•12• Alā uṇḍanivvaṇḍi

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Jimin

Lembro de uma das primeiras aulas de filosofia que tive naquele ano, onde o professor explicava sobre a física estóica, que tem o conceito de acontecimento como fundamental.

Para os estoicos, quando dois corpos físicos se encontram produz-se um acontecimento, que é algo não corpóreo. Por exemplo: quando comemos uma maçã, produz-se o acontecimento comer, que é o encontro de nosso corpo com a maçã. Comer é um ato, não um corpo.

Essa noção de acontecimento é fundamental para a ética dos estoicos, pois seu princípio básico afirma que não devemos nos preocupar com aquilo que não está sob nosso controle. Aquilo que nos acontece, é justamente o que não podemos controlar.

Nosso corpo se encontra com outros corpos e esses encontros produzem acontecimentos. Não escolhemos aquilo que nos ocorre. E se fico me lamentando por aquilo que não controlo, não posso ser feliz.

Se acolho e vivo de acordo com isso, no fluxo dos acontecimentos, então estou no controle da vida e tenho a alma tranquila e feliz.

Quando abri meus olhos, sentando na cama e sentindo minha cabeça latejar levemente e minha boca seca pedir por água, não notei direito onde estava até que olho para o chão do quarto, que definitivamente não era o meu, com roupas jogadas por todo canto. Minha mente projeta lembranças da noite passada.

A pista de dança, o baseado de Jin, as escadas, mãos, passantes de calça, blusas sendo tiradas, pele quente.

Tudo volta de uma vez e eu automáticamente olho para o lado, vendo o corpo desacordado e nú de Jungkook ao meu lado, sob a mesma coberta que eu.

"Merda, merda, merda" repito mentalmente enquanto saio da cama, achando minha boxe no chão junto da calça de minha fantasia, vestindo as duas de qualquer jeito, voltando a sentar na cama para calçar meu sapato, também largado pelo chão.

— Ei, tá tudo bem? — escuto a voz rouca de Jungkook atrás de mim, me fazendo parar de calçar os sapatos e fechar os olhos com força. A última coisa que eu precisava naquele momento era que ele acordasse.
— Jimin? — ele me chama de novo depois de não receber resposta.

— Eu to bem, só... — respiro e volto a me calçar com um pouco mais de rigidez — Isso foi uma péssima idéia.

— Você acha? Por que pra mim pareceu ótimo — ele diz em tom divertido e eu viro para ele sério, com intuito de o repreender, mas assim que meus olhos pousam em sua figura, automaticamente descem de seu rosto para seu abdômen despido e, merda, muito bem definido, com marcas de minha boca por toda a extensão.

Era por causa do boxe, certo? Era a única explicação para aquele copo. Aquela merda de luta. Meu deus Jimin, para.

Balanço minha cabeça para tentar tirá-la daqueles pensamentos, voltando a olhar apenas para meus sapatos já calçados, apoiando os braços ao lado do meu corpo, desnorteado.

— Mas não foi. — respiro fundo, fechando os olhos tentando assimilar tudo que passava na minha cabeça.

— Qual é, Jimin... — ele começa e sinto o colchão se mover com ele chegando ao meu lado, vestindo só sua boxe, me arrepiando por sentir seu calor mais perto. — A gente pode ser sinceros ao menos uma vez? Por que eu sinceramente cansei. Eu sinto atração por ti e nem se eu quisesse muito poderia negar, não depois de ontem a noite, e acho que você também não...

— Eu sei, mas... — começo a falar me odiando por está assumindo aquilo em voz alta, enquanto levanto da cama mantendo maior distância entre nós dois, tentando pegar os restos de minhas roupas que ainda estavam pelo chão. — Não tem como eu lidar com isso agora Jungkook. Nada ta fazendo sentido pra mim ultimamente, tudo com Tae, meus pais, com os estudos, com minha cabeça, não sei como lidar com nada disso, muito menos com você, a gente, sei lá... Não tem como nada disso fazer sentindo ou dar certo, e eu definitivamente não preciso de mais uma confusão.

Fuja Para As Estrelas ||| Jjk + Pjm Onde histórias criam vida. Descubra agora