12 - UMA AMIZADE, TALVEZ?

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Any Gabrielly

Acordo e meu corpo todo dói. Minha cabeça ainda tenta digerir tudo o que aconteceu ontem à noite e sei que eu e ele precisamos ter uma conversa. Mas meu corpo se recusa a me obedecer.

Eu só consigo pensar em como aquilo poderia ter acabado e ele tem razão. Eu o culparia para sempre e me culparia também por permitir o ato e ficar calada. Eu tentei seguir os conselhos de Cat "Deixe-o te conduzir. Abra as pernas, feche os olhos, finja que você não está ali..." mas meus olhos não me obedeceram, meu subconsciente também não.

Eu estava tão assustada e confusa, que nem, ao menos, o agradeci pelo que fez. Ou melhor, pelo que não me obrigou a fazer. Com toda certeza, se fosse Richard, eu estaria em maus lençóis.

Preciso mesmo resolver essa situação. Eu não confio na sua bondade, não tenho muitos motivos para isso. Não é característica dos Urrea a gentileza.

Houve um momento, que ele gritou tão alto, que quase parei de respirar..., mas logo ele me cobriu e consegui ficar um pouco mais tranquila. Ele parecia magoado, com raiva. Acho que eu o fiz sentir-se sujo.

Desvio meus pensamentos, antes que eu volte a chorar novamente e me levanto. Faço minha higiene matinal e então, desço para a cozinha, de onde vem um cheiro delicioso.

- Bom dia! - digo.

- Bom dia! - Noah está à beira do fogão - Dormiu bem?

- Não muito... - digo - Eu... eu não consegui parar de pensar no que aconteceu ontem... ou melhor, pelo que não aconteceu. - respiro fundo - Eu queria agradecê-lo por não me obrigar a continuar.

- Deixe-me ver se eu entendi direito... - ele fala - Você está me agradecendo por não te estuprar? - ele sorri - Seus conceitos de certo e errado estão distorcidos, Any. Eu não fiz mais que minha obrigação. - ele me olha perplexo - Você não tem motivos nenhum para me agradecer. Eu é quem devo desculpas por não ter notado a sua indiferença.

- Mesmo assim, obrigada! - digo.

- Tudo bem... - ele diz - Está com fome? Eu fiz panquecas.

- Sim. Eu estou faminta! - sorrio a primeira vez em semanas - E você dormiu bem?

- O sofá não é muito confortável... e eu dormi de bolas roxas. - fala brincalhão - É, não foi a melhor noite da minha vida.

- Ó. Meu Deus! Eu não... eu... eu n... eu... - me embaraço nas palavras - Eu não tive a intenção de lhe causar esse... essa... essa situação. - que constrangimento - Desculpa!

- Você está se desculpando por deixar um homem excitado? - ele gargalha - Bobagem! Está tudo bem. - tenta me acalmar - E não é a primeira vez que você foi motivo de uma ereção minha. - Acho que eu vou correr daqui. Esse homem não tem filtro.

- Você costuma dizer tudo que pensa? - pergunto.

- Na maioria das vezes. - ele responde.

- Ok. - digo.

Ele fala de sexo de uma forma tão normal e simples, que me deixa constrangida. Não sei se vou me acostumar com isso.

- Então, eu pensei numa coisa para resolver nossa situação. - ele começa - Como eu já havia dito, o divórcio ou anulação, não é uma saída. Mas a gente teria que manter as aparências... e isso inclui sigilo, até de nossas famílias.

- Por que isso? - questiono - Só o fato de já sermos casados não basta?

- Não! Há clausulas e é um processo burocrático. - explica - Envolve outras pessoas, muito dinheiro, patrimônio familiar. O tempo mínimo é de três anos e até lá, temos que ser convincentes. - ele pausa - E é por isso, que a gente vai continuar dividindo o quarto, fazendo programas públicos de um casal... bom, você entendeu!

- A parte publica, sim, Mas por que teremos que dividir os aposentos? - questiono.

- Porque os funcionários comentam, Any. - ele responde - Você acha que seu pai e Richard fizeram questão que Karina viesse para nos auxiliar por motivo algum? - indaga - Claro que não. Eles gostariam de se certificarem que tudo saísse como planejado.

- Então, essa é a nossa única saída? - pergunto.

- Não! Você pode transar comigo e a gente vive um casamento de verdade e pronto. - Arregalo os olhos ele se mantém sério, mas depois, da um sorriso de canto - Continuando... teremos que parecer um casal feliz. Não quer que isso se repita, quer? - ele me entrega um jornal, do qual a manchete principal, somos nós. Na manchete, há uma foto nossa, provavelmente, tirada no aeroporto e na coluna diz o quão descontente pareço.

- Não... não quero! - digo.

- Pois bem, para isso dar certo, temos que confiar um no outro. Tudo bem? Isso inclui Catarina. Sei que vocês são confidentes, mas não quero correr riscos.

- Tudo bem! - concordo, eu não queria mesmo contar a Cat.

- Então, posso confiar em você? - pergunta.

- Pode! - digo e ele estende a mão para que eu aperte em sinal de firmamento.

- Se sente melhor? - ele me pergunta.

- Muito melhor! - digo - Obrigada, Noah.

Perdendo-me Em Ti | NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora