CAPÍTULO XVI

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A última vez que acordei em um lugar diferente, eu ao menos estava nos braços de um homem - quase - perfeito. Mas hoje, quando abri os olhos e encarei o teto de madeira polida, percebi que nada do que vivi nas últimas 48h, fora realidade e não um pesadelo. Precisei de um banho gelado, para conseguir tirar a cara de morta que estava, pois eu sou Estela e por mais abatida que esteja, não posso demonstrar. Após o banho, vesti uma saia Paula raia, a qual tem um corte diferenciado na altura do joelho e é de cores diferentes, a blusa fora do mesmo modelo. Meus longos cachos, os deixei soltos e passei um pouco de corretivo, para esconder as olheiras.

— Eu sabia! — Ouço a voz de Ravi, assim que começo a descer as escadas.

— Bonjour! — Me sento ao lado de Charles, o qual está ao lado de Ravi. Daniel está entretido em suas panquecas vermelhas. Que diabos é isso?

— Bonjour, mon amour. Dormiu bem? — Verônica pergunta sorridente. Por ser a irmã mais velha, ela é preocupada como a mãe que eu nunca tive.

— Sim. — Me limito a responder, mas o olhar de Charles parece me julgar, como quem diz "foi você quem fez isso, não é?".

— Você sabia que a Bárbara já fez 5 plásticas? — Ravi me mostra a tela do celular, o qual mostra um post de uma página de fofoca, falando sobre as plásticas da minha best friend.

Claro. — Sorrio, me servindo de chá-verde.

— A pessoa deveria conhecê-la muito bem, não? Pois ela guardava isso a 7 chaves, não acha, Estela? — Charles me encara. Seguro o ímpeto de sorrir.

— É provável. Mas há muita gente que conhecia sobre isso e que não gosta dela, então, fica difícil responder. Não acha, Charles? — Devolvo o questionamento. Eles já tiveram um desentendimento, pois antes dele ser motorista da minha família, teve um caso com ela e não terminou muito bem.

Nem Ravi e nem Verônica, parecem perceber as nossas provocações. Charles é uma boa pessoa, sempre o tratei bem e o respeito fora mútuo. Sentado do meu lado, o vejo como um amigo, é estranho falar isso de uma pessoa que trabalha para você, mas ele está a mais de 5 anos na família, sabe de muitas coisas e viveu muita coisa com a gente.

Com a desculpa de precisar comprar umas coisas que não trouxe, arrasto Charles comigo para o Nice Etoile, shopping de Nice city. Aproveitando a carona de Ravi, coloco Charles para ir à frente com ele. A cidade tem um vista linda, mas a maioria das casas são bem coladas, o que faz a cidade parecer uma favela, organizada e colorida. Algumas ruas são de granito, com muitas flores nas portas das pessoas. É uma desorganização bonita. O sol, é aquele sol que não esquenta ao ponto de te queimar ou te deixar com muito calor, apenas o suficiente para te aquecer.

— Ele é muito bonito, não? — Direciono a minha pergunta a Ravi. Nós dois estamos encarando Charles comprar café. Ravi me olha estranho. — Não estou a fim do meu motorista, não. Só estou comentando a beleza dele.

— Aham. Assim, do nada? Mas, sim, ele é atraente. — Comenta voltando a encará-lo. Charles veste uma camiseta cinza, com a estampa de uma banda que não conheço, mas são três símbolos: um triângulo e cabeça para baixo, um coração e uma casa virada ao contrário. Seus cabelos estão partidos ao meio, em um estilo jovial.

— Já viu o porte dele? — Pergunto, o induzindo a olhar mais para Charles e não para mim.

— Isso tá estranho... — Me encara desconfiado, mas logo seu olhar muda para o alvo certo. Sorrio. Eles só precisam se conectar mais. Eu sou uma fofa, não? Irei ser a cupido dos dois! MADRINHA DAS GAYS!

Sabia que ele é formado em marketing? Ele desenha muito bem também. — Disparo coisas que sei sobre Charles. — Ele disse que gosta de dirigir, por isso, aceitou ser nosso motorista. Ainda bem, pois sua beleza deixa os outros com inveja.

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