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BALA

Depois do bagulho com o Poca, saí da quadra transtornado, sem entender nada. Subi na moto e fiz um caminho que não fazia há muito tempo, indo de encontro ao Robertinho, Lobão e o resto dos caras.

Roberto não é de parar baile pra cobrança não, tá ligado? O bagulho tem que ser muito feio pra ele interromper lazer de morador com isso aí.

Parei a moto e os caras do plantão vieram me cumprimentar, fiz toque de mão com geral, uns com a mais clássica das perguntas: "Voltou, patrão? Aqui não é a merma coisa sem você". E eu só negava com a cabeça, meio atordoado. Um dos moleques que faz a escolta do chefe, mandou eu entrar pra salinha e assim eu fiz.

Lá dentro estavam dois caras que fecham com a firma de mó tempão, e dois moleques novos que eu não tava ligado no proceder. Eles estavam amarrados em posição típica de tortura e cobrança das feias, papo de x9 mesmo, e vendo aquilo, meu lado ruim veio à tona.

Bala: Qual foi dessa porra aí, Roberto?

Robertinho: Tá ligado que quem armou pra tu foi o Acerola, né? Que quem passava as coordenada tudo aqui de dentro era o Poca. E ainda levou esses fim de comédia com ele, pra se atrasar. A última deles agora era me derrubar pro Acerola tomar posto e matar você.

Escutei essas palavras e foi como se eu tomasse uma porrada no meio dos peitos, sem tempo de me defender. Então quer dizer que um dos caras que eu botei pra cima, que eu carregava sempre pra boa, que eu deixei de frente la na Grota, mandando em tudo, sem cabeça nenhuma, armou com o desgraçado do Acerola pra mim?

Bala: Era pra tu ter me deixado matar aquele merda... — cuspi as palavras e me senti "O Bala", aquele dos velhos tempos.

Robertinho: Tu fica suave, meu parceiro. O teu prato é o maior, peixe pequeno tu deixa com nós.

Fiquei mais um tempo lá assistindo a sessão de tortura dos caras, vendo eles falando as paradas, mas eu não me envolvi, mesmo estando com a negativa na alta, com sede de sangue, eu só ia sujar minha mão pra uma coisa.

Troquei mais uma ideia com o Roberto, descobri os bagulho da época do Sangue também. O homem foi de bobeira.

Robertinho: É por isso que eu preciso de você com a tropa, Bala.

Bala: Eu não posso. Não vou sacrificar minha família de novo, tá ligado? Tu sabe que minha vida é essa, mas eu preciso ver meu filho crescer. Tu pode me chamar a qualquer hora na cobrança do Acerola, mas não volto com tudo.

Robertinho: Tá ligado, entendo esse bagulho da tua família, mas quando tu quiser, a casa é tua. — fiz um toque de mão com ele e saí.

Voltei pra casa com a cabeça a mil, Viviane ainda queria roncar pro meu lado, acabei sendo grosso com ela, mas depois eu explico pra qual é a ideia. Não dá pra desenrolar isso, com a cabeça que eu to.

5O TONS 🔥 - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora