.

- Deu tudo errado. A Laura me ligou pedindo apoio já que sou a única que poderia entrar. O Pietro interditou uma ligação dos capangas dele, e eles tem planos para hoje, eles sabem de você. O Adam já está vindo com reforços, eles vão encerrar tudo hoje, mas preciso que você confie em mim.

Ela analisou meus olhos enquanto eu processava tudo aquilo, e depois beijou carinhosamente meus lábios, mas antes que ela pudesse sair eu a segurei novamente ali e desta vez segurei sua cintura e acariciei sua barriga enquanto eu a olhava.

- Não fique. Vá. Por você e por ele.

Vic então acenou com a cabeça e me beijou outra vez.

- Desta vez nós vamos proteger você.

Ela então segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos, e fazendo me sentir melhor com ela ao meu lado, e juntos fomos até onde Edmond Dardeno nos esperava.

- Que surpresa maravilhosa querida Victoria. – o senhor Dardeno a saldou e ela o cumprimentou, mas eu não permiti que ela soltasse minha mão em nenhum momento.

- Olá Rebecca! – Vic então cumprimentou sua amiga como se não a visse a muito tempo.

- Me desculpe me atrasar senhor Dardeno, peço-lhe milhares de desculpas, mas não ouvi meu despertador.

Ele então a olhou com um largo sorriso, depois de olhar rapidamente o pequeno volume em sua barriga.

- E como está esse pequeno menino? Já soube da novidade. Parabéns pelo pequeno barão.

- Obrigada! Mas ele está bem. Crescendo até rápido demais. – Vic o respondeu lhe mostrando o quanto estava contente alisando sua barriga.

- Bem, se puxar o pai será um grande homem, mas espero que puxe a beleza da mãe. – o senhor Dardeno comentou olhando para nós dois.

Vic então me olhou com um doce sorriso e eu aproveitei o momento para abraçar sua cintura e puxa-la para mim enquanto eu o respondia.

- Se tiver a beleza da mãe e a minha sorte, já será um menino muito privilegiado.

Vic então me olhou com um largo sorriso enquanto seus olhos brilhavam emocionados e eu não resisti e beijei seus lábios outra vez.

Ao menos ali, em uma encenação eu podia beija-la e abraça-la, dando um pouco de alegria aos meus últimos dias.

- Chefe! Já podemos ir? - um dos capangas do senhor Dardeno, conhecido como Pared, o chamou nos fazendo olhar para ele vindo da pista onde o jatinho nos esperava.

- Acho que podemos ir. – o senhor Dardeno respondeu nos olhando para nos certificar, mas Vic o interrompeu.

- Mas e a senhora Dardeno? Ela disse que também estaria aqui.

Todos olhamos confusos para ela, e Vic segurou firme minha mão para que eu confiasse nela.

- Ana não me falou nada que viria junto, se bem que eu a deixei dormindo. – o senhor Dardeno lhe respondeu parecendo confuso.

- Ela deve ter esquecido então, mas ontem a noite mesmo falei com ela confirmando sobre nossa ida hoje para conhecer a clínica no México. Ela me disse que estaria aqui. – Vic então pegou o celular na bolsa preta que ela tinha pendurada sobre seu ombro, e o desbloqueou – Se o senhor me der um minuto posso ligar para ela. – Vic olhou o celular sem sinal e voltou a nos olhar com um sorriso decepcionado. – Aqui não tem sinal. E o que fazemos agora?

- Ana é mesmo muito esquecida, deve ter esquecido as vitaminas para a memória, mas vou pedir que alguém vá busca-la. Só um minuto. – o velho senhor então virou-se indo até um dos seus seguranças pedir para buscar sua esposa enquanto Becca e eu olhamos para Vic.

- O que é isso? - Becca perguntou em voz baixa e praticamente sem mover os lábios.

