CAPÍTULO 5

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O sol havia acabado de nascer no horizonte quando Jihyo saiu para dar a refeição matinal às galinhas. Os pássaros piavam e uma brisa gentil soprava ao longo das colinas. Junto ao belo céu azul sem nuvens, era a imagem perfeita de uma manhã.
Então Jihyo escutou uma bufada familiar. Ela ficou surpresa ao se virar e ver Philippe parado ao lado do portão do cercado. O corpo do animal estava trêmulo e encharcado de suor. O branco de
seus olhos apareceu quando, nervoso, ele começou a bater as patas no chão.

— Philippe — disse Jihyo, apressando-se para abrir o cercado para que o cavalo pudesse beber água. Ela o acariciou gentilmente.

— O que está fazendo aqui? Onde está…? — A mão dela parou no meio do gesto. Então começou a
tremer quando ela viu as tiras rasgadas onde o arreio deveria estar amarrado. Os olhos de Jihyo se arregalaram ainda mais quando ela notou as rédeas
estraçalhadas. Algo havia acontecido com seu pai…algo ruim. Sem parar para pensar no que estava fazendo, Jihyo jogou uma sela sobre o dorso de Philippe, apertou ao redor do animal e colocou novas rédeas sobre sua cabeça. Ela sabia que era pedir demais ao cavalo, mas ele era o único que sabia onde estava Gong Yoo. Ela montou o animal e o guiou adiante.
Jihyo sabia que seu pai fora para a floresta. Disso ela tinha certeza; era a rota que ele sempre pegava. Mas, assim que Philippe deixou o interior familiar da aldeia e galopou floresta adentro, suas esperanças enfraqueceram. Aquela parte da floresta era enorme. Encontrar um homem naquela imensidão parecia quase impossível.

— Rápido, Philippe — disse ela enquanto o cavalo rodeava uma árvore que havia sido partida ao meio. — Leve-me até meu pai.

A mata ficou ainda mais fechada e o céu, mais escuro, mas Philippe mergulhou destemido nas sombras. Jihyo examinou o chão e as laterais do pequeno caminho. De repente, avistou a carroça do pai. Estava no chão,
tombada. As belas caixinhas de música estavam espalhadas, algumas tão quebradas que não tinham conserto, outras um pouco menos danificadas. Mas
não havia sinal de seu pai.
Cutucando Philippe com os calcanhares, ela o apressou. O cavalo galopou adiante, parecendo reconhecer o caminho estreito e sinuoso. Jihyo quis acreditar que aquele era o trajeto que seu pai havia percorrido.
Para seu alívio, um portão surgiu alguns instantes depois. Além das grossas barras de ferro, ela avistou um gigantesco castelo de pedra. Philippe relinchou.

Seu pai tinha que estar ali, em algum lugar. Jihyo podia sentir. Ela desmontou apressada e acariciou Philippe. Sussurrou palavras de encorajamento, levando-o para dentro dos portões, então pediu que ele aguardasse. Ela se moveu para subir os degraus de pedra, mas parou de repente. Jihyo não estava disposta a correr para dentro do estranho castelo sem levar nada com que se defender.

Vasculhando ao redor, ela avistou um galho grosso caído no chão. Ela o pegou e o segurou acima da cabeça, empunhando-o como um porrete. Só então ela subiu
até as portas da frente. Jihyo nem se deu ao trabalho de bater na porta. Se o seu pai estivesse mesmo em algum lugar ali dentro, ela não queria perder tempo para achá-lo. Ela empurrou as portas e se viu em um saguão gigantesco. Algumas velas penduradas nas paredes mal proviam luz suficiente para iluminar o espaço. Endireitando os ombros, Jihyo respirou fundo e adentrou o castelo. Enquanto caminhava até a grande escadaria, seus olhos se acostumaram à escuridão. Ela ouviu sussurros abafados, mas não distinguiu ninguém. Duas
vozes se ergueram e se abaixaram, então ela ouviu uma frase pronunciada tão claramente como o dia:

— Mas e se for ela? Aquela que vai quebrar o feitiço?

— Quem disse isso? — perguntou Jihyo, observando na direção de onde as vozes pareciam vir.

Nada.

— Quem está aí?

Ainda nada. Então, de algum lugar no fundo do castelo, Jihyo ouviu o som inconfundível de
alguém tossindo. Papai. Não importava quem estava sussurrando. Ela só precisava encontrar o pai. Jihyo agarrou um candelabro de uma mesa próxima e subiu a longa escadaria. Quando chegou ao fim das escadas labirínticas, ela se viu em uma torre que, para o seu pavor, era usada como prisão. Havia uma porta de grades de ferro do outro lado da escadaria. As barras eram tão grossas que era impossível ver com clareza através delas, mas ela pôde identificar o formato de
alguém sentado do lado de dentro.

A Bela e a Fera (Jeongyeon e Jihyo)(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora