CAPÍTULO 13

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Dentro do castelo, Jeongyeon estava tendo pensamentos semelhantes. O tempo corria, e ela não tinha a mais remota ideia se as coisas ficariam bem. Claramente não era o único. Embora ela quisesse se preparar sozinho para aquela noite, uma
plateia havia se formado: uma plateia com muito palpite para dar.

— É hoje, Jeong — disse Momo ao entrar na ala oeste. Jeongyeon
estava no grande banheiro, imerso em uma enorme banheira com água quente e sabão. — É agora ou nunca.

— O relógio está girando — acrescentou Nayeon.

— A rosa só tem mais quatro pétalas — falou Sana. — O que significa que
esta noite… você tem que dizer a ela o que sente.

Jeongyeon suspirou. Ela sabia que sua equipe só estava tentando ajudar. Nada que diziam era uma novidade. Ela sabia que o tempo estava acabando. Ela sabia que
aquela noite era importante. Ela sabia que Jihyo era sua única chance — a única chance do castelo. Ouvir tudo aquilo em voz alta não ajudou a conter sua ansiedade crescente. E ela não se importava em admitir o nervosismo que sentia em relação ao anoitecer que se aproximava. Jeong havia feito um comentário
casual com Jihyo sobre o quão bonito estava o salão depois de todo o trabalho duro e como eles deveriam celebrar com uma dança. Ela nunca imaginara que ela diria “sim”.

Ela sinalizou para que lhe dessem um momento de privacidade e terminou seu banho. Uma cortina havia sido colocada na frente da banheira. Ela se levantou e se sacudiu para secar o corpo. Finalmente, ela falou:

- Ela nunca vai me amar.

— Não desanime — disse Sana para a sombra de Jeongyeon na cortina.

— Ela é a escolhida.

— Não há uma escolhida — retrucou Jeongyeon. Ela puxou a cortina e deu um passo até a luz provida pelas velas de Sana. — Olhe para mim. Ela merece muito mais do que uma besta.

Em sua própria defesa, Sana não se encolheu ao ver Jeongyeon, que naquele momento parecia particularmente engraçado. Seu pelo estava arrepiado em todas
as direções por causa de seus movimentos de secagem, e a toalha que ela tinha prendido ao redor da cintura fazia seus ombros parecerem ainda mais largos e
peludos. Sana limpou a garganta e insistiu:

— Você se importa com ela, não?

Jeong assentiu. Ela se importava com Jihyo, mais do que jamais imaginou que seria possível. Os últimos dias e a viagem deles para o Japão haviam fortalecido os
sentimentos. Mas ela não era tola. Embora pudesse ter começado a gostar dela, e ela tivesse aprendido a estar perto dela sem sentir medo, aquilo não significava que ela a amava. Ela era uma besta, afinal.

Não importava quantos banhos
tomasse, as roupas que vestisse ou se conseguisse tomar sua sopa de colher, aquilo não mudaria — a não ser que ela de fato a amasse como ela era. Mas isso era improvável.

Sana viu a dúvida e o medo nos olhos de seu mestre, mas seguiu em
frente, encorajado pelo aceno.

— Bem, então vou impressioná-la com uma bela música e luz de velas
romântica…

— Sim — acrescentou Mina. — E, quando for o momento certo…

Jeongyeon inclinou a cabeça.

— Como vou saber?

Nayeon, que até aquele ponto estava se mantendo fora da conversa de propósito, limpou a garganta.

— Em minha experiência — disse ela —, você vai se sentir um pouco
nauseada.

Sana lançou um olhar ao relógio, silenciando-a.

— Não se preocupe, Jeong — disse o candelabro, voltando-se para Jeongyeon.

— Você vai se sair bem. O problema até então era que a garota não enxergava seu verdadeiro eu.

— Não — discordou Momo. — O problema era que… ela enxergava.

Imediatamente, o cômodo ficou em silêncio. A tensão pesou no ar conforme a equipe se virou para encarar o bule. Alguns, como Sana, esperavam ver algum sinal de humor nos olhos dela. Outros, como Nayeon, não ficaram surpresos com sua declaração repentina. De qualquer modo, as atenções de todos
finalmente se voltaram para Jeongyeon, que virou o foco de olhos arregalados enquanto Momo prosseguia:

— Por anos, nós insistimos em acreditar que essa maldição o tornaria uma mulher melhor. Mas você continuou sendo irada, egoísta e cruel, e o tempo de todos nós está acabando. E tem mais uma coisa que todos os servos tinham medo demais para lhe dizer.

— O quê? — perguntou Jeong. Ela estava surpresa em descobrir que tinha medo da resposta. Ela iria lhe contar o quanto ela era odiada? O quão miseráveis eles se sentiram e por quanto tempo? Era possível que ela encontrasse uma forma de fazê-lo se sentir ainda pior?

— Nós amamos você — disse Momo.

Jeongyeon quase caiu para trás com o peso daquelas palavras. De todas as coisas que ela imaginava que ela pudesse dizer…

— Até então — continuou Momo —, nós o amávamos a despeito de quem você era. Mas, desde que essa garota chegou, nós o amamos por você
ser quem é. — Ao redor dela, os servos assentiram em concordância. — Então, pare de ser uma covarde e diga a Jihyo como se sente. Se você não fizer isso, prometo que beberá chá frio pelo resto de sua vida.

— No escuro — acrescentou Sana.

— Coberto de pó — emendou Mina.

Em silêncio, a equipe olhou para Jeong e esperou por sua resposta.

Então Jeongyeon sorriu. Discreto no início, o sorriso se espalhou por todo o seu rosto até dominá-la. E não foi a expressão sinistra que ela fez para Jihyo naquele primeiro dia. Era um sorriso caloroso. Um sorriso genuíno. O sorriso de uma fera que não se sentia mais só. O sorriso de uma mulher que enfim tinha esperança.

A Bela e a Fera (Jeongyeon e Jihyo)(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora