Guarda-Costas do Embaixador

PARTE 06

James preparou um simples, mas delicioso café da manhã. Torradas, ovos mexidos com queijo e suco de laranja. O carinho com que tudo foi preparado deixou o sabor ainda melhor. Parecíamos dois adolescentes, sem conseguir tirar a mão um do outro. Aproveitando cada minuto de nossa liberdade. É tão bom poder beijá-lo ou lhe fazer uma carícia, simplesmente porque tenho vontade. Cada gesto é recíproco, nos sentimos seguros na companhia um do outro.

- Quais são os planos para hoje? – Tomei um gole de suco, apanhando mais uma torrada.

Toda agitação da noite passada me deixou faminta. Ele se aproximou, tocando suavemente minha nuca com a ponta dos dedos. Meu cabelo ainda está molhado, tomamos banho juntos pela manhã.

- Quero levá-la a um passeio especial, tenho certeza que irá gostar. – Falou misterioso.

- Não vai me dar nenhuma dica?

- Nada! – Ele riu.

O som da risada de James ganhou outro significado para mim. Saltando da banqueta, me aproximei, passando os meus braços em volta do pescoço dele. Senti suas palmas percorrendo minhas costas. Ele tão bonito, na verdade, James é lindo. Com ponta dos dedos, percorri o entorno dos olhos azuis, descendo até ponta do nariz, chegando aos lábios e os delineando. Transformando os sentimentos em gestos abri um sorriso, eles são melhores que palavras.

- Adoro o seu sorriso, nunca esqueço a primeira vez que sorriu para mim. Naquele evento, me dando forças. – Ele me beijou suavemente. – Sam, você não imagina o quanto estou feliz hoje.

- Na mesma medida que eu, espero. – O beijei.

Saímos em seguida, ele ainda fazendo mistério sobre o nosso destino. Não me deixou dirigir, mas pediu que eu usasse roupa confortável. Seguindo o meu protocolo, liguei o GPS do meu celular, caso algo ocorra à equipe poderá nos localizar. Além de levar minha pistola. James seguiu rumo ao campo, onde no passado a nobreza costuma fazer suas caminhadas e caçadas ao final do outono. Soando do rádio do carro uma melodia animada, arriscando parecer tola segui a letra. Cantando junto, deixando alegria contagiar os meus sentidos.

- Por todos os Deuses! – Ele fitou-me surpreso. – Você tem uma voz linda, soa com tanta suavidade e doçura. Sam, que outros talentos têm guardados?

- Não diria que cantar é um talento, mais como um hobbie. – Ri. – Quando se está em missão por muitos dias afastada no mar ou terra, nós soldados temos que criar distrações. Cantar é a minha, pode parecer bobo, mas adoro karaokês e microfones abertos nos bares. Fiz algumas aulas, na adolescência.

- Eu quero ir a um desses com você, assisti-la deve ser mágico. – Ele abaixou o volume da música. – Cante minha dama, quero ouvir sua bela voz.

James e sua prosa de romances antigos, como recusar um pedido tão cheio de beleza.

Chegamos ao destino do dia, ele planejou uma caminhada por uma trilha histórica que leva ao lago que corta a parte baixa da região. Trouxemos água e alguns petiscos, o trecho não é longo, mas sempre é bom carregar provisões. O clima está ótimo para uma se fazer uma trilha, temperatura amena e céu limpo. James tomou a liderança, não quis discutir ou dar muitos palpites. Na maior parte do tempo é ele quem me segue. Apesar de não ser do tipo que deixa a masculinidade se fragilizar com a minha posição, vou deixa-lo exercer a parte que considera ser sua. Para mulheres como eu, que cresceu, formou e vive em um ambiente predominante masculino, saber o momento de se impor ou deixar a situação fluir é importante. Buscar uma convivência harmoniosa e com respeito mútuo deveria a base para qualquer relação entre homens e mulheres. Mas infelizmente é raro conseguir esse equilíbrio, nenhum dos lados quer parecer fraco ou dominado, principalmente para os homens criados sob a luz da masculinidade tóxica.