CAPÍTULO VI

343 29 7
                                    

Dulce e eu saímos do salão na hora do almoço, por isso, seguimos para minha casa, para almoçamos junto a meus pais. De todas do meu grupo de "amigas", ela é a única que eu sinto que realmente posso confiar. Nossa amizade é mais longa do que eu possa lembrar.

— Você contou que a irmã desse... — Ela tenta lembrar o nome. Estamos sentadas no banco de trás da BMW da mansão.

— Eduardo.

— Isso. Que ela tem câncer e que ele recusou sua ajuda. Mas, conhecendo você, sei que a recusa não é nada.

— Haha, você me conhece tão bem. — Digo. — Fiz algumas pesquisas e descobri que o hospital em que ela faz tratamento, é um que meus pais e eu somos sócios. Já me informei de todos os procedimentos necessários e futuros para ela, mas eu queria, claro, ter a permissão dele antes de meter o bedelho no caso. — Explico e ela assente. — Tentarei convencê-lo, caso continue na recusa, irei intervir sem ele saber.

— Excelente! — Ela bate palminhas. — Posso ver com meus pais, outros médicos também. Eles conhecem uma legião deles. — Ele sugere. Os pais de Dulce, são donos de uma grande empresa de cosméticos.

— Será uma grande ajuda!

— Patricinha... — Ela provoca e eu a olho de canto. Ela sorrir. — Na próxima semana, terá um baile beneficente, para ajudar algumas casas que acolhem pessoas LGBTQIA+...

— Ah, sim, eu ouvi falar. Com certeza iremos. — Digo. Sempre fui a esses bailes e sempre fui motivo de tabloides. Por quê? Vejamos, muitas notícias diziam que eu só ajudava por mídia ou porque eu iria me revelar lésbica. — Aliás, vou tentar levar Eduardo e sua irmã, acho que é um bom modo de ficar mais próxima e convencê-lo.

— Tem certeza que esse é o único motivo? — Ela encara as ruas do Rio de Janeiro.

— É claro!

🌸

Tem alguns dias que não falo ou vejo Eduardo e eu meio que estou sentindo... hum... como posso dizer? Falta? Ou algo parecido. Antes, meus dias eram monótonos; claro que eu gostava, mas a adrenalina daquele dia ainda me persegue. O beijo... tudo foi legal... Para esse sumiço dele, ou ele está doente, ou sua irmã está muito mal, ou ele simplesmente não quer me ver. Contudo, quem não gostaria de me ver?

— Isso, nessa cafeteria mesmo! — Confirmo com ele, após passar o endereço de uma cafeteria.

— Certo. — Ele fala e eu finalizo a ligação com um sorriso no rosto.

Estou decidida a ir dirigindo. Meus pais dizem que sou uma péssima motorista, mas eu discordo. Isso, somente porque já estraguei 4 carros em 1 ano, mas o que eu posso fazer, se os motoristas dessa cidade não sabem dirigir?

Por minha queridíssima mãe ter saído com o chofer, preciso procurar as chaves do meu MINI Cooper. Meu carro pessoal e novo é um MINI Cooper rosa. Eu acho ele muito lindo. E por ele ser a nova versão, fora trocado o câmbio automático pela dupla embreagem. Não sei o que isso quer dizer, só sei que terei que passar marcha nele. Droga! Coloco a primeira marcha e sigo em direção ao portão principal.

— Abre-te portão! — Grito para o portão. Ele abre bem a tempo de eu passar, caso contrário, eu bateria sem querer.

Odeio transito. Vou todo o caminho xingando quem me ultrapassa e logo os ultrapasso também. Ninguém ficará mais a frente que eu, pois eu sou Estela Rossi Beauvoir, primeiro lugar em tudo. Se for para ser terceiro ou segundo lugar, eu prefiro nem ser.

Sem querer, ultrapasso um sinal vermelho. Perto da cafeteria, um maldito hidrante surge a minha frente e antes que eu possa frear, o carro bate nele. Bato no volante, mas me arrependo por quase quebrar a unha. As pessoas me encaram perplexas, mas ignoro e aguardo a guarda ou a polícia chegar, para pagar a multa e já me livrar logo disso. Por a carteira está em dias e eu ser quem sou, logo sou liberada e sigo meu caminho em paz.

Patricinha (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora