CAPÍTULO 7

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Daniel ainda não podia acreditar. Ele havia sido rejeitado. Friamente, categoricamente, completamente rejeitado. Sentado em sua cadeira favorita em seu canto preferido na taverna da aldeia — bem embaixo da parede que exibia
todas as galhadas e troféus que ele havia ganhado —, Daniel não conseguia se livrar da sensação ruim na boca do estômago. Nem mesmo Jimin, sentado ao
seu lado e lhe dizendo o quanto ele era fantástico, dissolvia a tristeza que ele sentia.
— Imagine, Jimin — disse Daniel, dando um grande gole em sua bebida. Ele gesticulou com as mãos.

— Uma cabana rústica. Minha última caçada assando ao fogo. Crianças adoráveis correndo à nossa volta enquanto minha amada massageia meus pés cansados.

— Ooh! O que está assando ao fogo? — perguntou Jimin, sempre um espectador cativo e interessado.

— São os pequenos detalhes que realmente compõem a imagem.

Daniel disparou um olhar para o pequeno homem por ter interrompido seu monólogo.

— E aí, o que Jihyo diz? — perguntou o belo homem, com a imagem já clara o bastante em sua mente.

— “Nunca me casarei com você, Daniel.” — Ele bateu o
copo na mesa em um acesso de raiva.

— Existem outras garotas — ressaltou Jimin. Ele acenou para trás, para um grupo de mulheres. Daniel mal olhou para elas, mas foi o suficiente para causar
risadinhas. Jimin estava certo. Daniel poderia escolher qualquer uma das garotas da aldeia… ou da próxima aldeia. Ou de qualquer aldeia, a propósito. Mas não era esse o ponto. Ele não queria nenhuma daquelas mulheres.

— Um grande caçador não desperdiça seu tempo com coelhos — disse ele.

Suas palavras ecoaram pela taverna, arrancando sorrisos de flerte do rosto das garotas.

Afundado em sua cadeira, Daniel brincava distraído com um pedaço de linha solta da almofada surrada. Jimin tentava animá-lo, mas ele mal prestava
atenção. Os argumentos do parceiro — de que ele era o mais corajoso, mais forte e mais admirado homem da aldeia — estavam batidos. Daniel já ouvira todos antes. E, claro, ele sabia que era tudo verdade. Ele era excepcional. Ele era o herói da aldeia, o melhor caçador que havia; era bom até mesmo com decoração— galhadas davam um toque especial aos cômodos, em sua opinião —, e ninguém duvidava que ele era o maior e mais bonito dos homens.

Mas de que adianta tudo isso ser verdade, pensou Daniel, se Jihyo não reconhece?

Naquele instante, a porta da taverna se abriu. Gong Yoo apareceu na entrada.
Seus olhos estavam ferozes e suas roupas, rasgadas. Ele se segurou no batente quando um acesso de tosse abalou seu corpo.

— Socorro! — disse ele assim que a tosse acalmou. — Alguém me ajude! Temos que ir… Não há tempo a perder…

Enquanto falava, Gong se moveu para dentro da taverna, buscando o calor do fogo que rugia na lareira. Vendo como o homem estava desequilibrado, o
dono da taverna tentou acalmá-lo:

— Ei, ei, ei. Devagar aí, Gong.

Ele balançou a cabeça.

— Ela pegou Jihyo… Trancou-a em uma masmorra!

Daniel se endireitou na cadeira, interessado.

— Quem a pegou? — perguntou o dono da taverna.

— Uma fera! — respondeu . — Uma fera monstruosa e horrível!
Chocados com as palavras do homem, todos no local ficaram em silêncio — por um momento. Então Jugn, oleiro, ergueu sua caneca.

— O que você colocou nesse negócio? — perguntou ele com um sorriso, rompendo o silêncio. O dono da taverna balançou a cabeça.

— Não olhe para mim — retrucou ele. — Ele acabou de chegar aqui.

A Bela e a Fera (Jeongyeon e Jihyo)(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora