1 - JOGADA AOS LOBOS

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Any Gabrielly


— Papai, por favor! — peço desesperada.

— Isso não está em negociação, Any. A decisão já foi tomada e não voltarei atrás, minha filha.

— Isso é ridículo! — grito — Estamos no século XXI. Ninguém é obrigado a se casar por interesses familiares... ou não deveria. — balanço a cabeça em negação e mais uma vez, imploro — Eu nem ao menos o amo, papai. Nem o conheço direito! Não quero me casar, ainda mais, com um homem daquela família maldita.

— Eu já lhe disse, querida, mas vou repetir para que você grave bem, já que não foi capaz de entender nesses três anos de noivado! — papai respira fundo e me olha com impaciência, coisa que não é de sua personalidade — Não está a seu alcance decidir. Noah está prometido a ti desde que você era uma garotinha e você vai se casar com ele de qualquer jeito!

— É isso que o senhor não compreende. Eu era uma menina! Praticamente uma criança! Vocês não conseguem enxergar o absurdo que esse casamento é? — pergunto — Eu quero me casar por amor... se é que um dia eu quero me casar.

— Como uma moça tão revolucionária e inteligente pode continuar acreditando em amor? — pergunta meu irmão Arthur — Isso é bobagem, maninha! Procure outra desculpa.— debocha — Quer uma sugestão?

— Eu dispenso as tuas sugestões. Obrigada! — digo ainda chorando.

— Não me importo! Mesmo assim, as darei. — reviro os olhos e respiro fundo, já esperando alguma bobagem que é típica de meu irmão, Arth — Diga as pessoas que ele não sabe transar. Ele ficará com raiva e desistirá do casório. Garanto!

— Então será que foi por isso que Sophie te deu um pé na bunda, maninho?

— Cale a boca, pirralha! Estou apenas tentando livrá-la. Ou livrar o meu amigo...

— Só o fato de ele ser seu amigo, já mostra que não é boa coisa! — grito — Depois de tudo o que aconteceu... como pode continuar o chamando de amigo?

— Cale a boca, os dois! — grita papai — Arthur, volte aos seus afazeres e deixe sua irmã descansar! Hoje é o jantar com a família do noivo. — respira fundo, se acalmando — E Any, minha filha, pare de chorar! Suba para seu quarto e descanse. Você verá que é o melhor para todos e ainda me agradecerá.

— Vocês estão acabando comigo! Me entregando de mão beijada para a família Urrea. Eles farão comigo o que fizeram com Elliot e a culpa será toda de vocês!

— Chega, Any! Suba agora, antes que lhe faça subir. — papai grita com raiva e eu choro mais uma vez.

Subo para meu quarto correndo e bato a porta do quarto tão forte, e presumo que tenham escutado do andar de baixo, mas não me importo.

Quando entro, vejo que tudo ainda está igual. O quarto ainda é cinza e os lençóis ainda são rosas. Nem parece que eu fiquei três anos longe de casa, presa em um convento escuro e empoeirado... digo, colégio interno.

— Any ? Você está aí? — reconheço essa voz e abro a porta.

— Catarina?! — pergunto e abraço forte minha amiga de infância que não via desde quando fui estudar no colégio interno — Cat!!!

— Como você cresceu, Any! — sorri — Você está linda!

— Eu senti falta de você todos os dias, Cat! Mais tanta, que até doía. — digo magoada, mas pego suas mãos, ainda sorrindo — Por que não foi me visitar?

— Tio Henry disse que não poderíamos. Disse que você não queria ver ninguém.

— E você acreditou no meu pai, Cat? Eu jamais faria isso!

— Não, claro que não! Mas sem a autorização dele, não poderíamos vê-la! Nem mesmo seu irmão pôde ir te visitar e olha que a gente tentou.

— Arth quis me ver? Parece até uma piada! Ele incentiva meu pai a prosseguir com esse casamento arranjado, Cat. Me tirou de uma prisão para me colocar em outra! — deito-me no colo de Cat como uma garotinha idiota... que sou!

