CAPÍTULO XV

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 Tive uma noite de sono perturbada. Sabe a sensação que você está dormindo, mas consegue ouvir e quase ver as coisas ao seu redor? Então, assim foi minha noite de sono e quando eu realmente dormia, acordava assustada com pesadelos. Eu nunca fui de ter pesadelos, mas com tanta coisa na cabeça, acabei sendo tomada por pesadelos, que nem ao mesmo lembro.

Meu pai está estressado com esse monte de coisas tudo de uma vez só. Os telefones da casa estão todos desligados, para evitar que pessoas ou jornalistas liguem para ter informações. A madrugada inteira os telefones tocaram e os empregados passaram a noite, desligando os aparelhos espalhados pela casa.

— Você não tem culpa de nada, mi amore! — Meu pai me abraça, antes que eu entre no carro. Decidimos que seria melhor eu sair do país. Não converso com Eduardo desde ontem à noite e nem pretendo. Ele deve ter tentado ligar, mas como estou sem celular e os da mansão estão desligados, falhou.

Papa, estou tão triste... eu

— Shi... eu e sua mãe te amamos, mesmo que ela não demonstre. — Ele acaricia minhas costas, como fazia quando eu era criança e sentia medo. — Ela está tratando de descobrir quem fez essa barbaridade. Independentemente de ter sido verdade ou não, é a sua intimidade, algo seu e dele...

— Eu te amo tanto, papi! — Deixo mais lágrimas caírem. — Ele vai ficar bem, os homens sempre ficam bem.

— Não seja tão hostil com ele, mi amore. Não sei o que houve com os dois, mas seja dura com ele. Claro, que para ele será mais fácil, mas lembre-se que a intimidade dele também fora exposta. Ambos foram expostos. Eu sinto muito por sua noite de aniversário ter acabado assim...

Demorei um pouco mais em seu abraço antes de partir. Logo pela manhã me despedi de Zayan. Ele não entendeu nada do que estava acontecendo e fez muitas perguntas, mas desviei de todas elas. Quando Ravi disse que me acompanharia na viagem, fiquei assustada, mas pedi a meu pai, para levar Charles juntos, com a desculpa de ter um motorista. Ele estranhou, mas como pensam que sou péssima motorista, logo ele permitiu.

— Essa é minha primeira viagem para fora do Brasil. — Charles comenta ao meu lado. Estamos em um dos carros da mansão. São 4 carros e dois motoristas, como ele está indo comigo, o outro está dirigindo. Ravi nos encontrará no aeroporto.

— Que legal... — Comento sem entusiasmo. — Lembre-se do plano.

— Qual? — Sua voz soa perdida. Encaro a estrada enquanto seguimos para o aeroporto. — Ah, sim. Ok. Vou dar o meu melhor... que dizer, tentar.

Deixo Adele preencher a minha mente. Nos portões da mansão, havia vários fotógrafos. Precisamos sair em dois carros, um que eu sempre uso, mas apenas com um motorista dentro e esse que estamos, qual é um carro novo, que nunca fora usado. Usamos isso para despistar eles, seguindo cada um para um caminho diferente. Entre a multidão, eu percebi Du... Eduardo, mas não me dei ao trabalho de pedir para pararem.

O voo até Paris é longo e cansativo. Graças a Charles, Ravi não sentou ao meu lado, já que quando pedi para comprarem as passagens, pedi assentos longe. Seguiremos de carro até Nice, cidade "natal" de mamãe, onde sua irmã vive.

— Preciso ir sozinha atrás! — Exclamo, obrigando Ravi ir com Charles no banco da frente. O carro tem um painel que separa o motorista, dos passageiros. Excelente.

O banco vira uma mini-cama confortável, aproveito para me deitar e chorar enquanto seguimos viagem. A voz dos dois se torna apenas sussurro, quando Stay da Pink começa a tocar alto nos meus fones.

Paris é um local que amo de paixão, não só por exalar um clima romântico, mas por ser luxuosa - em algumas partes - e ser bonita. Toda vez que venho aqui, fico muito feliz e revigorada, além de gastar muito, pois as roupas francesas são magníficas, mas dessa vez, estou aqui para me esconder da sociedade podre e de uma traição. Mas, ao menos, poderia sofrer vendo uma paisagem linda, porém, não consigo me sentir feliz. Sinto uma angústia.

— Chegamos! — A voz de Charles me traz de volta a realidade. Bocejo e saio do carro. Deixo ele e Ravi tirarem minhas malas do carro e levarem para dentro da sua casa.

Verônica diz que sente muito por tudo e me abraça. Seguro as lágrimas e apenas agradeço. Estou muito cansada e deprimida, mas não posso demonstrar isso, pois sou Estela Rossi Beauvoir e nunca temos problemas.

— Oi... — Encaro Daniel, qual me observa com curiosidade.

— Eu sei de tudo. — Ele comenta quando passo por ele. Ele, apesar de ser pequeno, pode ser psicopata que o irmão.

— Que bom, você mudou de burro, para burro informado. — Sorrio para ele e sigo para o quarto, qual será meu. Meu primo é um amor de pessoa, como podem ver.

Quando me joguei na cama, pronta para chorar até desidratar, Charles invadiu meu quarto, para dizer que a casa tem apenas 4 quartos, como se eu pudesse fazer algo a respeito. Minha tia, prefere viver na simplicidade da maravilhosa Nice. Entre aspas, na verdade, pois a casa é muito linda. Tem a aparência de um chalé, mas é bem mais espaçosa e glamourosa por dentro, além da vista ser para os Alpes, qual no inverno é uma vista fascinante.

— E qual o problema de dividir quarto com Ravi? — Pergunto e ele surge na porta.

— Você quer dividir quarto comigo? — Pergunta com um sorriso no rosto. — Nossa, você mudou mesmo, está até cedendo quarto para seu empregado....

— O quê? Você está maluco? Saíam agora, aliás. E Ravi, seja educado e ceda a cama para Charles. Ou durmam os dois juntos, pouco me importa como irão fazer, só saíam! — Expulso os dois, sob reclamações, do quarto.

Imagina só, eu, Estela, cedendo um quarto só meu para outra pessoa, nem mesmo estando na situação que estou, irei fazer isso. Fecho a porta e me largo sobre a cama novamente.

Em comparação ao meu quarto, esse aqui é do tamanho do meu closet, mas acho que consigo sobreviver. Irei me apegar ao fato de que é apenas por alguns dias.

Tomo uma ducha de água fria, pois estamos no verão por aqui. Visto uma camisola branca de seda, com bordado dourado e me preparo para dormir. Mas meu novo telefone toca, mostrando um número brasileiro, mas que não conheço. No caminho para Nice, comprei um novo celular e chip, mas apenas a mansão tem esse número e esse, qual está me ligando não é da mansão.

— Alô? — Me sento sobre a cama e começo a passar óleo corporal em minhas pernas.

Bonjour, mon cher! — A voz estridente de Bárbara soa. Solto o vidro de óleo, qual se espatifa no chão, deixando tudo oleoso.

— Como...

— Ah, eu consigo tudo que quero, docinho. — Sua voz me deixa enjoada.

— Sabe, por um momento eu duvidei de você, mas você mostrou que nunca decepciona, mesmo, não é? — Ironizo, contendo a raiva. — Mas lembre-se com quem você mexeu, mon amour.

Ah, eu sei muito bem, mas pouco me importa. Como você sabe, sou branca e rica. — Ela gargalha, como se tivesse contado a piada mais engraçada do mundo.

— Eu também sou branca e BILIONÁRIA! — Dou ênfase na última parte. — Além de ser Estela Rossi Beauvoir, querida.

— Vou tirar tudo que é seu, Estela. A começar pelo seu EX-namorado. — Comenta, como se me contasse um segredo. Sinto o sangue ferver.

— Não ouse...

— É isso que vocês são, né? E se não for, eu farei ser. Aliás, melhor ficar longe, se não quiser conhecer mais sobre mim.

— Sua vaca descarada! Quer jogar sujo? Então vamos jogar assim. — Rosno com ódio. Desligo o telefone e grito no travesseiro.

É assim que ela quer? Pois é assim que vai ser. Bárbara é podre, mas eu sei ser bem mais podre que ela. Envio para minha equipe tudo que tenho sobre ela, desde plásticas a processos contra ela que foram arquivados, entre eles, racismo, lgbtfobia, entre outros crimes horríveis que ela esconde embaixo dos panos. Antes de mexer comigo, pense em todas as coisas ruins que você já fez, pois eu posso saber de tudo e expôr como se não fosse nada.

"Tem certeza, Estela?"

Luan, o assessor chefe das minhas redes, pergunta. Apenas digo que sim e apago o celular. Preciso dormir, pois amanhã será um dia fantástico. Prepare-se Bárbara, pois eu só vou descansar quando te destruir por completo. Serei seu pior pesadelo na terra. 

Patricinha (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora