FORCED | b.e (hiatus)

two

Um inferno. É assim que eu descrevo minha mente agora. O dia do lado de for já estava amanhecendo e eu simplesmente não consegui pregar os olhos por meia hora essa noite, e pelo o que me foi dito ontem, hoje é o dia de eu escolher meu vestido de noiva.

Sim, meu segundo dia de sequestro vai ser escolhendo vestido de frufru pra me casar com uma psicótica retardada. Preferia ter sido sequestrada igual nas fanfics que eu lia quando mais nova, pelo menos levava um tiro na cara e ja era.

Assim que percebi que o céu ja havia clareado, decidi me levantar e tomar um banho pra tentar acordar um pouco, ja que, bem provavelmente, daqui uma ou duas horas ela vem me buscar pra escolher a merda do vestido. Eu não entendo, realmente, se eu ja to sendo forçada a casar, por que não escolhe a porra do vestido pra mim também?

Entrei na ducha quase gelada e me segurei pra não soltar um gemido de desgosto pela temperatura da água. Desde criança sempre gostei de tomar banhos quentes, quase queimando a pele, independente da estação do ano em que estivesse. Mas, pra acordar, banho quente não ajuda.

Assim que terminei, me enrolei numa toalha e saí do banheiro assim. Fui até o closet do quarto e observei as roupas que ela havia comprado pra mim, me impressionando o tanto que ela era metódica. Até meus gostos de roupa ela conhecia.

Coloquei uma calça skinny preta rasgada e um moletom estilo cropped, junto com um vans da cor da calça. Arrumei meu cabelo em um coque e fui até a cama, me sentando ali e cruzando meus braços, tentando achar uma forma de me entreter até dar a hora de ir na bendita loja de noivas.

Não demorou muito e eu ouvi a porta ser destrancada, e vi ela passar por ali. Eu a encarei com o canto dos olhos, mas não me movi da minha posição.

- Que bom que já está pronta, pensei que ainda teria que te acordar - ela disse sorridente e eu revirei os olhos, me levantando em seguida.

- Vamos logo com isso - murmurei com raiva e fui até ela, ainda de braços cruzados. Ela me encarou de cima abaixo e me mandou um sorriso. Até o sorriso dessa garota me estressa agora - E então?

- Vamos tomar café da manhã antes - ela sorriu, dando um passo pra trás e espichando o braço direito, dando passagem pra eu passar.

- Eu não estou com fome - falei simples, ja descendo as intermináveis e exageradas escadas daquela casa.

- Mas não vai fazer desfeita, não é? - ela arqueou uma sobrancelha, sugestiva, enquanto parava ao meu lado - Sua sogra fez o teu favorito.

- Minha o que? - eu parei no meio da escada, a encarando indignada e ela deu de ombros.

- Minha mãe está aqui pra te auxiliar com os preparativos e com o casamento. Chegou de madrugada - ela sorriu - E ela vai com você na loja de noivas.

- Sua mãe sabe que você é maluca? - eu perguntei voltando a descer as escadas, novamente com os braços cruzados.

- Se você está perguntando se ela sabe que eu to te forçando a casar comigo, não - ela sorriu e eu parei de novo, dessa vez ja no térreo, a encarando indignada.

- Você ta de brincadeira comigo, né? - perguntei numa grande expectativa que pelo menos isso fosse mentira - E você espera o que? Que eu finja estar super confortável e a vontade em ser sua noiva?

- Eu não só espero, como sei que você vai fazer - ela cruzou os braços, sorrindo sacana - Ou você sabe das consequências.

Eu estreitei meus olhos e ela voltou a andar, filha da puta. Acompanhei ela durante todo o resto do caminho até a grande cozinha da sua casa, logo vendo uma mulher de meia idade, sorridente e preparando panquecas veganas com uma calda de cacau 50% e leite de coco, com pedaços de nibis de cacau. Sim, é meu favorito. Bem específico, mas eu gosto.