Roberta: Primeiro de tudo, eu quero te pedir desculpas por tudo. Eu sei o quanto falhei com você, desde de muito novo e esse é o meu maior arrependimento na vida. Eu me sinto muito culpada por não ter te dado amor, por ter feito você passar por todas aquelas coisas.
Bala: Já é. Eu já esqueci essas coisas. — menti.
Roberta: Quero te agradecer por tudo que fez pelos seus irmãos, pela sua avó e por mim também. Por ter me dado mais uma chance de viver, de mostrar quem realmente sou. — as lágrimas desciam pelo rosto dela.
Bala: Vou ser bem sincero contigo, mas se dependesse de mim, tu não tinha segunda chance não. Foi a Viviane que me convenceu...
Ela ainda falou bastante sobre o passado, pediu perdão um milhão de vezes e por fim.
Bala: Eu te perdoo, mas pra eu ficar em paz, tá ligado? Ainda tenho muita raiva de você, por tudo que eu passei, mas se eu não botar isso pra fora, não virar essa página, a minha vida nunca vai pra frente. To te perdoando, mas como, nossa convivência ainda vai ser meio estranha.
Roberta: Eu entendo, mas só de você deixar eu falar, já fico aliviada.
Bala: É isso, Roberta. — esbocei meio sorriso.
Roberta: Posso te dar um abraço? — fiquei um tempo pensando, porque esse bagulho de abraço não é a minha praia, ainda mais em situações assim.
Bala: Pode.
Roberta: Esperei muito por esse dia, sabia? — me abraçou e eu, infelizmente, não consegui abraçar de volta. — Queria tanto ouvir você me chamar de mãe.
Bala: Já falei sobre isso contigo, vamo tentar não forçar a barra. — ela soltou o abraço e voltou pra dentro da casa da minha avó.
Eu ainda fiquei um tempo lá atrás, refletindo sobre o que tinha acabado de acontecer. Parte disso tudo, desse cara que eu me tornei é fruto de muito trabalho da minha mulher, que vive me pedindo pra ser mais maleável, mais tolerante, menos ogro e parece que tô conseguindo.
Viviane: Mô? — falando nela.
Bala: Oi, preta. Vem cá! — fiz sinal e ela veio na minha direção.
Viviane: Como foi? — nos abraçamos, demos um selinho e ela ficou me olhando.
Bala: Normal, po. — arqueou a sobrancelha e eu segurei o riso. — Qual foi, pô?!
Viviane: Eu quero detalhes. Quero saber como você está se sentindo, o que você falou, o que ela falou.
Bala: Dei o meu perdão, mas como... Não vou ficar rendendo homenagem, ainda tenho muita mágoa e é isso. To me sentindo bem, fui sincero com ela e comigo. — sorriu.
Viviane: Deixa eu te falar uma coisa. — ficamos por algum tempo nos olhando nos olhos. — Eu tenho muito orgulho de você. Muito. Obrigada por partilhar a vida comigo.
Bala: Ih, olha ela, cheia de amor. — gastei a onda pra descontrair. — Eu te amo mais que tudo nessa vida, te devo tudo, pra sempre.