Welcome to the Black Parade

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— Oe Sanji!

A voz de Chopper reverbera nas paredes de metal do refeitório do Polar Tang. Usopp também estava presente, remexendo em um amontoado de fios junto com outro tripulante de macacão.

A alma de cozinheiro dentro de Sanji aqueceu, transbordando felicidade quando viu a comida espalhada pelas mesas de aço e seu amigo de curta data carregando garrafas térmicas. Logo seguiu o outro chef, pronto a engatar qualquer conversa que fosse.

Naquela cozinha industrial, Penguin atacava o loiro com perguntas sobre as nakamas, completamente apaixonado com a beleza ruiva da sua navegadora. Do outro lado, seu mais novo amigo defendia a integridade das belas damas, puto pelo comportamento mulherengo do companheiro. Ao centro Sanji apenas ria, concordando internamente com ambas as declarações.

— Mas veja bem, aquela Robin por exemplo — começou Penguin novamente, uma lata de cerveja na mão — Ela é tão misteriosa, não tem como não se envolver.

— Você só fala isso porque só se atrai por mulher que pode te espancar.

Jean Bart apareceu na cozinha com um homem mascarado ao seu lado. A atmosfera agora era pura bagunça, risadas para todos os cantos, direcionadas de forma especial para a cara de tacho do pirata de chapéu de bichinho. O motivo da piada parecia discordar da acusação; por deus, era crime agora gostar de garotas fortes?

Uma discussão acalorada se iniciou, mas o mugiwara não estava muito presente. Com seus ouvidos treinados pelos anos de Luffy, captou ao fundo alguém roubando a geladeira. Prezando a discrição, moveu gentilmente a cabeça na direção do local do furto, porém não foi rápido o suficiente para pegar o ladrão de comida, apenas teve um leve vislumbre de um macacão preto.

A curiosidade latejou dentro de Sanji que logo se levantou da rodinha com uma desculpa esfarrapada. Não podia ser o motivo do seu roer de unhas aparecendo bem quando mais ansiava por um babado do forte.

Passou pelos corredores industriais abismado sobre como todos pareciam iguais. Puta merda, não podia dar uma de Zoro e se perder na desgraça de um submarino minúsculo. Com ódio no coração abria cada porta daquele lugar, atitude que durou até encontrar dois tripulantes se agarrando em um banheiro. Contudo, como se fosse uma luz no fim do túnel, uma melodia soou vinda de uma porta corta fogo.

Desceu o lance de escadas que desembocava da porta da esperança, tratando de seguir aquela música que cada vez mais se tornava familiar. O som das guitarras e o refrão marcado o transportando para sua infância.

A voz que surgiu acompanhando a música, mesmo que de forma baixa, o fez lembrar de quando Reiju descobriu uma banda qualquer que tinha estourado no North Blue quase treze anos atrás. Não imaginava que alguém além da sua irmã macabra escutava aquele tipo de sinfonia emo.

Bom, a não ser o príncipe das trevas que estava assentado entre braços em um tapete de sangue.

Parado na soleira da porta, Sanji observava seu objeto de estudo sussurrar músicas adolescentes enquanto abria o pulso de um ser a muito morto. A mesa de centro ao seu lado apoiava uma garrafa térmica e um fichário abarrotado de desenhos de anatomia. As luvas de silicone e a máscara azul estavam respingada de sangue. O cheiro análogo aos abatedouros que o cozinheiro tinha visitado na infância.

— Ei…

Finalmente juntou coragem mas tudo o que pode proferir foi um fiapo de voz. Acendeu um cigarro mesmo sem a autorização do doutor, não que estivesse no melhor dos estados. Tentava a todo custo dizer que o que revirava seu estômago era os corpos, não o estado lastimável que o outro se encontrava.

Tentava com todas as suas forças não focar nos rastros de lágrimas secas manchando o rosto sujo de vermelho.
Quando os olhos emoldurados por um belo par de olheiras o reconheceram sabia que nada estava bem, tudo o que menos esperou foi o singelo sorriso que Law lhe ofereceu.

Vômito na nucaOnde histórias criam vida. Descubra agora