11. Primeiro frio do ano fui feliz (se não me engano)

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Heidi saía da aula de Ensino Religioso quando avistou Conrado do outro lado do corredor, esperando por ela perto dos armários onde geralmente Melissa a esperava no fim do sexto período. A melodia suave de Mozart, sinalizando o horário de almoço, ecoava pelos alto-falantes espalhados pelos corredores. Assim que a viu, Conrado deslizou o celular para dentro do bolso da calça do uniforme e ajeitou a mochila nas costas.

— Trocou de lugar com a Mel? — Heidi arqueou a sobrancelha, confusa com a presença dele em vez da melhor amiga. Ela tinha certeza que combinaram de almoçar juntas antes de Heidi voltar para Cenourinha.

— Ela tá no refeitório ensaiando algumas falas com a Marcela — ele respondeu, aproximando-se de Heidi com cautela. — Daqui a pouco ela sobe. Eu só queria saber como você tá. Aquele dia que a gente se viu... Fiquei preocupado. Você não parecia bem.

— Foram dias bem ruins esses que tive — concordou com um aceno, abaixando a cabeça por um instante em razão do breve impacto que a realidade teve sobre ela.

— Ainda brigada com a Vasti? — Conrado adivinhou com simpatia, compreendendo pela expressão de tristeza de Heidi que a resposta era positiva. — Quer conversar sobre o que aconteceu?

— Não aconteceu nada — Heidi suspirou, erguendo a cabeça para encarar a figura mais alta que ela, um metro e oitenta de puro charme e benevolência. — Nada além do fato de que a Vasti não aceita enxergar as coisas por uma perspectiva que não seja a do umbigo dela.

— É sobre a Carina? Fiquei sabendo que ela foi desagradável e você não gostou, aí acabaram se desentendendo — ele a observou com cuidado e Heidi sentiu a garganta contrair com a menção do nome.

Distraiu-se por um momento com a lembrança de Carina exigindo que ela fosse honesta sobre sua relação com Conrado, até notar a repentina aproximação e, então, os dedos compridos e ásperos em seu cabelo. Pegou a mão de Heidi com a sua que estava livre e a trouxe para perto de seu peito, os olhos cobertos com a seguinte sugestão:

— Eu sei que brigar com a sua irmã é ruim, mas eu posso tentar te distrair, sabe.

— Conrado... — Heidi se desvencilhou do contato, tentando colocar uma distância segura entre os dois, mas Conrado pareceu não se dar conta. Ela estava prestes a lembrá-lo da conversa que tiveram quando foi surpreendida pela única presença que, de fato, podia distraí-la.

— Perdeu o rumo, Conrado? — Carolina surgiu tão de repente que Heidi piscou e ela estava ao seu lado, a postura relaxada e impositiva fez os pelos da nuca de Heidi arrepiarem. — Você não tem treino de futebol? Vai acabar se atrasando e ser obrigado a fazer cem flexões.

— É futebol, não treinamento militar — Conrado retrucou, irritado com a interrupção da irmã gêmea enquanto Heidi quis beijá-la. Ele olhou para o Apple Watch em seu pulso. — Que eu saiba você nem deveria estar aqui. Você tem aula de Educação Financeira em vinte minutos. Se a mamãe tiver que vir aqui de novo porque você não consegue cumprir horário...

— Dá um tempo, Conrado — Carol revirou os olhos, suspirando como se o assunto a entediasse. — Eu vou chegar no horário, relaxa.

— Você também pegou Finanças como eletiva? — Heidi fez uma careta, a mesma reação de quando Vasti disse que tinha pegado a mesma disciplina no começo do ano.

— Eu quero estudar Economia, Heidi — Carol virou o corpo para ela, ignorando a presença de Conrado com a maior facilidade. Ela sorriu, confiante. — Vou me formar com méritos, você vai ver.

— Eu não sabia dessa mudança — ela perdeu o ar brevemente ao ser surpreendida pelas lembranças do momento que tiveram na capela, ansiando poder beijá-la outra vez. — Você é cheia de surpresas, não é?

Minha Sina CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora