CAPÍTULO 10

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— Ouçam! Lobos! Devemos estar perto do castelo assombrado!

Sentados atrás da carruagem, Jimin e Daniel se assustaram com o grito de Gong. Os três homens estavam desbravando a floresta por um tempo considerável. O restante da multidão havia desistido, feliz em retornar ao aconchego da taverna assim que

Daniel deixou claro que estava indo para a mata. Embora a floresta não fosse exatamente pitoresca, não chegava nem perto de ser tão assustadora quanto

Gong fez parecer em seu relato frenético.

— Gong, já chega — disse Daniel, virando-se para encarar o velho homem. O trajeto de carruagem havia deixado seus cabelos brancos, naturalmente rebeldes, ainda mais desgrenhados, e seus olhos se moviam incessantes conforme ele olhava ao redor em desespero.

— Temos que voltar - acrescentou Daniel, sem saber se Gong tinha ouvido alguma palavra do que dissera.

Ao que parecia, ele tinha ouvido, porque sacudiu a cabeça com vigor.

— Não! Olhe! — Gong apontou para cima. Seguindo a direção que apontava o velho homem, Daniel viu uma árvore na lateral da estrada. Estava seca, com seus galhos retorcidos em ângulos estranhos e seu tronco liso pela ação do tempo. Durante a jornada, Gong lhes havia contado sobre como encontrara o castelo encantado. Ele mencionou algo sobre uma árvore que parecia um cajado e um caminho escondido… Inclinando a cabeça para o lado, Daniel estreitou os olhos. Era mais ou menos parecida com um cajado, mas definitivamente não havia um caminho atrás dela.

— Esta é a árvore! — exclamou Gong, como se adivinhasse a dúvida de Daniel.

— Tenho certeza. Claro, foi derrubada por um raio naquele dia, mas agora parece ter sido colocada de volta em pé. Magicamente, suponho…Jimin deu um tapinha no ombro de Daniel.

— Você quer mesmo entrar para essa família? — sussurrou ele, revirando os olhos.

Daniel sabia que o homenzinho estava provocando, mas Jimin tinha certa razão. Havia limite para tudo. Ele havia deixado que o velho os guiasse até lá com a única intenção de chantageá-lo a conceder a mão de Jihyo em casamento. Mas, se não conseguissem encontrar Jihyo, qual era o objetivo?

— Estou farto deste seu jogo — disparou Daniel, parando a carruagem. Ele desceu em um salto e colocou as mãos nos quadris.

— Onde está Jihyo?

— Jeongyeon a pegou! — repetiu Gong.

Os olhos de Daniel se estreitaram. Ele estava se esforçando muito para não perder a cabeça, mas o velho homem tornava isso um desafio.

— Não existem coisas como feras, ou xícaras falantes, ou… o que seja. —

Conforme ele falava, sua voz ficava mais alta e suas mãos começaram a abrir e fechar junto ao corpo.

— Mas existem lobos, queimaduras de frio e fome.

Saltando da carruagem, Jimin correu até o amigo.

— Respire fundo, Daniel — ele disse.

— Respire fundo.

Os punhos de Daniel se cerraram e, por um momento, ele parecia prestes a bater em alguém. Mas então respirou profundamente, como Jimin sugerira. E de novo. E mais uma vez, para garantir.

— Então — recomeçou ele ao se acalmar —, por que nós simplesmente não damos meia-volta e voltamos à Manak? Jihyo deve estar em casa, cozinhando um belo jantar…

— Você acha que inventei tudo isso? — perguntou Gong, parecendo alheio ao quão próximo Daniel estava de perder a cabeça. Ele ergueu os olhos para o grande homem, confuso.

— Se não acredita em mim, por que me ofereceu ajuda?

— Porque quero me casar com a sua filha — disse Daniel, sem intenção de continuar escondendo seu plano.

— Agora vamos para casa.

— Eu já disse! Ela não está em casa, ela está com…

A raiva inundou Daniel e ele explodiu.

— Se você disser “jeongyeon” mais uma vez, vou jogar você para ser comido pelos lobos! — gritou ele, perdendo toda a compostura. Daniel foi para cima de Gong com os punhos erguidos.

Jimin viu que o amigo tinha perdido o controle e soube que precisava fazer alguma coisa.

— Pare! — gritou, pensando desesperado no que dizer em seguida.

Daniel puxou Gong e lhe deu um soco forte. O homem desabou no chão, inconsciente.

Você pode acabar apanhando, Jimin finalizou seu pensamento. Ele abriu a boca para tentar acalmar seu amigo mais uma vez, mas já era tarde. Daniel havia sucumbido à raiva e não havia meio de fazê-lo voltar a si. Não agora, pelo menos.

— Se Gong não me dará sua bênção… — começou Daniel enquanto pegava o homem desacordado e o carregava até uma árvore.

— Então está no meu caminho. — Ele pegou uma corda da carruagem e amarrou as mãos do velho homem. Deu um puxão no nó, conferindo se estava mesmo bem preso.

— Assim que os lobos acabarem com ele, Jihyo não terá ninguém para cuidar dela além de mim. —

Com uma risada maligna, Daniel subiu na carruagem. Jimin balançou nervoso o corpo enquanto olhava de um lado para outro, entre Daniel e Gong. Ele entendia que seu amigo estava irritado. Daniel odiava quando as coisas não saíam do seu jeito. Mas deixar o velho homem para
ser comido pelos lobos parecia ser uma punição um pouco severa demais.

— Para de fato esgotarmos nossas opções — ele disse, tenso —, talvez possamos considerar um plano B?

Daniel disparou-lhe um olhar. Jimin engoliu em seco e subiu depressa na carruagem, tentando ignorar o buraco no estômago.

Pelo jeito, prosseguiriam com o plano A.

A Bela e a Fera (Jeongyeon e Jihyo)(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora