Capítulo - 7

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Any Gabrielly Urrea

Entramos no quarto e noto que ele está diferente. Por que mudaram meu quarto?

Tudo é branco. Do teto ao chão. Dos móveis às paredes. Não reconheço mais o meu quarto de infância.

Me sinto pisando em ovos e sou trazida de volta a realidade ao sentir Noah pegar em meu braço e me elogiar. Não consigo encará-lo e nem quero.

Meu coração dispara ao ele me convidar para um banho, acho que minha reação foi tão visível que ele desconversa e vai para o banheiro, obviamente, sozinho.

Ele toma um banho longo e deixa a porta aberta. Ele parece gostar de intimidade em excesso e isso é incomum para mim.

Enquanto isso, pego uma toalha. Não quero vê-lo se vestir.

Assim que me sento, ele sai e eu vou em direção ao banheiro, mas ele me segura e me vira de costas rapidamente e meu coração novamente, ameaça parar.

— Acho que você vai precisar de ajuda pra descer isso aqui, mocinha.

Ele joga meu cabelo para o lado e desce o zíper do vestido. Eu preferia rasga-lo na tentativa de tirar do que ter sua ajuda. Sinto seu olhar pesado sobre mim. Quero sair dali, ainda mais quando ele põe as mãos por dentro do vestido e deixa o peso delas ali e o vestido vai para baixo. Mas eu seguro tão forte meus braços no peito que ele para. Eu agradeço e me retiro o mais rápido que posso quando ele fixa o olhar em minha boca.

Assim que entro no banheiro, não seguro as lágrimas.

Eu achei que ele não fosse me soltar! Eu achei que ele fosse descer o meu vestido e me deixar exposta ali mesmo. Dou graças aos céus por isso não ter acontecido!

Demoro alguns minutos até me acalmar, certifico-me que a porta está devidamente trancada e entro no chuveiro. A água fria corre forte em meu corpo. A água está tão gelada que é quase dolorosa, apesar de ser alta, não alcanço a chave do chuveiro e não quero chamá-lo para fazer isso para mim, não quero que ele venha aqui. Não quero olhar pra ele. Não quero nada dele. Então, tento resistir!

Quando começo a me secar, noto que não trouxe roupas, acho que o costume, ou o nervosismo e penso em ir até o quarto para pegá-las, mas não sairei daqui enrolada em uma toalha minúscula e não tem a mínima condição de eu vestir o vestido de noiva novamente, então, crio coragem e peço a mala para Noah. Mas ele me entrega duas peças de roupa pequenas e diz que já escolheu. Isso faz meu coração disparar! Penso em recusar, mas não faço, não quero dar motivos para despertar sua raiva. Não quero que ele pense que eu esteja tentando provocá-lo.

Me visto rapidamente, estou com tanto frio que, só quero ficar debaixo da coberta e nem a presença de Noah me incomodará.

Saio do banheiro e ele mais uma vez, me elogia e eu não entendo o porquê de tantos elogios. Em três anos, mal direcionou a palavra para mim, e agora, todos esses elogios?

Em seguida, me chama para deitar-se e mais uma vez, meu coração acelera.

Lembro dos conselhos de Cat, mas isso me faz querer chorar... "Abra as pernas, feches os olhos e deixe que ele faça o que quiser"... Isso não me acalma, me apavora ainda mais. O que ele vai querer de mim?

Deito-me ao seu lado e sinto novamente, seu olhar pesado sobre mim. Escuto sua voz, mas dessa vez, as palavras me acalmam.

— Você quer dormir agora? Está muito cansada? — Ele me pergunta.

Tento puxar o ar e respondo:

— Sim, obrigada!

— Tudo bem! Boa noite! — Há um resquício de decepção em sua voz.

— Boa noite!

Eu demoro a dormir, o frio está muito forte. Mas o cansaço me ganha! Logo acordo com gritos... gritos familiares. E logo escuto uma voz não tão familiar ao meu lado.

— Arthur e Catarina vão acordar o prédio todo. — É a voz Noah.

Essa situação me causa um constrangimento que não sei explicar. Ter alguém perto nessas circunstâncias, é constrangedor, ainda mas, sendo ele.

Escuto batidas na porta e me levanto rapidamente, até esqueci dos meus trajes. Quando abro, vejo Sophie e me assusto. Será que aconteceu algo?

— Sophie, o que houve?

— Olha, eu sei que vocês são recém casados e querem tirar todo esse atraso. Mas será que tem como você gemer mais baixo, docinho? Vocês acordarão toda a cidade desse jeito.

— Na... não, é... não — Tento me explicar, mas gaguejo.

Vejo que Noah está atrás de mim.

— Não somos nós, Sophie! E mesmo se fosse, era nosso direito. Any é dona da casa e pode fazer o que quiser. — ele diz e também fala coisas vergonhosas para ela, sobre Arth e Richard.

— Grite o quanto quiser, docinho. — Ela fala com os dentes serrados. Então, fala mais uma coisa que não consigo ouvir.

— Ela fará isso! Agora, nos dê licença.

Ele disse, "ela fará isso agora"? Tento espantar meus pensamentos de medo, e então, ele pega minha mão e fecha a porta na cara de Sophie. Eu me deito e ele me acompanha e me abraça. Está tão frio que até o calor humano de um Urrea é bem-vindo. Eu passo longas horas tentado dormir, mas algo dentro da calça de Noah está colado em uma de minhas coxas e isso me causa um pavor. Será que ele está...? Ô, não!

Eu durmo depois de algumas horas, e só caio em mim pela manhã. O cansaço me venceu!

Acordo e Noah não está ao meu lado, não ouço o barulho do chuveiro, presumo que ele tenha saído.

Não que eu queria que ele estivesse aqui, mas saber que ele andou por todo quarto enquanto eu dormia e com esse projeto de roupa, não me agrada. Isso me deixa vulnerável, e mesmo estando grata pelo que não aconteceu ontem à noite, eu ainda me sinto um alvo, na verdade, eu sou um alvo. Eu me apoiei na possibilidade de ele não me querer, pois eu não chego nem aos pés das garotas com quem ele saía, mas depois de ontem, eu não tenho mais certeza. Também pensei no que Sophie disse e pela primeira vez, concordo. Não quero que a primeira noite aconteça no meu quarto. Eu quero poder voltar aqui e não ter que me lembrar dele, e do cheiro dele e de como ele foi o meu primeiro... eu quero poder voltar nesse quarto e continuar o vendo como meu lugar seguro e aconchegante, que me remete infância e me lembra minha mãe. Quero voltar aqui e me lembrar de como era aninha vida antes dessa bagunça toda.

Pego-me pensando na vergonha que estou sentindo pôr as pessoas acharem que eu e Noah... ontem... sozinhos... nesse quarto... e sinto meu rosto queimar. Como eu vou encarar nossos familiares? Como é que eu devo agir?

Desvio do pensamento e me levanto para ir ao banheiro e quando entro, me deparo com Noah apenas com uma toalha na cintura e fazendo a barba. Eu me viro para sair, mas ele me olha seriamente. Parece de mau humor...

— Bom dia, Any! Dormiu bem? — Ele volta a fazer o que estava fazendo antes de eu entrar.

— Bom dia! — digo — Sim, eu dormi bem e você?

— Muitíssimo bem! — a ironia é evidente — Bom, tome um banho, já vamos descer. Pegamos a avião em 2 horas.

— Claro! — respondo.

Viro-me para sair e ele me diz:

— Não vai tomar banho? — Será que ele espera que eu tire a roupa e tome banho na frente dele?

— Eu vou esperar você terminar. Obrigada! — Meu coração está acelerado, de novo.

— Ok, se você prefere assim. 

Perdendo-me Em Ti | NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora