•3• Veḷtū uṇḍaṇḍi

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Jungkook

O cérebro humano e seus reflexos sempre me deram um pouco de medo. Quando os instintos e as ações programadas são maiores que você, maiores que sua vontade, maiores do que você suporta.

Como quando você está se afogando. Não importa o quanto sua cabeça esteja explodindo ou seu corpo fraco, você não vai deixar a água entrar. A agonia constante e da dor não importam, porque seus instintos não te deixam desistir.

Não até você perder a consciência, até o reflexo sobressair os instintos e por alguns minutos você até sente... Paz.

Em um momento você não pode escolher desistir e no outro não pode escolher continuar lutando. Você tá afogando e não tem o que fazer sobre, você não controla nada.

Eu sentia como se estivesse debaixo d'água. Sentia minha respiração cada vez mais difícil e minha cabeça como uma bomba relógio. A cada dia que passava desde a morte dela era como se eu estivesse indo mais e mais para o fundo.

Eu sabia que em algum momento a água poderia entrar e eu sentiria algum alívio.

Mas eu ainda tinha meus instintos certo? Eu tinha que continuar com a boca fechada.

Fecho os olhos respirando fundo e esfregando minhas mãos no rosto, cansado de pensar tanto. Já fazia uns quinze minutos que eu encarava o teto do meu quarto enquanto esperava o despertador tocar, avisando o suposto horário pra que eu acorde.

Sair da cama e entrar no chuveiro foi quase automático. Eu sabia o que tinha que fazer e fiz, como sempre. Enquanto minha mente continuava longe, fazendo barulho na minha cabeça, e eu fazendo completo silêncio.

Parei só de toalha na frente de meu guarda roupa encarando as peças de roupa.

Eu sempre sentia que eu não tinha estilo nenhum, olhava pra meu compilado de blusas grandes, poucas com alguma estampa no meio, umas calças jeans, moletons e tênis pretos com um ou dois de outras cores. Eu não me via alí mas também não via nenhum outro caminho, todo dia tinham várias pessoas com várias roupas diferentes, e eu simplesmente não parecia me encaixar em nenhum daqueles estilos.

Uma vez até tentei me convencer que não ter estilo era um estilo, mas depois de uns cinco minutos pensando sobre, o assunto perdeu total sentindo e eu me senti um idiota desesperado.

Eu não me sentia 100% bem usando aquelas roupas, mas eram confortáveis, e isso bastava.

Peguei o meu clássico, vestindo a camiseta cinza claro com a calça jeans e uma jaqueta preta de magas longas e capuz.

Olhei no espelho passando os dedos de qualquer jeito entre os fios meio rebeldes do meu cabelo, que já começavam a secar, e decidi finalmente sair do quarto, e toda aquela coisa de encarar o mundo e bláh bláh bláh.

Meu pai estava concentrado anotando algo em seu caderno, enquanto mastigava típico sanduíche-Dongsun-da-manhã, que consistia em todas as sobras da geladeira, que coubessem entre duas fatias de pão. Dei bom dia e ele sorriu pra mim como se devolvesse o comprimento sem desviar muita atenção do que escrevia.

Fui até a cozinha botando meu café numa garrafa-copo que tinha ganhado no natal passado da minha tia Chun-ja, que sabia o quanto eu era viciado em café, e peguei uma torrada. Fui andando até a porta tomando os primeiros goles, segurei a comida e a bebida em uma só mão me abaixando pra pegar a mochila que deixei perto da porta na noite passada, colocando-a em só um dos ombros.

— Boa sorte, filho. — Meu pai fala depois de finalmente parar de escrever, quando eu já estava passando pela porta.

Eu sorrio pra ele e tento esconder todo o meu nervosismo e pensamentos negativos sobre aquele dia, além da vergonha de estar parecendo o protagonista de um filme adolescente idiota, que encara o primeiro dia de aula como o fim do mundo.

Fuja Para As Estrelas ||| Jjk + Pjm Onde histórias criam vida. Descubra agora