Pinheirense

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— Não.

O pé de Sanji voou no caixilho, impedindo Law de fechar a porta.

— Por que não?

— Porque eu não estou com vontade.

— E isso é um raio de resposta?

— Caguei, eu não vou fazer isso.

Com uma bela bicuda, o loiro abriu a porta. Sorte que Trafalgar já tinha saído do caminho, ou quem sabe quantas fraturas expostas ele teria na manhã seguinte. Enquanto se arrependia pela milésima vez de ter feito aquela aliança só naquele mês, Sanji fervilhava de ódio.

Impossível. Ele não tinha feito uma pergunta completamente comprometedora apenas para ser zoado pelo mesmo ser humano que a poucas horas chorava pelo término de um namoro gay. Iria sair dali com suas respostas nem que picotasse o cirurgião da mesma forma que fazia com suas cebolas. E Chopper odiava cebolas.

— Você vai me explicar. — o fogo no olhar azul tinha o objetivo claro de quebrar toda a pose de bandido do outro.

Com um suspiro, decidiu jogar a suprema. Não era como se Law estivesse com seu sono em dia, muito menos saco para aguentar picuinha por muito tempo.

— Eu não vou ser corresponsável por você destruindo sua vida.

Se virou de costa, indo calmamente em direção a sua cama. Só queria ficar sozinho um pouco. Dormir de verdade depois de dias de festa, drogas ilícitas e um belo pau no cu que era seu ex.

Ex.

Finalmente estava livre de qualquer idiotice daquele tipo. Sem falsos carinhos, ou promessas vazias, nem as reconciliações dolorosas. Depois de tantos anos finalmente podia ser e fazer o que quisesse; não era burro de entregar isso de bandeja.

Independente se era só uma possibilidade, homens não chegariam perto dele de novo. O slogan "morte ao pênis" nunca tinha feito tanto sentido como agora na vida de Law. Conversas viravam amizades, que viravam quedas, que viraram namoros, que viraram na cena dele vomitando sozinho em um banheiro público.

— Eu não vou sair daqui até você falar comigo.

— Prefere um caixão preto ou branco?

A linguagem corporal de Sanji deixava claro que ele não iria embora mesmo. Contudo, agora não era apenas o loiro que estava com raiva. Impaciência borbulhava sob a pele morena.

— Olha – disse depois de um longo suspiro. Não acreditava que estava fazendo isso, porém ao mesmo tempo conhecia bem o que resumia o temperamento dos chapéu de palha — eu não posso te ensinar como amar um homem. Mas posso te dizer porque nunca é uma boa escolha ficar com um deles.

Um singelo sorriso brotou no rosto do loiro. Antes de sair deu sua última cartada, preocupando ainda mais Trafalgar.

— Eu te ligo amanhã de noite.

Jogado na cama o cirurgião só pensava na zona que tinha se metido.
Não sentia absolutamente nada pelo cozinheiro, tinha completa certeza disso pois a anos vivia num piloto automático de apatia pincelado por momentos de ódio e decepção. Ele era bonito e forte e… Nada mais! Não havia nada que o realmente atraísse, duvidava até que seria capaz sentir tesão por ele.

E tudo isso apenas alimentava o medo de tudo ser igual ao relacionamento que acabara de terminar. Um amor unilateral onde o moreno não conseguia retribuir todas as borboletas e arrepios que Kid-ya vivenciava.

Jesus, tinha como ser mais frustrante? O saco para tentar explicar todo o vazio dentro dele já não existia mais, todos esses anos novamente mostraram que não passava de um esforço inútil. Um gesto fútil que nunca era entendido de verdade.

Vômito na nucaOnde histórias criam vida. Descubra agora