12. Amar é um elo

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Heidi terminava de guardar suas coisas dentro da bolsa enquanto a sala de balé esvaziava gradativamente. Uma de suas colegas fez um gesto com a cabeça para a porta e Heidi virou o pescoço para olhar, sentindo o coração acelerar quando seus olhos pousaram na figura esguia e muito bem-apessoada de Carolina encostada no batente enquanto esperava por Heidi com graciosa paciência.

— Sua guarda-costas veio te buscar, Heidi? — ouviu a voz maliciosa de Leila soar do lado oposto, chamando a atenção das outras meninas.

— Guarda-costas? — Heidi franziu o cenho, confusa e cansada demais para analisar as insinuações de sua colega, que balançou a cabeça sem paciência para elaborar.

— Namorada, guarda-costas... Tanto faz — ela deu de ombros, pegando sua bolsa do chão e saindo de perto com um olhar de quem não tinha tempo para aquilo.

— É a sua namorada? — Luana perguntou em um sussurro, os olhos levemente arregalados com a informação, inflando ainda mais o nervosismo de Heidi.

— Não — ela evitou olhar na direção de Carol e correr o risco de se atrapalhar enquanto tirava as sapatilhas. — É a melhor amiga da minha irmã.

— Ah — Luana murmurou, parecendo ponderar algo em sua mente antes de se decidir: — Faz sentido. Deve ser por isso que ela veio aqui um dia e mandou a Leila parar de pegar no seu pé. Ela foi bem... Incisiva. Nunca vi a Leila tão desconfortável.

— E funcionou porque ela nunca mais disse nada para a Heidi. Uma bela guarda-costas, eu diria — Bruna comentou com um tom que chamou a atenção de Heidi, notando então o olhar de cobiça da outra menina. — Eu sei que ela joga tênis e que tem um irmão gêmeo que é um sonho. Não sei qual dos dois eu queria mais.

— Ai, Bruna... Você não tem jeito — Luana riu das divagações da amiga, balançando a cabeça como se já estivesse acostumada com aqueles comentários.

Heidi precisou de um instante para se recompor, familiarizada com aquele sentimento de extremo desconforto em seu peito. Ela tentou ignorar a sensação de querer dizer com todas as letras que Carol não estava disponível. Que ela jamais ousasse chegar perto de Carolina com segundas intenções. Heidi desejou gritar na cara de Bruna que elas estavam juntas, sentindo-se mesquinha por se deixar corromper pelo ciúmes que a corroía só de imaginar a menina de quem gostava flertando com outra pessoa.

— Tudo bem, eu sei que o meu momento vai chegar — Bruna deu de ombros, alongando-se uma última vez enquanto encarava Carol de forma incisiva.

Heidi olhou para a porta e ficou aliviada quando viu que Carol estava no telefone, longe o bastante para não conseguir ouvir aquela conversa. Heidi estava tão afoita que não se importou de ter que caminhar até o vestiário descalça, apressando-se para pegar sua bolsa e deixar as duas bailarinas para trás com um murmúrio de malgrado em forma de despedida antes que dissesse algo que pudesse verdadeiramente se arrepender depois. Fez um tremendo esforço para não puxar Carol pelo pescoço e beijá-la na frente de todo mundo, convencendo-se de que não estava pronta para as repercussões de uma atitude como aquela — tampouco Carolina Cortez.

Quando chegou perto, ouviu as respostas atravessadas para a pessoa do outro lado da linha e precisou de alguns segundos até descobrir que ela falava com Vasti, que parecia insistir em algo que Carol se recusava. Heidi esperou um momento para anunciar que iria para o vestiário tomar banho, curiosa com o assunto, mas reticente.

Ela se apressou para se livrar daquela roupa e deixar a água levar toda a tensão que sentia nos ombros e o repentino desconforto nos músculos. Heidi terminou de tomar banho e se trocou, vestindo uma blusa cinza com estampa de bolinhas de manga longa, gola redonda, sem nada por baixo e a mesma calça jeans escura com a qual chegou mais cedo.

Minha Sina CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora