Catharina
Sentada sobre a minha gigantesca cama de casal a baixo de um lindo lustre em gotas de cristais, abro minha caixa trabalhada de madeira talhada com desenhos de rosas e começo a retirar as lembranças guardadas ali. São cartas que meus pais me deixaram, cartões postais que meu pai me enviava de toda a Europa e até mesmo da Ásia, até chegar a uma coleção de fotos da minha infância.
Pego uma foto em especial e a seguro em minha mão observando pela milésima vez em minha vida aquela última lembrança que eu tinha deles.
A foto foi feita por um dos nossos empregados no imponente jardim da nossa casa em Amersham, uma pequena cidade de interior que fica a uma hora de trem de Londres. Ao fundo poderia ver nossa casa de campo de três andares com tijolos a vista e os campos verdes com os arbustos e as rosas que minha mãe cultivava junto com o senhor Royal, nosso jardineiro.
A mulher de cabelos loiros, preso em um coque, usando um vestido azul céu, que chegava a pouco a baixo dos seus joelhos tinham um largo sorriso de lábios vermelhos cheios e olhos azuis que brilhavam em alegria enquanto seu marido de cabelos ondulados de um tom de fios grisalhos, e que era uns dez centímetros mais alto do que ela e usava uma calça caqui e uma camisa social branca, segurava sua cintura em um abraço carinhoso com sua filha de doze anos a sua frente.
A garota loira de cabelos lisos, com os mesmos olhos azuis que a mãe e que usava um vestido repleto de flores coloridas, era eu. Eu reconhecia aquele sorriso tão parecido com o do meu pai, um sorriso largo, cheio de dentes, depois de comemorar meu décimo segundo aniversário e a poucas horas da minha vida dar uma cambalhota me virando completamente de cabeça para baixo.
Eu simplesmente amava essa foto, guardava ela em um porta retrato na cabeceira da minha cama por anos, ela chegava a estar gasta e desbotada pelo sol. Mas desde que fui levada ao colégio interno eu a guardei no fundo desta caixa e rara as vezes eu a pegava de volta. A fotografia era linda, mas ela me fazia lembrar da noite daquele mesmo dia.
Meu pai me chamou até sua biblioteca. O cômodo que eu ligava totalmente a ele, pois sempre que estava em casa, ele passava maior parte do seu tempo lá dentro. Meu pai me pegou em seu colo, sentado atrás da mesa de carvalho, onde ele trabalhava administrando as propriedades e as empresas que pertenciam ao sobrenome Riley. E me fez lembrar do dia que recebemos seu amigo que veio de Londres nos visitar com seu filho de dezenove anos.
Eu tinha apenas dez anos na época, estava brincando com a Elizabeth, filha mais nova do senhor Royal, que era dois anos mais velha do eu. Nós corríamos pelo jardim da casa até dar de cara com um senhor carrancudo de cabelos grisalhos, que nos olhava como se quisesse nos analisar. Meu corpo estremeceu com seu olhar gélido, e então meu pai me chamou ao seu lado. Corri até meu pai na entrada da nossa casa e então ele me apresentou seu velho amigo, o senhor Grey e seu filho Dominic Grey.
Dominic tinha a mesma cara fechada que seu pai e parecia uma versão mais nova do homem mais velho ao seu lado. Lábios cheios e vermelhos, pele clara, olhos bem marcados, mas eram de um verde que mais parecia com os campos da nossa propriedade. Fiquei um tempo analisando aquele rapaz que era tão alto quanto meu pai, e tinha ombros largos em um blazer escuro. Ele também ficou me analisando por um tempo, até meu pai os convidarem para entrar e então minha mãe me chamou para a cozinha ajuda-la com o chá, e meu pai os levou para seu escritório na biblioteca.
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Nem Tudo Fica em Las Vegas (CONCLUÍDO)
RomanceJa ouviu falar no ditado "tudo o que acontece em Vegas fica em Vegas"? Pois bem. Vic e Oliver vem para provar que estamos muito enganados, e que nosso passado vem nos assombrar. Ainda mais quando seu passado é o melhor final de semana da sua vida. ...