CAPÍTULO 3

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Jihyo acenou para o pai enquanto ele dirigia sua carroça para fora do chalé. Philippe, o gigante gentil em forma de cavalo, jogou a cabeça no ar e relinchou alegre, pronto para a aventura. Como fazia todos os anos, Gong Yoo estava indo para o grande mercado, a algumas aldeias de distância, para vender suas caixinhas de música. A carroça
estava carregada com cada uma das peças em que ele trabalhara no último ano, embaladas e empilhadas cuidadosamente para que ficassem protegidas durante a longa jornada. E, como em todos os anos, ele estava deixando Jihyo para trás. Era
pela sua própria segurança, ele sempre lhe dizia. Ou porque ele não podia deixar o chalé desocupado, como acrescentava às vezes. De todo modo, sempre era a mesma coisa: ele preparava a carroça, Jihyo se certificava de que Philippe estava pronto para a viagem, então eles passavam pelo ritual de despedida. Jihyo
ajeitava o lenço de Gong em sua camisa e ele lhe perguntava:

— O que você quer que eu lhe traga do mercado?

— Uma rosa como aquela da pintura — era sempre a resposta de Jihyo.

Então, após um rápido abraço e um agrado em Philippe, Gong seguiu seu caminho.
Naquele ano não foi diferente. Quando seu pai e Philippe sumiram no horizonte, Jihyo suspirou. Bem, ela pensou enquanto caminhava de volta para o chalé, e agora? Ela sabia que poderia ler, ou limpar, ou trabalhar no jardim. Mas, por alguma razão, nenhuma dessas coisas a apetecia naquele momento. Ela precisava fazer algo mais. Algo que a afastasse de sua própria mente que
estava começando a se encher de preocupações sobre a viagem do pai, como todo ano. Reparando na grande pilha de roupas sujas, ela ergueu uma sobrancelha. Normalmente, ela detestava lavar roupas. As lavadeiras estavam
sempre próximo à fonte, fofocando e tagarelando. Quando Jihyo chegasse, elas ficariam mais barulhentas e suas risadas, mais cruéis, fazendo o tempo que
levava para deixar as roupas limpas se arrastar, algo excruciante. Se aquilo não
demorasse tanto…

Ela olhou pela sala, notando um dos arreios de couro de Philippe e a cesta de maçãs. De repente, ocorreu-lhe uma ideia. Sorrindo, ela correu até o depósito, pegou o que precisava e seguiu para a aldeia. Para sua satisfação, quando chegou, a única pessoa na fonte era uma jovem garota de olhos tristes. Jihyo já havia visto a menina pela aldeia antes. Ela estava sempre sozinha e, a julgar pela forma como encolhia os ombros e evitava o contato visual, Jihyo tinha certeza de
que ela não tinha muitos amigos. Enquanto Jihyo a observava, a garota mergulhou uma camisa na fonte, puxou-a de volta e começou a esfregá-la. Levando sua pilha para a beirada da fonte, Jihyo começou a tirar seus
apetrechos dos bolsos do avental. Ela foi até a mula de Jung, o oleiro, que estava parada próximo à porta da taverna, com sua cabeça abaixada e uma das patas traseiras erguida. Após amarrar uma ponta do arreio de Philippe no cabresto do animal, ela prendeu a outra ponta em um pequeno barril de madeira. Então colocou todas as roupas e alguns pedaços de sabão no barril antes de erguê-lo e jogá-lo direto na fonte. O barril tombou para o lado, enchendo-se devagar de
água. Jihyo foi até a frente da mula. Balançou uma das maçãs tentadoramente e começou a andar para trás. A mula a seguiu e Jihyo a guiou por um trajeto ao
redor da fonte.

— O que você está fazendo?

Jihyo viu que a garota a estava observando com uma expressão perplexa.

— Lavando roupas — respondeu ela de modo prático. Ela apontou para o barril. A mula o arrastava pela água, agitando o líquido e cobrindo as roupas com uma boa camada de espuma. Satisfeita com seu trabalho, Jihyo tirou seu livro de um dos bolsos e se sentou para ler. Relanceando para a garota, que encarava o livro com uma expressão quase faminta, Jihyo sorriu.

— Bem, o que você está esperando?

Jihyo não sabia ao certo há quanto tempo estava sentada na fonte. A mula de Jung
ainda dava voltas, a água estava menos ensaboada e as roupas, muito mais limpas. Mas Jihyo mal notava o que acontecia ao seu redor, já que estava focada
demais na garota sentada ao seu lado. Ela havia passado a manhã e uma parte da tarde tentando ensiná-la a ler. Ela sabia que os anciões da aldeia desaprovavam
garotas que liam, a escola local era aberta apenas para meninos, mas Jihyo nunca concordou com esse modo tacanho de pensar.

A Bela e a Fera (Jeongyeon e Jihyo)(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora