CAPÍTULO XXVII

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Passaram-se 8 meses desde o acidente de Duda. Posso dizer, que foram os piores 8 meses da minha vida. Nesse período, sua única melhora fora ficar 5 minutos sem o aparelho. Mas como diz o ditado "esperança é a única que morre". Nesses meses, Amélia fora se recuperando dentro da medida do possível, eu sou a pessoa que mais convive com Duda. O que dizer sobre mim? Emagreci, cortei os cabelos, para praticidade de poder cuidar deles e de Duda. Atualmente está na altura dos ombros e por ser cacheado, ele fica menor ainda quando seco. Doei toda a extensão que cortei deles.

— Quer ir descansar? Eu ficarei com ele. — Amélia pergunta. Raramente fazemos troca de turno. Eu passo mais tempo aqui do que em casa, geralmente saio daqui apenas para dormir ou tomar banho em casa, no demais, eu fico por aqui.

— Estou em, querida. — Dou um pequeno sorriso para ela.

Nesse período, eu passei a amar café e energético. Durante os primeiros meses eu ficava por aqui e eles foram quem me mantiveram acordada e em alerta. Antony fora inocentado, já que fora mostrado que, de fato, foi um acidente, sem ser intencional, mas nada me tira da cabeça que fora armação. Bárbara e ele estão fora do país, pois muitas pessoas passaram a mandar mensagens de ódio para ambos.

— Quer comer algo? — Ela pergunta novamente. Não tenho fome, mas preciso me alimentar.

— Bem, já que está aqui, irei em casa e logo volto. — Digo. Ela apenas assentiu.

Após me despedir dela, aviso ao segurança para não deixar ninguém entrar. Ainda me mantenho alerta. Além da minha família, Duda é uma figura importante para mim, eu mataria por ele, caso necessário. Charles, decidiu voltar a trabalhar como chofer nesse período, pois como Duda está em coma, não tem muito o que fazer em suas redes, contudo, ele faz algumas atualizações sobre o quadro clínico dele.

— Olhando a Estela do ano passado e desse ano, eu nunca diria que são a mesma pessoa. — Charles brinca, enquanto seguimos para a mansão.

— Quem diria que eu iriar mudar drasticamente meu corte, não é mesmo?

— Não me refiro apenas ao corte, querida. Mas você em si.

— Se foi um elogio, obrigado. Caso não... melhore. — Dou de ombros e gargalhamos. — E Ravi e você?

— Estamos indo aos poucos...

— 1 ano e estão indo aos poucos? Estão na velocidade de um caramujo, não é?

Charles me olha pelo retrovisor e sorrir.

Fizemos planos para os 15 anos de Amélia, mas devido à situação, fizemos apenas uma pequena comemoração na sala do hospital. O mesmo aconteceu com o aniversário de Duda, teve apenas sua família e alguns amigos. Nem sempre os amigos de Duda podem vir visitá-lo, mas sempre se mantém atualizados por Amélia. O Natal fora uma época bem triste. A ceamos em casa, mas antes disse, passei um tempo com Duda. Por mim, teria passado o Natal com ele, mas sua irmã e minha família precisavam de mim. Mas a virada de 2019 para 2020, passamos no hospital, todos. Ester, desde o acidente, é outra pessoa comigo. Algo mudou nela, pois ela assumiu a posição de mãe.

— Você acha que ele se sentiria como, se visse você assim? — Ester adentra no meu quarto. Estou encolhida na cama chorando. Chorar fora uma das formas que encontrei de me manter forme. Não a respondo. — Essa não é a Estela que coloquei no mundo, muito menos uma Beauvoir. Nunca baixamos a cabeça. Nem desistimos. Desistir é para os fracos.

— Eu...

— Não importa a situação, um conjuntinho caro é a solução. — Ela fala. Solto um sorriso fraco e limpo as lágrimas. — Vamos, chega de choro. Você é Estela Rossi Beauvoir. Levanta e reage! — Ela ordena, acendendo todas as luzes do quarto. Limpo as lágrimas e me levanto.

Patricinha (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora