0.5. Prólogo (das utopias)

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a possíveis leitoras: comecei a escrever esta história há aproximadamente nove meses e finalizei o primeiro rascunho* no dia dois de setembro, dia desta publicação. fiquei tão animada que quis compartilhar de alguma forma e cá estou. ainda há muito o que mexer e mudar e acrescentar, portanto críticas construtivas são sempre bem-vindas.

esta história nasceu do meu desejo feroz de escrever e da tristeza solitária de quem quis tanto ler sobre duas meninas se amando da forma mais pura e completa na adolescência. nasceu de um coração partido também.

*história suscetível a mudanças. estou neste momento trabalhando num segundo rascunho então há possibilidades de uma atualização. deixo no ar.

observação: o nome provisório (o intenso brilho) foi atualizado e  também atualizei (de vez, assim espero) a sinopse.

observação²: obrigada a todas as pessoas que leram e votaram. gostaria de frisar a importância de feedback. me digam o que estão achando, o que esperam, o que gostariam que tivesse aqui. é importante porque me ajuda a melhorar. :)

***

É impossível no mundo 
estarmos juntos  
ainda que do meu lado adormecesses. 
— Adélia Prado

Fevereiro de 2015

O céu estava com o tom de laranja mais bonito que Heidi já tinha visto, com poucas nuvens e algumas tiras de azul e lilás no espaço entre uma nuvem e outra. Era fim de tarde de sábado e ela desenhava enquanto sua irmã se arrumava em seu quarto para fazê-la companhia antes de sair.

Sua irmã mais velha resolveu que passaria o dia com ela como forma de consolo por Heidi ter torcido o tornozelo na aula de balé. Ela provavelmente se sentia mal pelo fato da irmã ter que ficar em casa quando estava prestes a ir à festa de aniversário de sua melhor amiga, mas a verdade era que Heidi não se importava. Logo, os gêmeos chegariam e ela estava animada para vê-los.

Vasti parou de falar sobre os sonhos que teve com o jogador Lionel Messi para começar a fazer fofoca sobre duas meninas que estudavam com ela e por quem nutria profundo ressentimento. Heidi se sentiu angustiada pelas coisas que Vasti falava sobre as outras pessoas. Era como se ninguém fosse bom o bastante para ela.

— Ela escreveu uma cartinha de amor para o Conrado — Vasti riu histericamente de onde estava sentada, relembrando o momento com curioso deleite. — E quem pegou a cartinha e leu na frente de todo mundo?

— Quem? — Heidi ergueu a cabeça de seu desenho, deitada no chão, em cima do tapete felpudo, onde seu caderno de desenho repousava de forma quase exibicionista.

— Como quem? Óbvio que foi a Carol — ela disse, rindo mais um pouco. — Ai, Heidi. Você precisava ter visto a cara da Rebeca. Foi hilário. Até o Conrado achou engraçado, mas depois disse que a Carol não precisava ter feito aquilo. Que idiota.

— Por que a Carol faria uma coisa dessas? — Heidi perguntou, confusa com a humilhação gratuita.

Ela odiaria que fizessem isso com ela. Na verdade, ela tinha certeza que choraria caso acontecesse algo semelhante com ela, mas Vasti jamais permitiria que alguém fizesse qualquer coisa contra Heidi.

Infelizmente, Rebeca não tinha ninguém além de si mesma para se proteger e o fato de ser muito boa nos esportes a tornava um incômodo para Vasti. Rebeca até tentou ser amiga de Vasti no passado, mas a inveja e a competitividade serviram para inflar a rivalidade entre as duas. Nunca daria certo.

— E a idiota da Letícia foi reclamar com a professora — Vasti bufou, desprezando a confusão inicial de Heidi como algo irrelevante. — Quem ela pensa que é? Vaca.

Minha Sina CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora