CAPÍTULO 15

218 30 6
                                    

Jeongyeon não voltou a descer as escadas. Ela não podia suportar a ideia de ver os rostos ansiosos e esperançosos de sua equipe. Em vez disso, andou até a varanda da ala oeste, sem ousar relancear para a redoma e ver quantas pétalas restavam na rosa encantada. De onde estava, ela observou Jihyo disparando com Philippe, ouviu o ruído do portão do castelo se fechando atrás dela e continuou escutando até o som dos cascos do cavalo desaparecer no silêncio, enquanto ela galopava pela mata. Ainda assim não se moveu. Nem mesmo quando o céu limpo se enublou e o ar se tornou desconfortavelmente frio. Ela permaneceu ali, com o vento aumentando e açoitando seu manto e seus olhos azuis perturbados.

Sua última chance se fora… para sempre. Embora elas tivessem
compartilhado uma noite mágica, de alguma forma ela sabia que Jihyo nunca mais retornaria.

Depois de um tempo, ela voltou ao quarto, desabotoando seu belo manto e deixando que caísse no chão. Por trás, ouviu o som inconfundível do bamboleio
de Nayeon.

— Bem, mestre — disse a empregada, com a voz animada —, posso ter minhas dúvidas, mas tudo está funcionando como um relógio. — Ela riu de seu próprio jogo de palavras. — O verdadeiro amor sempre ganha no fim das contas.

— Eu a deixei ir — disse Jeongyeon, com o tom sóbrio. De que adiantava adiar o inevitável? Era um castelo grande, de fato, mas as notícias se espalhavam rápido.

Era melhor tornar público logo e lidar com as consequências.

A boca de Nayeon se escancarou.

— Você… o quê?

Como se fosse um sinal, Sana e Mina entraram na sala. Momo os seguiu em seu carrinho. Pelas expressões em seus rostos, Jeongyeon podia dizer que elas tinham ouvido tudo.

— Mestre… — disse Sana, com as chamas de suas velas enfraquecendo.

— Como pôde fazer isso?

— Eu não tive escolha — Jeongyeon simplesmente respondeu.

— Mas por quê? — Sana e Nayeon perguntaram em uníssono.

Ambos estavam olhando confusos para Jeongyeon. Aquele comportamento era tão
estranho. Era como se de repente a Jeong tivesse se transformado em uma pessoa diferente.

— Porque ela a ama — Momo respondeu pela Jeongyeon.

Todos se viraram para o bule. Sua voz era suave e sua expressão era triste ao olhar para Jeong. Os ombros dela desabaram, mas ela não negou o que Momo afirmara. Ela estava certa. Ela amava Jihyo.

— Então por que não nos tornamos humanos? — perguntou Sana, ainda
confusa.

Nayeon, infelizmente, não estava mais confuso. Agora estava furioso.

— Porque ela não a ama! — disparou ela. — E agora é tarde demais.

— Mas ela ainda pode voltar… — Tzuyu sugeriu esperançosa.

Jeongyeon balançou a cabeça.

— Não. Eu a libertei. — Ela virou as costas para a criadagem. — Sinto muito não poder fazer o mesmo por todos vocês — disse ela, com toda a sinceridade de cada fibra do seu ser.

Então, saindo para sua varanda, ela olhou para o estábulo vazio. Ver Jihyo guiando Philippe para fora foi a coisa mais difícil que Jeongyeon já havia feito. A dor que ela sentira nos primeiros anos depois que a feiticeira a amaldiçoara pareceu pouco perto do sofrimento de ver Jihyo montando o cavalo para partir. Ela tinha aberto seu coração havia tanto tempo fechado, e qual tinha sido o resultado? Uma ferida mais profunda do que ela era capaz de suportar. Porque ela sabia que a memória de Jihyo, assim como a maldição, ficaria com ela para sempre.

A Bela e a Fera (Jeongyeon e Jihyo)(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora