7. The Love Song of J. Alfred Prufrock

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And indeed there will be time 
To wonder, "Do I dare?" and, "Do I dare?" 

(...) 

Do I dare  
Disturb the universe?  
In a minute there is time 
For decisions and revisions which a minute will reverse. 

— T.S. Eliot


Heidi entregou a prova de História da Arte e saiu da sala o mais rápido que pôde. Ela ficou surpresa quando encontrou a melhor amiga sentada do outro lado do corredor, com fones de ouvido e um livro de biologia no colo, esperando por ela desde que terminou a prova. Heidi pensou nas duas provas que ainda teriam até o fim do dia, suspirando audivelmente antes de se sentar ao lado da amiga.

— Estudou para a prova de inglês? — Melissa perguntou, demorando alguns segundos para tirar os olhos do livro e focar na amiga.

— Um pouco — respondeu com sinceridade, apoiando a cabeça na parede com os olhos fechados. — A primeira parte vai ser oral, depois a parte escrita. Só preciso revisar algumas estruturas para não confundir com o francês. Não vejo a hora de acabar.

— Nem me fale — ela concordou e, então, fechou o livro com mais força do que o necessário, assustando Heidi com o barulho. — Detesto fim de bimestre. É sempre a mesma coisa, a mesma encheção de saco... Falando nisso, faz dias que não vejo a Vasti e só encontro com a Marcela nos ensaios para a nossa próxima peça.

— Eu também quase não vejo ela e olha que moramos juntas — Heidi disse. — Ela tá uma pilha com os simulados, melhor nem chegar perto. E a Carol, você tem visto?

— Quem se importa com ela? — Melissa fez uma careta, revirando os olhos com a pergunta descabida da amiga. — Enfim. Conrado. Como estamos? Quero saber tudo. Vambora, desembucha.

— Não tem o que falar, Mel — Heidi encolheu os ombros, desviando os olhos para o próprio colo. — Tem algumas coisas que eu preciso resolver, sabe? Ainda não sei o que fazer, mas... Ele não é o que eu quero e fica cada vez mais difícil me desvencilhar disso.

— Heidi, do que você tá falando? — Melissa se endireitou, virando-se de corpo inteiro para encarar a amiga com a expressão sóbria e atenta. — Amiga, me diz o que tá acontecendo.

— Eu não consigo falar — Heidi sussurrou com a cabeça baixa, apertando os olhos para não começar a chorar. Ela não sabia como começar a ser honesta e temia as repercussões de sua verdade, mas verbalizou o que pôde: — Mel, acho que eu me apaixonei pela pessoa errada. Eu queria tanto, mas tanto gostar do Conrado. Eu tentei, eu juro que tentei, mas toda vez que ele me beija, eu... Eu só sinto vontade de sumir, de desaparecer.

— Heidi... — Melissa tomou as mãos da amiga, os olhos arregalados com a explosão de sentimentos que Heidi jamais deixou transparecer. — Desde quando você se sente assim?

Heidi balançou a cabeça, resignada.

— Desde sempre.

Melissa assentiu, comprimindo os lábios com a expressão de dolorosa compreensão.

— Você quer que eu fale com ele? Eu posso...

— Não, Mel — Heidi negou veementemente com a cabeça, secando as lágrimas que caíam em cascatas pelo rosto rubro. — Eu vou lidar com isso, não se preocupe. Eu vou... Não sei, acertar as coisas, ou tentar.

Melissa assentiu, o cenho franzido gritava preocupação. Ela abriu a boca para dizer algo, mas a movimentação repentina no corredor fez com que ela desistisse. Heidi suspirou, aliviada com o fim imediato da conversa.

Minha Sina CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora