BALA
Papo de baile me deixa instigadão, é a parada que eu mais sinto falta, tá ligado? Poder dar aquela gastada com os moleque, só lazer com os crias, mas quando a gente casa é isso aí.
Fiquei um tempão trocando ideia com o Lobao, o Wesley, Lucas e Erick e tava disposto a desenrolar com a dona pra dar um pulo lá, sem maldade, só curtir com os moleques.
O clima tava maneirinho, todo mundo no grau, mas como geral tinha que se adiantar pro baile, acabaram indo embora e a gente seguiu pra casa também.
Bala: Vinícius vai ficar no teu pai, amor?
Viviane: Aham, amanhã eu vou buscar a tardinha.
Bala: E por que nós não vamos pro baile? Curtir com o pessoal, po.
Viviane: Daniel, eu já disse que não vou. Você quer ir? Você vai. Mas eu não quero... — arrumou um bicão.
Bala: Eu quero ir mermo, amor. Mas queria que tu fosse comigo.
Viviane: Não vou, Dani. Mas não ligo se tu for não, de verdade. — me deu um selinho e seguiu pro quarto.
Depois de um tempo, subi também e escutei ela falando com a Hellen, papo de que tava tranquila d'eu sair sozinho, mas não queria que eu fosse nesse baile, só nesse.
Fiquei pensativo? Fiquei mermo, mas como, instigado, cheio de álcool na mente, é foda.
Deitei com ela depois do banho e depois disso, acabamos dormindo. Eu acordei com o Lobão me ligando, perguntando se eu ia subir, e como a Viviá tinha dito pra eu ir, eu fui.
Botei uma peça nova, um ouro fininho no pescoço, calça e pisante. Subi na moto e segui de encontro à eles. Tava geral de mais cedo, todo mundo no clima e eu acabei indo na onda também, despreocupado, tá ligado? Tava em casa, com os meus, sem estresse.
A quadra estava lotadona, não tinha espaço pra mais ninguém, bagulho tava a cara do problema, mas estávamos de canto, evitando o máximo possível.
Primeira atração foi, segunda tava rolando, quando começou um caô do Poca com o Ratinho, cria nosso, era até parente do meu pau. O berimbolo foi sinistro, eu não entendia nada, Lobada também não, então, ele resolveu se aproximar pra saber do caô e eu acompanhei, como quem não queria nada.
Ratinho: Tu é um x9 do caralho, tem que morrer. Tróia! Tu acha que eu não sei que tu tramou pra derrubar geral?
Poca: Tá levantando falso testemunho. Eu vou te matar. — pegou a peça da cintura e eu me aproximei pra tentar contê-lo, quando ouvi um grito e em seguida, uma arma disparou.
Ratinho: Sai daí, Bala. — foi o que eu ouvi, antes do tiro, antes do clarão abrir e antes do Poca cair nos meus pés, com um buraco na cabeça.
Já vivi muitas paradas na minha vida, mas ver um parceiro morrer assim, do nada, no meu pé, foi feio demais. Eu desacostumei legal com essa porra, tá maluco.
A gritaria pra mim não era nada, eu só levantei as duas mãos, mostrando que tava limpo, sem nada, e fui dando alguns passos pra trás, até ver que quem foi o Robertinho, dono de tudo, quem tinha dado o tiro.
Bala: Qual foi, cara? To entendendo nada. O cara não era seu?
Robertinho: Vem comigo. Não te disse que quem traiu vai pagar? Comecei por ele.