CAPÍTULO 12

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Jihyo decidiu que, enquanto estivesse no castelo, usaria seu tempo de forma produtiva, ajudando na recuperação de Jeongyeon, para começar.

Ajustando seu vestido ao redor das pernas, Jihyo se acomodou na cadeira ao lado da cama de Jeong. Os olhos dela estavam fechados, o que lhe deu a chance de examinar suas feridas. Alguns dias haviam se passado desde o episódio com os lobos e, com tratamento constante, a maioria dos cortes estava começando a sarar. Ainda assim, os maiores e mais profundos permaneciam enfaixados. Eles
levariam mais tempo para fechar e provavelmente deixariam cicatrizes.

Olhando-o fixamente, Jihyo sentiu um ímpeto de tristeza pela criatura. Ela já tinha acumulado tantas cicatrizes invisíveis após crescer sem uma mãe para protegê-la de um pai cruel que parecia injusto que também as tivesse na pele.

Jihyo suspirou. Não ajudaria em nada a Jeongyeon se ela ficasse ali sentada se lamentando. Procurando ao redor por algo que a entretivesse enquanto ela dormia, Jihyo não ficou surpresa ao constatar que não existia quase nada do tipo.

Não havia livros na mesa de cabeceira. A arte estava toda destruída e até mesmo a mobília tinha sinais de desgaste. Parece que vou ter que me entreter sozinha, pensou Jihyo.

Suavemente, ela recitou alguns trechos de uma de suas obras favoritas, Sonho de uma noite de verão.

— O amor pode transpor a forma e a honra. O amor não vê com os olhos, vê com a mente.

Para sua surpresa, a voz profunda de Jeongyeon se juntou à dela e eles terminaram o verso em uníssono:

— Por isso é alado, é cego e tão potente.

Jihyo desviou o olhar, estarrecida. Jeongyeon não estava dormindo. Ela estava olhando para ela com uma expressão divertida em seu rosto peludo.

— Você conhece Shakespeare? — perguntou Jihyo. Percebeu que sua voz estava cheia de descrença e corou de vergonha. Depois do que Momo lhe dissera, ela sabia que Jeong já fora uma menina humana um dia. Uma princesa human . Ainda assim, não conseguiaconceber o fato de que a criatura deitada na cama à sua frente parecia ter mais classe que a maioria dos moradores de sua
aldeia.

Jeongyeon deu de ombros.

— Eu tive uma boa educação — respondeu ela.

Houve um silêncio constrangedor.

— Na verdade, minha peça preferida é Romeu e Julieta — comentou Jihyo.

— Por que isso não me surpreende? — respondeu Jeong, com um toque de riso nos olhos.

— O que quer dizer com isso? — disse Jihyo, fingindo-se de ofendida.

— Todo aquele sofrimento e angústia e… — Jeongyeon estremeceu dramaticamente. — Há tantas coisas melhores para ler.

— Como o quê? — replicou Jihyo, com uma sobrancelha erguida. Ela cruzou os braços, lançando o desafio.

Jeongyeon sorriu. Então começou a se levantar da cama.

— Oh, não, não faça isso! — disse Jihyo, alcançando-a para detê-la.

Mesmo ferida, Jeong era muito mais forte que Jihyo. Ela a afastou e saiu da cama. Então, sem dizer uma palavra, saiu lentamente do quarto. Jihyo não teve escolha senão ir atrás.

Seguiram pelo corredor da ala oeste, viraram várias vezes e subiram uma
pequena escadaria. Jihyo estava empolgada de curiosidade. Jeong não dissera nada nem dera qualquer pista sobre aonde estavam indo. Ela apenas caminhou a passos lentos, parando de vez em quando para recuperar o fôlego.

A Bela e a Fera (Jeongyeon e Jihyo)(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora