Menina Misteriosa {Felix}

Fun

— Eu esqueci de falar um negócio pra você. - Felix diz de boca cheia.

— O que?

— Eu denunciei seus pais. - Olho abismada pra ele. — E os meus também.

— C-Como?

— Eu fui na delegacia e -

— Eu sei como se faz uma denúncia, mas por que?

— Yerin, eles não iam deixar nós dois em paz. Eu paguei muito caro para poder libertar você da cadeia, o juiz não queria deixar, mas meu advogado me ajudou bastante, foi um monte de treta pra tirar você. E sobre nossos pais, eu tinha provas e documentos que provavam que eles estavam querendo tomar conta da nossa vida, até porque uma semana antes de eu ir soltar você, meus pais fizeram eu assinar um contrato, que basicamente me fazia de escravo deles, os seus pais iam fazer o mesmo. - Ele sorri se achando muito.

— Obrigada Felix. - Estávamos no quarto de hotel, o quarto parecia um apartamento pequeno, tinha uma mesa minimalista no local. Me aproximo mais dele e o abraço. Eu estava devendo muito a Felix.

— Por... nada? Ele ri e eu também.

Me afasto e volto a comer.

(...)

— A polícia garante que eles não vão vir atrás de nós dois.

— Certo, estou devendo muito a você.

— Isso é verdade. - Gargalho. Andávamos pelas ruas de Berlin, já estava anoitecendo. — Podemos ir nos barcos?

— Hoje não, mas amanhã podemos. - Vejo ele concorda, e assim o silêncio se faz presente.

Eu acho que... estou em paz agora. Não sei para onde vamos depois de Berlin, até porque eu não quero ficar morando aqui, a cidade é linda, mas não é aqui meu lugar, sinto isso.

Agora se Felix quiser ficar tudo bem, ele pode mas, eu vou ir embora.
Também estou com preguiça de aprender outro idioma.

Ri sozinha com esse pensamento.
— Do que está rindo?

— Nada demais.

— Vai conta. - Ele segura meu braço e balança pra frente e para trás.

— Aish, você é um chato.

— Chata é você.

— Não sou!

— É sim.

— Tá, então fica aí sozinho. - Começo a andar mais rápido. Sei que ele estava apenas me provocando.

— Espera! - Felix põe suas mãos na lateral do meu corpo, me fazendo ficar de frente pra ele. — Eu estava brincando. - Ele sorri largo.

— Eu sei, eu também estava. - Retribuo o sorriso.

Tiro suas mãos da minha cintura e volto a andar ao seu lado.
— Então, do que estava rindo?

— Pensei que tinha esquecido. - Ri fraco. — Estava rindo porque não quero ficar em Berlin, terei que aprender outro idioma e só de pensar nisso, me deixa com preguiça.

— Ah sim, também não quero ficar em Berlin.

— Pra onde quer ir?

— Podemos ficar viajando a vida toda.

— Não tenho dinheiro pra vida toda, e eu quero me estabelecer em um lugar só. Acho que vou para os Estados Unidos.

— Tem razão, temos que trabalhar.