- Precisamos de tempo, e afastar ele daqui até o apoio chegar. Só por Deus não entrem naquele avião. – Vic nos alertou fazendo o mesmo que Becca enquanto disfarçava me olhando e roçando minha barba sem fazer. – Adoro sua barba assim. – ela comentou com um sorriso carinhoso assim que percebemos o senhor Dardeno voltar.

- Muito bem, já pedi que mandassem busca-la, e que pedissem para avisar o piloto que iremos nos atrasar um pouco.

- Será que isso vai levar algum tempo? - Becca perguntou olhando em seu relógio.

- Eu acho que levará pelo menos uma meia hora. – ele a respondeu.

- O que acham de enquanto isso fecharmos aquela compra das pedras maiores? - Becca perguntou voltando-se para o senhor Dardeno - Preciso enviar a resposta aos compradores na américa do sul.

- Sim, sim. Faremos isso. – o velho senhor então virou-se chamando seu capanga – Pared, por favor. Tem uma sala para que pudéssemos falar de negócios até que Ana chegue, e o novo plano de voo esteja pronto?

Pared nos olhou e então voltou-se ao seu chefe concordando com ele.

- Sim. Há uma por aqui. Se puderem me seguir.

Nós então o seguimos até uma sala ao lado do galpão que parecia um escritório improvisado repleto de mapas.

- Espero que não se importem que eu espere aqui. Não me sentiria muito confortável sozinha lá fora. – Vic comentou e o senhor Dardeno então acenou com sua cabeça virando-se para ela.

- É claro. Você deverá ficar aqui dentro onde poderá sentar-se. Jamais deixaria uma bela moça sozinha com aqueles abrutes, ainda mais esperando nosso pequeno menino.

Vic sorriu para ele e Pared saiu encostando a porta depois que estávamos todos lá dentro.

Assim que Becca olhou pela janela e sinalizou estar tudo seguro, Vic abriu sua bolsa tirando uma arma, a colocando sobre a mesa, enquanto ela tirava sua Glock da sua cintura deixando o senhor Dardeno a olhando como se estivessem em choque.

- O que é que está acontecendo aqui? - ele perguntou da cadeira onde havia acabado de sentar.

- Não se preocupe, o senhor está seguro agora. – Vic o respondeu tirando um rastreador do seu bolso e então apertou um micro botão vermelho, acionando o sinal de segurança que dizia que estávamos seguros, e que a equipe poderia invadir.

- Seguros do que?- ele então perguntou olhando Becca pegar a arma sobre a mesa e a Vic verificar a sua.

Então me abaixei e peguei minha arma em meu tornozelo fazendo o homem confuso me olhar assustado.

- Até você Gerard?

Concordei com ele engatilhando minha arma.

- Me desculpe senhor Dardeno. Somos do FBI e eu estou a um ano atrás do senhor.

- Atrás de mim? - ele então olhou de mim para Vic, que se sentava sobre a mesa, e para a Becca que havia se encostado do lado da porta.

- Sim. Seu nome estava envolvido em muitos crimes, sonegação, trafico de diamantes, exploração de trabalho escravo e mão de obra infantil, além de ter ligação e financiar grupos terroristas islâmicos.

Sua cara surpresa me olhando só serviu para comprovar o que eu já suspeitava, ele não tinha ideia do que era metade daquilo.

- Como assim? Eu jamais ordenei que fizessem isso.

- Não, mas sua equipe fez. – Becca o respondeu - Sua contabilidade vem sonegando e desviando dinheiro do senhor a muitos anos. É muito provável que o senhor não saiba da metade desses esquemas. Mas terá que ser interrogado e talvez responderá alguns processos.

O senhor Dardeno baixou sua cabeça acenando ela como se não acreditasse em tudo aquilo.

- Todos esses anos confiei minha vida a esses homens.

- Mas agora o senhor está seguro. Nossa equipe interceptou chamadas telefônicas revelando um plano de seus capangas para essa viajem. O objetivo deles era se livrar do senhor e do Oliver, depois que eles descobriram que ele era um agente. – Vic nos informou e aquilo me fez lembrar que ela estava correndo risco ali.

