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Como todos os dias, Law levantou cansado. Os olhos pesavam pelo sono insuficiente, mas isso também já fazia parte da rotina. A luz matinal entrando pela escotilha do quarto não ajudava muito no processo de acordar.

Seus pés tocaram o chão metálico, apoiando os cotovelos nas coxas, se preparando para mais um dia enfrentando o mundo.

Demorou mais meia hora para finalmente se levantar e trocar de roupa. Até pensou em escovar os dentes, mas tinha feito isso no dia anterior então não tinha empenho suficiente para tal. Conseguir tomar o café preto que Penguin deixava em sua cômoda já era esforço demais.

O céu imaculado, o mar azul, o dia perfeito, e Law trancafiado no laboratório. Como se ele se importasse com qualquer coisa que não fosse pensar desnecessariamente. As vinganças e cirurgias ainda conseguiam dar um pingo de propósito na sua existência, mas ele também se perguntava até quando se contentaria com elas.

As horas passaram e ele continuou em seu refúgio, dissecando corpos roubados na madrugada. A tripulação deveria estar aproveitando a cidade, ficariam mais alguns dias até os logs assimilarem a rota. O capitão por outro lado preferia ficar sozinho.
Admitia que estava fugindo de algo, mas quem poderia o julgar nesse mundo? Pessoas sempre irão correr assustadas de algo, concebia como um instinto natural da humanidade. Sabia exatamente o que amedrontava-o, também sabia que não fazia diferença.

Talvez em algum ponto essas coisas tivessem parado de ser importantes.

A barriga roncou e Law percebeu que o relógio batia duas da tarde. Não se assustava mais de passar horas sem lembrar que era um ser vivo, sejam dias sem dormir ou semanas alimentadas com cafeína e bolinhos de arroz. Admitia que apenas continuava respirando pela preocupação da sua tripulação, o cuidado dos nakamas sobressaindo seu lado autodestrutivo.

Estava a caminho do a cozinha quando o Den Den mushi na cabine de controle tocou. Topou com o dedinho em um dos rebites no chão, puto consigo mesmo por não ter colocado um chinelo de manhã, pegando o caracol com mais força que o necessário. A voz de Bepo soou do outro lado da linha.

— Capitão!

O tom animado do urso arrancou um singelo sorriso de Law.

— Oe, Bepo! — respondeu a altura, já imaginando a torrente de perguntas e pedidos do navegador, acompanhado dos sussurros da tripulação ao fundo. Naquele momento lembrou-se de algo importante, perguntando antes que esquecesse — Ikkaku está com vocês? Eu preciso da ajuda dela…

Sanji nunca tinha entrado em um submarino na vida. Era uma nova experiência e ainda por cima, acompanhada de uma bela moça de cachos morenos. Observava como aquele macacão branco caía bem em suas curvas, destacando sua beleza entre o brilho metálico do navio.

Duas ampolas foram retiradas de um refrigerador. Depois as mãos enluvadas abriram os materiais descartáveis, terminando a preparação das injeções.

— Vire de costas.

— Hã?

O cozinheiro olhava estranhado para a princesa a sua frente. Não queria perder a visão majestosa das sobrancelhas grossas, muito menos ficar em alguma posição vulnerável. Por fim, falou em um fiapo de voz:

— Pode me explicar melhor por favor?

A garota apenas bufou, revirando os olhos. Levantou a seringa fula da cara passando reto em direção ao biombo azul no canto da sala. Bateu a estrutura metálica no chão, olhando com sadismo para o loiro.

— São duas injeções de Benzetacil em cada banda da bunda… Isso se não quiser levar em outro lugar, é claro.

Ele engoliu a seco se dirigindo para o local da tortura. A sua vontade era despir a parte da frente, não a de trás. Sua bundinha era propriedade única e exclusiva dele e nenhuma mulher, nem a mais maravilhosa que fosse, tinha o direito de olhá-la tão desprotegida. Uma mistura de vergonha e temor transbordava do loiro. E se ela quisesse outro tipo de furo?

Vômito na nucaOnde histórias criam vida. Descubra agora