ALGUNS DIAS DEPOIS
Sabe quando você sente um aperto no peito, mas não identifica de onde vem? Então, tá tudo muito estranho.
Hoje eu acordei mal, corpo pesado, uma sensação estanha na barriga, enfim, mas não comentei nada com o Daniel e espero que ele não me apronte nenhuma, já que eu tenho jornada dupla na escola hoje, preciso ficar até as 17h aqui.
Saí pra ir na pensão próxima à escola na hora do almoço e vi que meu pai tinha me ligado, então, retornei.
📱 Meu Velho📱
— Oi pai. Sua benção. Me ligou?
— Oi filha, Deus te abençoe, liguei sim.
— Chora.
— Fala direito comigo, garota. — riu. — A Cris quer saber se o Vini pode ficar esse final de semana com a gente?
— Que? Final de semana? Vocês querem sequestrar meu filotin, é isso mesmo? — demos risada.
— É que a irmã dela chamou a gente pra subir a serra, ir pro sítio dela. E ela quer levar os netos. Vai levar os enteados do João também.
— É com muita dor no coração que eu deixo, pai.
— Para de ser assim, garota. Possessiva.
— É meu filotin, pai. Poxa... — rimos. — Então, por mim ele pode ir, o senhor tem a chave lá de casa, sabe onde ficam as coisas dele, fique a vontade, porque eu tenho que trabalhar até tarde hoje.
— Sem problemas, filha. Pego tudo la. E já falei com meu genro também, tá?
— Eu sempre a última a saber.
— Fui na loja, comprar uma blusa pra mim.
— E ele te vendeu?
— Depois de quase sair na porrada comigo, sim. Porque não queria cobrar.
— Imaginei! — demos risada.
— É isso, filha. Segunda-feira ele tá aqui de novo, tá?
— Tá, né? Quando chegar lá, faz chamada de vídeo comigo, hein. Amo vocês. Dá um beijo na Cristina.
— Também te amamos. E acho que la não tem sinal não. — deu risada. — Se cuida.FIM DA LIGAÇÃO
Almocei com as meninas e ainda tomei um sorvetinho nos últimos 30 minutos de descanso.
O dia passou arrastado, Daniel não deu um sinalzinho de vida. Imagino que o movimento esteja impossível, pra ele não perguntar como eu estava.
Mas enfim, me despedi das meninas ao final do dia, peguei o carro e fui ao mercado, comprar umas coisinhas que faltavam lá em casa. Já tinha anoitecido quando eu cheguei...
Não entendi nada quando encontrei o portão da garagem aberto, então nem entrei com o carro e fiz uma coisa que eu nunca tinha feito na vida. Peguei a arma que o Daniel deixou no porta-luvas.
Jurei que nunca pegaria naquilo, mesmo que ele tenha me ensinado como manusear. Mas a gente nunca sabe do dia de amanhã.
Entrei na surdina, a moto do Daniel estava caída no chão. Meu coração acelerou, então, dei alguns passos pra entrar em casa e escutei duas vozes.
x: Nós não pode matar eles. Aqui não. — meu corpo inteiro gelou.
Ouvi um carro parar no portão, olhei pra trás e o Lobo veio andando, seguido pelo Rato. Ele fez sinal pra que eu não entrasse, só me afastasse da porta, mas eu não conseguia me mexer.
E AÍ, QUEM VOCÊS ACHAM QUE TÁ LÁ DENTRO?