- E provavelmente agora eles estão desconfiados de você e da Becca também. E podem estar armando alguma coisa enquanto estamos aqui. Nós precisamos tirar você daqui o quanto antes. – falei sentindo todo meu corpo se enrijecer e a adrenalina voltar a correr forte em meu corpo.

- Eu não vou sair e deixar vocês. Isso se tornará ainda mais suspeito. – Vic tentou argumentar, mas desta vez o senhor Dardeno a interrompeu.

- Ele tem razão. Você tem um filho em sua barriga e precisa de segurança. Posso pedir que alguém de confiança a tire daqui.

- Ninguém mais é de confiança aqui. – Becca nos alertou. – Não sabemos quem pode estar envolvido e quem não.

Eu precisava de um plano. Se ao menos meu celular funcionasse. Mas era tanta pressão tendo a Vic e nosso filho ali que eu mal conseguia pensar.

- E a minha Ana? – o senhor Dardeno perguntou preocupado – Eu mandei que fossem busca-la, ela pode chegar aqui a qualquer momento.

- Não se preocupe. – Vic falou calmamente indo até ele – Já tem uma equipe em sua casa, eles irão cuidar dela e nada irá lhe acontecer.

Enquanto olhávamos ela tentando acalmar o velho senhor sentado ao seu lado, fomos surpreendidos por três batidas seguidas na porta, que automaticamente nos fez tentar esconder nossas armas, até a voz do Colb falar do outro lado.

- Senhor Gerard. O senhor esta ai? – sua voz perguntou cauteloso.

Olhei para Becca e pedi pra ela se afastar da porta enquanto eu guardava minha arma nas minhas costas, e logo depois abri a porta vagarosamente verificando se ele estaria sozinho ali. E aparentemente ele estava.

Colb deu uma rápida olhada para tras antes de falar em voz baixa.

- Aqui perto só tem aqueles dois. – ele gesticulou para dois seguranças a alguns metros de distância. – Mas começou uma movimentação estranha e chegou dois carros deles, não são dos nossos.

- Merda, eles chamaram mais reforços, devem mesmo estar desconfiados de nós.

Respondi e então olhei para trás e vi a Vic ainda parada ao lado do senhor Dardeno.

- Vic venha aqui. – eu a chamei, e ela tentou hesitar, mas então caminhou até nós na porta – Você vai com ele, e sem tentar nenhuma gracinha. – ordenei a ela e depois olhei para o Colb – Não importa o que aconteça, tire ela daqui. Ela não está segura. Não deixe ela tentar nada, ela precisa sair.

Colb assentiu para mim e esperou que Vic fosse com ele, mas ela virou-se para mim parecendo furiosa.

- Eu não vou deixar vocês. E não tem como nós dois conseguir passar por eles, se eles estiverem desconfiados de qualquer coisa.

- Finja passar mal. Você está gravida, use isso a seu favor. – o senhor Dardeno a respondeu do seu lugar.

Olhei rapidamente para ele e depois para ela.

- Faça isso, por favor, por nosso filho.

Vic enfim pareceu aceitar e assentiu cabisbaixa.

- Então por favor se cuide. Nós dois vamos precisar de você depois disso. – Vic falou se aproximando de mim antes de passar sua mão delicadamente em meu rosto e me beijar.

Seu beijo era carinhoso como os que costumávamos a dar depois de uma longa noite juntos, onde só tínhamos um ao outro. E isso me fez lembrar o quanto eu precisava dela e que depois que tudo isso acabasse eu iria lutar por nós, mesmo que para isso eu tivesse que rapta-la.

Vic então se afastou com um leve sorriso e Colb pegou seu braço a tirando dali, salvando ela e nosso filho.

Nem Tudo Fica em Las Vegas (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora