Capítulo 1 - O Monarca da Destruição

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Xohis vagava livremente pelo vazio em busca do planeta Terra.

Uma esfera do tamanho de um cometa, toda negra, por dentro estava ele, preenchido por toda a sua grandeza.

O universo era belo com suas nuvens de gases que se encontravam próximos de algumas estrelas, passagens tão extensas e densos que faziam com que toda a energia dele se esvaziasse, precisando sempre absorver para continuar seu caminho. Estrelas que há muito permaneceram vivas e agora seu último sopro de vida veio na irá de Xohis, o caminhante das trevas.

Percorreu pela vastidão em direção dela, ignorou tudo que encontrava em seu caminho. Quando chegou próximo da constelação que essa estrela habitava, sua energia aos poucos foi esvaziando, sentiu uma forte pressão. Uma fina barreira estava em seu caminho, concentrou toda sua energia e gastou metade dela para passar o campo que o impedia. Quando avistou aquela estrela radiante, e todo movimento que fazia, percebeu que finalmente tinha encontrado aquela que sempre procurou.

Observou aquela esfera azul, com águas, uma nuvem cobrindo todo ele, e mais distante a sua ancestral o sol. A esfera azul um planeta emergido com energia primordial das estrelas. Onde a estrela nascente se materializou em vida abundante. O pedaço mais saboroso que existe. Muitos podem ser encontrados no universo, mas poucos ainda não se tornaram emergidos, para então serem capazes de se defender de entidades como Xohis.

— Então mais um planeta indigno de conquista. Sem o mínimo de esforços, mas essa estrela é forte, parece ser muito jovem, nunca tinha visto um planeta assim nascer de uma estrela tão jovem.

Seus frutos do conhecimento são vastos. Irá absorver primeiro a terra, chocar contra ela e devorar todos os seres vivos que habitam nela, toda a essência desenvolvida pela magia das estrelas. Frutos proibidos que não deveriam ter dado no universo, que agora era combustível para sua existência. Sentia uma ganancia, uma irá, um desejo compulsivo pelo poder.

Não tinha tanta força, estava mais fraco que o costume. Seu tamanho não era extenso, media do tamanho da esfera que circulavam esse planeta. Adentrou o seu campo, como um cometa, foi descendo, penetrando-o até chegar em um vasto campo. Na descida, sua energia foi esvaziando, pensou que por um segundo seria seu fim. Até mesmo pensou em recuar, mas depois de estar dentro nada mais poderia impedi-lo.

Sentiu a presença de milhões de seres vivos, e exclusivamente um chamou sua atenção, a energia vinha das árvores, das águas, das montanhas e esse estava direcionado seus olhos. Tão forte, tentou esconder sua presença, mas não precisou, todo o gasto que foi atravessando a camada protetora fez com que dissolvesse sua presença e se tornasse invisível para qualquer presença superior.

Tudo nesse lugar era novo e misterioso. Criaturas com pescoços longos e compridos, seres de tamanho colossal. Vislumbrando tudo isso, só esperava pelo momento de poder deliciar com seu núcleo. O esforço agora era de outra forma diferente, não tinha todo o potencial de sua energia para atingir seu núcleo, precisaria absorver ser por ser. Até que tivesse o suficiente.

As matas, árvores, flores silvestres, animais e pássaros tremiam a presença da queda daquele ser. Já seu tamanho não era mais o mesmo por causa do efeito adentrando a atmosfera, se tornando assim uma pequena esfera negra. Com todas as suas reservas de energias gastas não poderia se transformar em sua verdadeira forma. Juntou as poucas energias que restava e se colocou em um modo de hibernação absorvendo poucas energias para não ser detectado. Os pássaros ao redor passavam por ele bicando, se sentiam fracos e fugiam, os insetos eram absorvidos primeiro. Ficou assim por milhares de milhões de anos de anos. Até que finalmente tinha energia suficiente para começar a sua conquista.

Estava escuro, não sabia o que impedia de enxergar. Para alcançar toda sua forma física ainda não era possível, e se perguntou o porquê de ainda não ter conseguido mais energia. Não conseguia se quer se mexer. Um grande peso estava por cima. Soltou um pouco de energia, fazendo com que a pouca pressão que fez poderia se movimentar, estava submerso em um grande lago que se formou com o tempo. Toda a paisagem que se encontravam mudou, inclusive a vida.

Onde estão aqueles gigantes? Pareciam inimigos a altura. Chega de perder meu tempo com essa fútil existência. Achei que seria mais desafiador.

Detectou uma pequena faísca de energia, encontrou um pequeno sapo que estava alimentando seus filhotinhos, o engoliu rápido e se tornou na sua forma, então subiu através do lago, alcançou sua superfície e procurou a energia mais forte. Balançou a cabeça e observou tudo a seu redor, quando um raio em uma direção o cegou, uma energia avassaladora, nesse pequeno instante um pássaro o bicou e por puro impulso o absorveu e tomou sua forma.

Agora na forma de pássaro, tudo que precisava era encontrar a energia que o cegou. Balançou suas asas, bicou o chão, e se acostumou com o corpo que estava, só que um pequeno imprevisto aconteceu. As pequenas gaiolas caíram por cima de si e quando se viu estava preso. Tentou absorver a energia ou escapar. Só que estava muito fraco para isso ou não era capaz de fugir. Em hipóteses alguma imaginou que seria capturado tão cedo, essa possibilidade era possível em planetas emergidos com as Marcas. Muitos guerreiros fortes existiam nesses planetas, então se enganou a respeito desse planeta. Falhou com sua espécie, mas nem tudo estava acabado ainda. Pensou que ali provavelmente existia seres que já tomaram do fruto do conhecimento.

— Papai, eu consegui! — disse a pequena menina.

Carregando sua gaiola, mostrou para o humano que se aproximou. Vestia uma roupa de pelos, seu cabelo era preto como a densa noite que jazia. Era pequena, miúda, inofensiva. Seus olhos verdes brilhavam de contente com a captura. Olhou para o seu pai que não lhe deu atenção. Suas barbas longas balançavam com o vento. Seus olhos azuis reluziam com o luar da noite.

— Se acalme minha filha, essa região tem lobos azuis. Não podemos chamar atenção.

A esfera negra se sentiu impotente, sem saber o que aconteceu realmente. Por quais motivos foi preso a uma gaiola no qual não podia sair; não conseguia passar por suas gretas e sentia a mesma sensação da barreira fina. Então os primeiros raios solares bateram dentro da gaiola fazendo com que conseguisse avistar aqueles grandes olhos verdes o observando. Na forma de pássaro dependia muito da sua visão.

— Que pássaro lindo, nunca tinha visto um igual. Pena papai não querer ver — Seu corpo inteiro era azul, sua cabeça tinha uma pequena plumagem cor rosa. Seus olhos pretos tingidos de um roxo claro.

Xohis com sua forma de pássaro não conseguia entender as palavras daquele ser, mas conseguia entender o que estava acontecendo. Fora capturado antes de chegar ao seu ápice, se culpou por ter gastado toda a sua energia entrando no campo atmosférico criado pela estrela, não imaginou que o poder ali era tão grande. Isso significa que seus frutos são melhores do que imaginou, se sentiu excitado. Tudo que precisava fazer era se libertar, mas em frustração não conseguia e o tempo passou depressa.

O tempo tinha uma forma diferente de passar por Xohis, dias poderiam ser segundos e segundos poderiam ser anos. O tédio começou a consumi-lo e as únicas coisas que o agradavam era observar como seu capturador se desenvolvia. De uma forma que nunca percebeu em toda a sua vida. Ele viu a menina crescer, brincar todos os dias, e se perguntava o que era que esse ser tinha para continuar a vida. Que energia a fazia se mexer tanto, de onde vem? Toda vida parava sobre sua frente e começava a falar. Queria entender as palavras que ela dizia.

Tentou atrair algumas moscas e insetos para si, tentava absorver eles e tomar sua forma, mas era impossível. E não entendia o porquê, sempre conseguiu tomar a forma de qualquer ser apenas absorvendo suas energias vitais. Como se a gaiola que estava preso estava com algum tipo de encanto que o impedia de usar seus poderes.

No qual ele não sabia, mas a madeira era feita da mais pura essência vital do planeta, utilizado pela tribo que habitava a região; a mesma da menina. O vilarejo prosperava próximo de uma árvore-anciã que media trinta metros de altura, seus galhos eram longos e serviam como auxilio das tribos para suas casas. A região era vasta e pura, com chuvas calmas purificando todo seu solo. Os povos que viviam próximo dela estavam em paz a séculos.

Manto Vermelho - AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora