CAPÍTULO XIII

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Me remexo desconfortável na cama. Minha cabeça dói em um nível absurdo. Abro os olhos com dificuldade e encaro o teto branco. O teto do meu quarto é rosa. Minha cama é macia, diferente dessa. Meu quarto também tem cheiro de Hortência e não perfume masculino. Onde estou? Me sentei assustada e quase desmaio de tanta dor de cabeça. Me sinto mais tranquila quando vejo Duda deitado ao meu lado. Sorrio. Ele é tão lindo. Uma de suas sobrancelhas tem um risco fraco, uma falha de pelos. Além de um furinho fofo no queixo.

— Isso é estranho, amor. — Ele se remexe na cama. Sorrio. Ele me chamou de amor?

Ultimamente está tudo tão estranho. — Comento e ele sorri. Um sorriso lindo pela manhã. Ele abraça a minha cintura e percebo que estou apenas de tapa peito e calcinha e ele apenas de cueca. — Onde estamos? — Peguntei. O local tem paredes vermelhas, com algumas fotos de carros, troféus nas paredes.

— Meu quarto. — Ele senta e coça os olhos. Observo seus músculos se tensionar no gesto. Sinto uma vontade imensa de beijar todo o seu corpo. — Eu iria pedir para não reparar, mas sei que seu julgamento já está todo formulado. — Ele comenta beijando meu pescoço. Sei que não foi sério, mas me deixou desconfortável. É assim que ele me vê?

Após me banhar em um banheiro - será que posso chamar assim, já que é apenas um pequeno espaço, com chuveiro e uma pia? - na água fria, vesti um blusão de Duda, já que minhas roupas estavam largadas no chão de qualquer jeito. Não lembro de nada após o leilão, pois comecei a beber e bem, acabei na cama do meu namorado.

— Bom diaaaaa! — Amélia prolonga seu bom dia ao me ver com uma das blusas do irmão. Acho que se tivéssemos feito algo, eu teria lembrado.

— Bom dia! — Bocejo e amarro o cabelo em um coque. Eu ia mandar mensagem para meu motorista, mas meu namorado disse que me levaria em casa. — Desculpa não ficar para o café, mas preciso ir para casa. — Sorrio para ela. Encaro a mesa com pães, margarina e ovos. Sinto meu peito se apertar, mas não deixo transparecer. Uns com tanto e outros com...

Quem sabe outro dia. — Ela sorri. Assinto e sigo com Duda até seu carro.

🌸

Após as notícias do dia posterior ao do baile, como esperado, Duda fora apresentado ao mundo como novo namorado de Estela. Fizeram um alarde, como se eu sempre trocasse de namorado. Ele não se mostra desconfortável, mas nosso relacionamento é apenas nosso e por isso, não compartilho quase nada nosso, decidimos que assim será melhor. Claro, que quero ajudá-lo em seu sonho de ser piloto de corrida, mas vamos com calma. Ele é do tipo que não quer ajuda, principalmente a minha.

Quando noticiei meus pais, como já era tão previsível quanto as fofocas, Ester, vulgo, mamãe, fez pouco caso e virou as costas. Papai, por outro lado, se mostrou feliz por mim e disse que queria conhecê-lo e quando mencionei o amor de Duda por carros, foi o motivo excelente para ele marcar um jantar e conhecê-lo de fato. Óbvio que não mencionei o fato dele ser piloto de corridas ilegais.

— O que você quer? — Nem me dou ao trabalho de olhar para Ravi. Estou finalizando de colocar meu pingente.

— Então o namoro é real... — Seu tom de voz é amistoso.

— Olha, eu não precisei pagar nada para isso, então, sim, é bem real. — Faço pouco caso, mas sua proximidade faz meu coração acelerar.

— E o que sente por mim? — Ele põe as mãos em meus ombros. Engulo em seco.

— Desprezo? Dó? Um misto de coisas, mas nenhuma delas é "amor" ou coisas relacionadas. — Fico de pé e me afasto. Ele resmunga algo.

— Não minta para si. Ele é só mais um...

Patricinha (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora