6. Eis o melhor e o pior de mim

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Demorou alguns dias, mas Heidi finalmente tomou coragem de contar para a mãe que agora elas tinham um gatinho. Ela não ficou surpresa com os gritos e a onda de fúria de sua mãe, mas conseguiu convencê-la de que os gatos eram os melhores bichos para serem criados em apartamento. Eram independentes e asseados. Além disso, precisou repetir que não podia simplesmente deixá-lo na rua, tão pequeno e desamparado.

Zilda levou alguns dias para digerir a afronta de Heidi e avisou que não queria saber do gato em seu sofá. Heidi concordou, mas sabia que gatos ficavam onde queriam. Eles tinham vontades próprias e seu filhote não era diferente. A prova disso foi quando o flagrou dormindo em todos os lugares que conseguia se encaixar. Ele era pequeno e cabia perfeitamente entre o ombro e o pescoço de Heidi. Era assim que dormiam quase todas as noites.

— Conseguiu achar ele? — Heidi perguntou assim que Conrado fechou a porta do quarto.

Ela achava graça quando ele se dava o trabalho de entreter Cenourinha, perseguindo-o por todos os cantos até o filhote cansar da brincadeira. Heidi pensava no nome de seu gato e sorria, lembrando-se de como ficou indignada quando ouviu Carol chamá-lo de Cenoura por diversas vezes, até o momento que precisou admitir que era um nome engraçado e, de certa forma, certeiro.

— Ele se escondeu atrás da cortina.

Conrado deitou na cama e Heidi voltou a escrever na apostila de matemática, nervosa com o fato de estarem a sós.

— Minha mãe me mata se ele estragar mais uma cortina — ele riu e então avançou na direção de Heidi, fazendo-a se virar na cama.

— Então é melhor a gente aproveitar antes que isso aconteça.

Ele cobriu os lábios de Heidi com os dele, beijando-a desajeitadamente enquanto pressionava o corpo contra o dela. Ela fechou os olhos por um momento e deixou que ele a beijasse, tentando buscar em algum lugar o carinho e o amor que sentia por ele.

Conrado era sempre tão gentil e cuidadoso que Heidi conseguia se desconectar quando estavam assim, como se não estivesse de fato presente, até senti-lo ficar impaciente e ousado nos toques. Os beijos ficavam mais lânguidos e as mãos começavam a escorregar por debaixo da blusa.

— Conrado, não — ela tentou afastá-lo e sentiu um medo paralisante quando ele ofereceu certa resistência. — Conrado...

— Ok, eu vou ficar com as mãos quietinhas — ele colocou as mãos em cada lado da cama, como um gesto de boa fé, e voltou a beijá-la, mas Heidi precisa respirar longe dele.

— Tarde demais — ela disse, esquivando-se dos beijos até conseguir sair debaixo dele. — Daqui a pouco a minha mãe chega e ela não vai gostar de ver a gente enfiado no quarto.

Era uma mentira, mas Heidi esperava que Conrado não a contestasse. Zilda sabia que Vasti tinha uma vida sexual ativa e tentava conversar com Heidi sobre sexo seguro, mas ela sempre se esquivava do assunto. Ela não estava pronta e toda vez que era atingida com a ideia de tocar num órgão masculino sentia uma mistura de pavor com repulsa. Ela não estava pronta, talvez nunca estivesse.

Heidi abriu a porta do quarto e quase tropeçou em Cenourinha, deitado no meio da porta, esperando por ela. Com o coração mais leve, abaixou-se com murmúrios de carinho e adoração para pegá-lo no colo.

— Por favor, me diz que você não estragou a cortina.

Cenourinha miou para ela e Heidi deu um beijinho em seu focinho. Conrado suspirou, levantando-se da cama para segui-la até a sala com ar de derrota.

— Só beijos então.

Heidi apertou o gato contra seu peito, protegendo-se das possibilidades.

***

Minha Sina CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora