Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.
E eu te direi que o nosso tempo é agora.
— Hilda HilstEm busca de distrações, Heidi analisava o catálogo de filmes de uma das inúmeras plataformas de streaming na televisão da sala, enquanto Melissa comia pipoca e dizia sim ou não para as sugestões da amiga. As duas tinham pouquíssimas afinidades quando o assunto era entretenimento, exceto pela obsessão desenfreada pelas séries Law and Order e Scandal.
— Da última vez foi você quem escolheu o filme, então nada mais justo que eu escolha dessa vez — Heidi argumentou quando a amiga fez um muxoxo para a nova comédia romântica da plataforma. — Eu passei pela tortura de ver três horas de filme de super-herói com você.
— Vou ignorar essa afronta — Melissa mastigou a pipoca e bebericou o copo de refrigerante, esparramada do outro lado do sofá. — Pode escolher, mas nada dessas comédias românticas com clichês óbvios.
— Então em sua homenagem vamos ver o segundo filme de Para Todos os Garotos — Heidi finalmente decidiu, mudando de plataforma para colocar o filme. Melissa bufou.
— Em minha homenagem porque a personagem é asiática ou porque eu abomino filmes com clichês adolescentes e a sua intenção é me torturar?
— Os dois — respondeu e, então, acrescentou: — E porque você sabe que eu amo esses clichês óbvios.
— Chato — Melissa murmurou, voltando a deixar o corpo afundar entre as almofadas no sofá. — Mas eu ainda não vi o primeiro. Não vou entender nada.
— Vamos ver o primeiro então — Heidi voltou para o catálogo e escolheu o filme, mas não deu play.
Em vez disso, checou o celular e sentiu um frio na barriga quando viu o horário. A campainha soou por todo o apartamento logo em seguida e Melissa olhou para a amiga por cima do ombro, apoiando-se sobre os cotovelos, com o cenho franzido. Heidi não havia comentado que estava esperando alguém e a amiga sabia que Vasti não precisava tocar a campainha para entrar na própria casa.
— Quem é?
— Esqueci de comentar que eu chamei a Carina para vir aqui hoje — Heidi se colocou de pé, preparando-se para ir até a porta, mas preferiu checar com Melissa antes: — Você se incomoda?
— Se ela for uma cretina, sim — Deu de ombros, apoiando a cabeça no encosto do sofá para ter uma visão melhor da televisão. Heidi encarou aquilo como algo positivo e logo tratou de atender a porta.
— Uau — suspirou assim que a viu, esquecendo-se por um instante as boas maneiras. — Você com roupas casuais... Acho que eu nunca vi você assim.
— Espero que isso seja um elogio — Carina riu e se aproximou, beijando-a no rosto antes de abraçá-la. Heidi fechou os olhos e se deixou envolver pelo cheiro de baunilha que Carina tinha.
— É claro que é um elogio — ela disse quando se afastaram, fechando a porta atrás dela, onde se apoiou para observá-la por um momento. Sentiu vontade de beijá-la, mas não quis se precipitar, então a pegou pela mão e a levou para sala. — O que você acha de comédia romântica?
— Eu gosto — Assentiu de bom grado. Melissa revirou os olhos assim que se aproximaram e Heidi logo tratou de apresentá-las, embora a amiga soubesse quem ela era.
— Você joga tênis com a Vasti, não é? — Melissa perguntou como quem já sabia a resposta e só buscava por confirmação. Carina fez que sim com a cabeça e Melissa também assentiu. — Eu lembro de você.
— Bom, como é a minha vez de escolher um filme, vamos ver Para Todos os Garotos Que Amei — contou, animada, rindo quando Carina fez uma careta. Ela imaginou que a reação foi mais pelo título do que pela ideia do filme em si.
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Minha Sina Carolina
Teen FictionHeidi Marçal tinha tudo o que qualquer garota de sua idade daria um rim para ter. Para Heidi, o mundo visto de sua bolha era um espetáculo. Até se deparar com a dolorosa constatação de que a verdade que a libertaria era a mesma que a arruinaria: a ú...