— Seu irmão te ama, baby! E eu sei que parece ser algo ruim, mas não é para tanto. Ralph tem uma fama de durão, não só em personalidade, se é que você me entende... — Catarina me olha com um olhar malicioso de costume e eu reviro os olhos pelo comentário — Mas não seria tão ruim das uns amassos com ele, certo? Ou bem mais que uns amassos! Você pode até não gostar dele, mas não pode negar que ele é muito atraente e sexy.

— Não quero nada dele! Nem a companhia, nem o dinheiro e muito menos... — interrompo minhas palavras e estou trêmula — Eu quero distância dele e daquela maldita família. — não seguro as lágrimas — Eu o odeio, Catarina!

— Ei, tudo bem! Não precisa chorar. Vamos mudar de assunto, certo?

— Quando é que você e Arth tentaram me visitar? — mudo de assunto.

— Foi logo depois que o confinamento geral acabou. Algumas semanas depois do seu aniversário. O Arthur tinha autorização, mas eu não.

— Mas Arth não me visitou no primeiro ano de internato, o que houve?

— Na verdade, ele foi e só descobrimos que eu não tinha autorização quando chegamos lá. A gente esperou, esperou, esperou... — fala e sei que há algo a mais — Ficamos muito tempo lá e o corredor estava vazio e você sabe, né? Seu irmão é gato, atraente e muito gostos... — interrompo Cat.

— Não! Meu Deus, não... Não pode ser! — meus olhos se arregalam — Catarina, não foi você e meu irmão que foram expulsos da instituição por...

— Por foder no corredor? É, fomos nós! Mas como você sabe? — me pergunta com um sorriso sem vergonha, descontraído e animado no rosto.

— Foi assunto por alguns dias no colégio. Vocês são malucos, Cat! — falo incrédula — Vocês poderiam ser presos, sabia?!

— Não foi somente lá! Você sabe que eu gosto de uma aventura. — sorri — A história se espalhou e bom... eu não me arrependo! — ela diz e morde os lábios, como se estivesse relembrando — Mas vamos falar de outras coisas. Você é virgem demais para eu ficar dando detalhes das minhas aventuras sexuais com seu irmão pelas propriedades públicas da cidade.

Reviro os olhos e dou os ombros, mas não respondo com palavras. Cat sabe a quão irritada e desconfortável fico em relação a esses assuntos, ainda mais, sabendo que ela e meu irmão... bom, vocês sabem.

— E você já escolheu o vestido para hoje á noite? — pergunta animada — Dizem que será um jantar mais formal e seu irmão me apresentará como a nova namorada. — fala alegre — Bom, é um mega avanço depois do que aconteceu com Sophie. — Cat muda de repente — Desculpa, amiga! Eu não queria tocar no assunto... eu sinto muito... eu não quis...

— Não me importo com isso, Cat! Não precisa ficar assim... tão... constrangida?! — gargalhamos. Cat nunca fica constrangida — Eu não vou me casar, Cat! E hoje é a minha chance de me livrar das correntes. — ela me olha — E fico feliz por saber que você e Arth estão se entendendo.

— Eu sei que sim! Fiquei receosa sobre a sua reação..., mas imaginei que ficaria feliz por nós. — ela diz e seu sorriso morre — Mas em relação a você e Noah... — olha para todos os lados — Any, não cometa erros! Tio Henry ficaria furioso e sabe lá Deus qual seria a reação. — há aviso em sua voz.

— Não mais que eu estou, te garanto! — Digo revoltada.

— Eu tenho que ir. Ainda há preparativos para o jantar de hoje. Pensa bem no que você vai fazer. — Cat me alerta e eu aceno a cabeça em sinal de compreensão.

Ela me dá um beijo e se retira, me deixando sozinha.

Fico um tempo olhando para cima e pensando como é que eu vou fazer para me livrar desse casamento e que, talvez, esse jantar, seja minha última chance de liberdade e eu não posso falhar. Noah Urrea, você não perde por esperar!

Notas Finais:
Se gostarem comentem bastante ♥️

Perdendo-me Em Ti | NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora