CAPÍTULO XIV

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Charles anda me importunado, querendo saber o porquê de eu ter feito perguntas bem íntimas. Não é que eu esteja interessada nele, não necessariamente. Ravi ainda anda no meu pé e isso, com certeza, poderá causar problemas entre mim e Eduardo. Sim, eu sei, eu deveria cortar o mal pela raiz, mas esse garoto é impossível, por isso, Charles vai me ajudar.

— Basicamente, você vai conquistar, meu primo, o Ravi. — Sorrio com muita segurança. Ele fica me olhando, esperando eu dizer que é brincadeira.

— O quê? Por quê?

— Ah, bem, você é solteiro e ele também. Ambos são bonitos, por que não?

— Mas...

— Excelente! Boa sorte para você! — Me despeço dele e volto para a mansão, deixando-o confuso na garagem.

Já faz mais de 1 semana que briguei com Duda e ele, orgulhoso como é, ainda não me mandou uma mensagem qualquer. Amélia quem me dá notícias dele. Ela sabe que estamos brigados, mas não sabe o motivo. Se ele, que causou auê à toa, não me procurou, por que irei procurá-lo?

Minha semana fora bem agitada, já que eu estava preparando minha festa de aniversário, qual é hoje. A semana toda, fiz prova de bufê, escolha de música, vestido, decoração e mais um zilhão de coisas. Felizmente, está quase tudo pronto, exceto pelo meu cabelo.

— Você está LOUCA? — Berro para a mulher que enroscou um pente em meus cachos! — VOCÊ ESTRAGOU MEU CABELO!

— Sinto...

— SOME DAQUI AGORA! — Berro com ódio! Sinto vontade de esganá-la. Qualquer pessoa sabe que não se penteia cabelos cacheados com eles secos!

Meu celular não para de vibrar com mensagens. Algumas eu mesma respondo, outras a minha equipe que responde e compartilha as felicitações de fãs e amigos. Ester surge no quarto alarmada, perguntando os motivos dos gritos. Aponto para o meu cabelo e faz uma careta. Peço para ela ligar para Mariana e ela logo sai do quarto com o telefone em mãos.

Felizmente, Mariana é rápida e expert em cachos. A manicure e ela chegaram ao mesmo tempo, e logo meus cachos tomam definição e volume, assim como minhas unhas ganham uma nova coloração: rosa e branco. Ela faz a maquiagem em tons de rosa, com muito brilho, como eu mereço.

O vestido é rosa, para surpresa de todos. Ele é colado ao meu corpo e com brilhos, mas a parte de cima é toda de renda e da cintura para baixo é cetim. Não tem alças e há duas fendas, uma em cada perna. Uso um salto metalizado e de amarração. Uso um bracelete dourado e colares no mesmo tom. Meu cabelo está jogado para o lado esquerdo, em que o lado direito está com três tranças.

— Você está magnífica! — Amélia fala ao entrar no quarto. Sorrio.

Ela veste um vestido amarelo de seda. Também usa a lace ruiva. Ela está incrível. O fotógrafo entra no quarto e aproveito para tirar fotos com Amélia. Aproveitamos a sacada do meu quarto, qual mostra o fim de tarde do Rio de Janeiro, com o céu em tons de rosa, laranja e azul.

— Aquele cabeça dura. — Amélia sorri, saindo para ir chamar Duda.

Sinto um nervosismo. Uma semana sem o ver, apenas tendo notícias. Quando ele entra no quarto, é inevitável não sorrir. Ele veste uma camisa social branca aberta com os três primeiros botões e uma calça social um pouco mais folgada, marcando apenas suas coxas definidas. Além dos mocassins que meu pai o presenteou. Ele também fez a barba e atualizou o corte de cabelo. Encaro seu pulso e vejo a pulseira que dei, além do relógio.

— Você está perfeita! — Ela fala e eu quase corro para seus braços. Sorrio enquanto ele se aproxima.

— Você não está nada mal. — Sussurro e sorrio para a foto. Tiramos muitas fotos e por incrível que pareça, todas saem perfeitas.

O fotógrafo sai do quarto, para ir fotografar os convidados, os quais já estão chegando na mansão. Temos um salão de festa, mas que raramente usamos, mas decidi usá-lo, pois tem uma vista linda do jardim.

As pessoas me felicitam e tiramos muitas fotos. Tiro fotos com influencers presentes na festa e conversei com cada convidado. Duda fica sempre ao meu lado. Sinto que nada pode estragar minha felicidade, exceto a presença dos convidados do meu pai, vulgo, sua família. Infelizmente, por estarmos em frente às câmeras, preciso sorrir e abraçá-los. É terrível.

— Amélia, você viu o Duda? — Pergunto próximo ao seu ouvido, pois o som está bem alto. Ela aponta para os banheiros e logo Dulce a puxa para dançar. Sorrio e sigo para os banheiros.

Já cantamos os parabéns e agora, as pessoas estão apenas bebendo e dançando. Algumas já foram embora e o salão não está mais tão cheio. Assim que entro no corredor do banheiro, sinto como um buraco se abrisse e me sugasse para dentro. Nunca imaginei passar por isso de novo. Não no meu aniversário de novo.

— Duda... — É difícil falar. Ele empurra a garota e eu quase grito.

— Este... — Ele tenta se explicar. Giovana sorri, como se ganhasse alguma coisa.

— Só cumpra seu papel até o fim da noite! — Sou ríspida. — E você, se você ama viver, saí agora da minha casa ou eu vou te estripar. — Ameaço com ódio. Ela desfaz o sorriso e sai quase correndo.

Ele tenta explicar o inexplicável e eu o corto em todas às vezes. Sinto uma vontade imensa de chorar, mas mantenho a expressão apática. Minha cabeça está um caos, mas consigo sorrir para as câmeras. Sempre que ele tenta me abraça, fujo e finjo conversar com alguém. Encerro a festa mais cedo e ninguém liga, já que estão todos alterados.

— Estela...

— Eduardo... por favor, não... eu preciso de tempo... eu... só vai embora. — Peço num fio de voz. Ele tenta insistir, mas perco a paciência e parto para cima dele.

Enquanto bato nele, choro de raiva e decepção. Ele nem tenta se defender. Alguém me puxa e ao ver que foi Dulce, a abraço e ela pede para ele ir. Dói e como dói. É como se alguém pegasse meu coração e destroçasse ele.

Em casa é pior, como se não bastasse a traição, fotos minhas e dele são vazadas com alteração. Eu nunca transei com ele, mas isso ninguém quer saber. As fotos foram alteradas. Mostra eu sem roupa no colo dele. Quebro o celular de ódio. Não tenho forças para lidar mais com isso. Minha vida está acabada. Minha intimidade - mesmo que alterada - fora arrancada de mim e escancarada para o mundo. É MEU FIM.

— Estela... — Ester entra no quarto e me encontra destruída no quarto. Meu vestido está os farrapos, a maquiagem toda borrada. Seu olhar não é de pena, é de compreensão. — Essa pessoa irá pagar, eu juro para você. Ninguém mexe com os Beauvoir! — Ela garante e eu meu lanço aos seus braços.

Pouco me importa se ela me ama ou não, eu só preciso de um abraço. Choro mais ainda e sinto tudo em mim doer, é mais que uma dor emocional, é física. É todas as dores possíveis. Provavelmente alguém já está cuidando de tudo, mas uma vez na internet, eu serei para sempre marcada por isso. Eu não posso me esconder a vida toda, mas eu queria. Queria sumir por dias, quem sabe a vida toda. É tudo tão injusto. Por que comigo? E agora? 

Patricinha (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora