PARTE 07

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Não é minha noite folga, com isso enterrei a minha cabeça no trabalho. Thony enviou o relatório da busca que fizeram na casa do suspeito, em Manchester. Nada de grave foi encontrado, apenas um pouco de drogas e muita sujeira. As fotos anexadas ao arquivo dão nojo. Como alguém pode viver em meio tanta imundice. Restos de comida sobre a mesa, papéis encardidos pela cama e muito lixo acumulado. No interrogatório ele não disse nada de relevante, confessou o roubo do veículo, mas não admitiu ter vindo para Londres com ele. O que criou uma lacuna.

- Olá, interrompo algo. – Disse cautelosa.

- Não, apesar de passar da meia noite. – Falou Thony ao atender. – Como posso ajudar Robbins?

Ele tem razão, está tarde, mas não consigo dormir.

- Como o carro veio parar em Londres e rondando esta casa?

Os arquivos espalhados sobre a cama, eu vestindo apenas um roupão.

- Ele disse que não sabe, após roubar o carro circulou por Manchester e depois o abandonou na estrada. – Respondeu.

- Essa informação não está no relatório, o que mais foi ocultado?

Voltei a apanhar os papéis.

- Ouça você não deveria tê-los, foi uma cortesia. Nem toda informação pode ser compartilhada. – Ele tentou soar suave.

- Na próxima, me inclua nela como parte, a pista foi minha. – Não gosto de ficar no escuro.

O ouvi bufar do outro lado da linha.

- Deixe de ser babá do playboy e se torne uma agente. – Senti notas grosseiras no tom dele. – Assim terá a informação que quiser Robbins.

- Boa noite, Thony! – Desliguei.

Acho que passei dos limites, é melhor tentar dormir.

Estamos Liverpool o embaixador irá cuidar das negociações entre o país e empresários estrangeiros. Apenas eu, ele e Dorian no elevador. O assessor palhaço não fica mais sozinho comigo, desde o ocorrido. Eu pedi a superintendente permissão, para fazer uma investigação sobre ele. Treze andares, o silêncio chega a ser palpável. Ele tem evitado me olhar diretamente e fazer qualquer tipo de interação que não seja profissional. Mas hoje, flagrei seu olhar pelo espelho do elevador. Estava cheio de receio e vergonha, mas ao mesmo tempo carinhoso. Toda aquela confusão não me deixa menos sentida, eu gosto dele. Mas tenho que ser firme, manter tudo como está. No momento somos apenas a guarda-costas e o embaixador. Erramos ao ter cruzado essa linha, nosso envolvimento foi breve, mas intenso. É difícil se desapegar de algo que faz bem e estamos acostumados. Noite passada, o procurei na cama ao despertar no meio da madrugada. Cultivar um sentimento por alguém, e assisti-lo partir em direção a outro coração é dolorido. Por mais que esteja doendo, saber a hora de se afastar é uma virtude. Longe, ferida e triste, mas com a minha verdade intacta. Nada e ninguém, principalmente um homem, devem ser motivo para que deixemos nossa dignidade de lado. Implorar por migalhas de sentimentos deles, apenas lhes dá o controle sobre os nossos. Os meus sentimentos me pertencem, eles nasceram do melhor de mim. Se não são o suficiente para James ou qualquer outro, nada posso fazer. As portas do elevador se abriram, Dorian saiu primeiro. James continuou me olhando por alguns instantes.

Meu irmão ficou chocado ao descobrir que nosso pai finalmente assumiu um namoro, após o casamento desastroso com minha mãe, este é o primeiro relacionamento que e o almirante assume para toda a família.

- O almirante está preocupado com você. – Disse ele. – Não falou o motivo, mas não a quer trabalho para o tal embaixador.

Conversávamos pelo telefone.

Guarda-Costas do EmbaixadorOnde histórias criam vida. Descubra agora