CRYSTAL KLEIN
- FODA-SE JOE, EU QUERO ESSA PORRA DO TEU IRMÃO A SETE PALMOS DO CHÃO CARALHO! - eu ouvia os berros da Billie no andar debaixo, mesmo estando na cama ainda, sem nem ter me movido depois do acontecido. - VOCÊ TEM QUE AGRADECER DE EU NÃO CANCELAR NOSSA SOCIEDADE PORRA! VOCÊ NUNCA DEVERIA TER DEIXADO ESSE FILHO DA PUTA ENTRAR NA MINHA CASA!
Depois desse último berro não ouvi mais nada vindo do andar debaixo. Continuei na mesma posição, sentindo meus olhos pesados pelo tanto que chorei e evitando me mexer pela dor que eu sentia na minha parte debaixo. Eu só queria cavar um buraco e eu mesma me enterrar nele. Eu simplesmente não podia acreditar o que tinha acontecido nessa casa hoje.
Ouvi som de alguém batendo na porta e me virei em direção a ela, vendo a Billie me encarando com um olhar extremamente culpado ali. Eu engoli em seco e voltei a me virar, fechando os olhos e tentando não chorar enquanto sentia meu peito afundar dentro de mim.
- Eu vim aqui pra te levar tomar um banho - ela disse baixinho e eu senti ela se aproximar da cama. Me encolhi mais na posição que eu estava e senti a cama afundar ao meu lado.
- Só me deixa sozinha - eu murmurei com a voz rouca pelo choro preso na garganta.
- Eu só quero... - senti ela tocar meu cabelo e pulei de susto, sem conseguir evitar me encolher mais na posição - Te ajudar. - murmurou com a voz mais fraca e eu suspirei, me dando por vencida e com dificuldade começando a me sentar, tentando ignorar a dor que eu sentia e o motivo de senti-la.
- Tudo bem - sequei meu rosto, evitando olha-la nos olhos. - Eu queria dormir em outro quarto, se não tiver problema pra você.
- Não, tudo bem. - ela falou e eu a encarei pelo canto dos olhos, vendo ela brincar com as mãos. - Eu providencio isso pra você. Agora vai pro banho. - ela suspirou ainda sem me encarar e eu assenti.
Respirei fundo, sentindo meu corpo inteiro se arrepiar assim que meus pés tocaram o assoalho gelado embaixo deles. Me levantei e com dificuldade comecei a andar até o banheiro, sentindo meu corpo inteiro doer, principalmente onde tudo aconteceu. Meus pés vacilaram e eu quase caí, mas senti a Billie prontamente me segurar pra isso acontecer.
- Obrigada - murmurei firmando meus pés no chão novamente - Agora eu posso ir sozinha.
- Me deixa te ajudar - ela praticamente implorou.
- Não preciso de ajuda - tentei me manter forte e comecei a andar novamente até o banheiro. Assim que cheguei lá, fechei a porta sem encarar Billie atrás da mesma.
Tirei delicadamente minhas roupas, percebendo o sangue no meu shorts e sentindo o choro querer sair de novo, mas me segurei pra fazer isso só no banho. Tirei o resto das roupas e entrei no box, ligando o chuveiro e ja sentindo a água inicialmente fria começar a ficar quente poucos segundos depois.
Assim que eu mergulhei embaixo da água, meu choro saiu sem minha permissão. Eu me sentia mal. Me sentia suja. Se eu pudesse, com certeza trocaria de corpo pra esquecer tudo isso que aconteceu comigo.
Tudo doía, tudo latejava. Eu usava a esponja de banho com tanta força que eu sentia que a qualquer momento minha pele sairia junto com ela. Meu choro começou a se tornar mais alto, junto ao meu desespero. Eu só queria sumir dali. Queria trocar minha pele, minha identidade e se possível, tudo que dizia respeito a mim. Eu me sentia muito além de violada. Parece que, com o que aconteceu, uma parte gigantesca de mim morreu junto. Eu estava perdida.
Ouvi a porta do banheiro abrir e não me importei em parar de esfregar todo meu corpo enquanto sentia minha pele arder junto com a dor. Ouvi o box ser aberto e senti as mãos da Billie nas minhas, me forçando a parar. Eu encarei meus braços ja totalmente esfolados e encarei a Billie que me olhava com pena. Meu choro se intensificou e ela entrou no box junto comigo e me abraçou, não se importando com a água encharcando sua roupa.
Eu me agarrei nela com tanta força que ela precisou se firmar ainda mais no chão pra não cair junto comigo. Eu não me importei com o fato de estar pelada na frente dela. Não me importei porque vi que seu olhar não era malicioso. Vi que ela se importou comigo.
(...)
- Vai ficar bem sozinha? - Billie me perguntou de novo, sentada em minha frente na cama do quarto arrumado pra mim essa noite. Eu engoli em seco, encarando seu rosto e pensando se deveria mesmo fazer isso.
- Você... Pode dormir comigo? - eu pedi encarando minhas mãos.
- Posso - a encarei e ela me olhava surpresa. Ela fechou a porta e andou até a cama, tirando os sapatos, casaco e calça, ficando apenas com a camisa larga que vestia e uma calcinha. Ela veio até meu lado esquerdo da cama e levantou a coberta, se sentando ao meu lado e se cobrindo. Ficamos algum tempo em silêncio, apenas olhando pras paredes manchadas com a cor amarelada que saia dos abajures ao lado da cama, até que senti sua mão apertar a minha e a encarei. Pra minha surpresa seus olhos estavam repletos de lágrimas, e eu podia ver a dor que ela sentia por eles - Eu sinto muito, Crystal - ela murmurou com a voz trêmula - Eu sei que a culpa foi minha, e eu sei que provavelmente você deve me odiar ainda mais do que antes. Eu sinto muito. De verdade - ela murmurou, deixando algumas das suas lágrimas caírem - Eu jamais vou me perdoar por ter deixado isso acontecer com você.
- A culpa não foi sua - eu dei um sorriso reconfortante pra ela - Você não sabia. Não tinha como saber. E eu sei que se soubesse jamais teria deixado isso acontecer. - acariciei seu rosto com a minha mão livre, aproveitando pra secar suas lágrimas enquanto ela fechava os olhos com meu toque. Nesse exato momento eu senti meu estômago revirar, mas não era uma sensação de enjôo, e sim diferente. Eu senti meu coração palpitar dentro de mim e uma necessidade gigantesca de abraçar ela se apossou de mim, e assim eu fiz. Eu a puxei pro meu colo enquanto ouvia ela chorar e fiquei acariciando seu cabelo, não sabendo o porque dessa vontade ou o porque de sentir tamanha necessidade de ver ela bem, mesmo eu estando destruída. - A culpa não foi sua, ok? Não repete isso de novo - me inclinei, beijando seus cabelos enquanto ouvia ela soluçar e meu peito apertava a cada lágrima que caia de seus olhos.
E foi aí que a realidade me atingiu, mas eu me recusei a aceitar. Eu não posso estar me apaixonando por ela.
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Achei esse cap fofo, turo bom.
Só pra recompensar um pouquinho vocês do último cap que com certeza fez muita gente sentir ódio de mim rsrststrsrsrsrs
É isto mores, até semana que vem.
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FORCED | b.e (hiatus)
Fanfiction"- Por que você ta fazendo isso comigo? Por que ta me forçando a casar com você? - perguntei indignada, ja sentindo o bolo de choro se formar em minha garganta. Ela andou em passos lentos até mim, e quando chegou em minha frente, tirou uma das mãos...