•13• Parvālēdu

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Jungkook

Quando eu tinha seis anos e comecei a mostrar dificuldade para me expressar e me comunicar, além de uma timidez tremenda e um certo nível de hiperatividade. Tudo me afetava além de o normal. Não conseguia fazer amigos ou lidar com as coisas dentro de mim, e acabava sem conseguir fazer nada direito, nem nas aulas do primário, nem as tarefas de casa e quase repeti um ano. Naquela idade, o que sempre achei ridículo.

Então minha mãe decidiu sentar todos os dias e com toda a calma do mundo fazer questão por questão comigo, além de tentar me ensinar uma segunda vez tudo o que tinha visto na escola naquele dia.

Quando tentar ler as palavras ou escrever as letras para o lado certo me irritavam demais, minha mãe me sentava na sua frente, com as pernas dobradas uma por cima da outra e colocava a mão em meu peito, pedindo para que eu prendesse a respiração e só soltasse depois que ela batesse delicadamente duas vezes nele, enquanto fazia com a boca uma imitação do barulho de um coração calmo. Quando eu já estava mais tranquilo ela me colocava dentro de um abraço apertado e falava "é só lembrar de ir devagar, querido, não tem problema em ir devagar" e então voltávamos a todos os papéis coloridos.

Quando eu falei que iria pesquisar mais sobre sexualidades, gêneros e todas essas coisas, nunca pensei que seria tão complicado, que eu me sentiria com seis anos novamente, sem conseguir guardar e entender todos aqueles detalhes, termos e nomeclaturas. Quando Jimin ou Taehyung falavam parecia tão simples, tão diferente desse site que me mostrava mais de cinquenta e dois nomes diferentes que pareciam existir só para bagunçar mais minha cabeça.

Eu tinha começado tudo aquilo de pesquisa para ser menos ignorante e saber tratar meus amigos do jeito certo quando acontecesse algo como o que aconteceu com Tae? Sim. Mas tinha que adimitir a minha esperança em me achar no meio daquilo tudo, eu queria saber o que eu era, já que aparentemente não era o que eu sempre pensei que fosse. E você pode pensar que vários nomes tornariam tudo mais fácil pois teria mais chances de eu me encaixar em algo, mas só fazia minha cabeça girar e girar sem ir a lugar algum.

Paro os abdominais que fazia no tatame da academia enquanto pensava em tudo aquilo e em como as pessoas conseguiam se achar ali, falar com tanta propriedade que pertenciam a uma daquelas partes. Sentindo os músculos da minha barriga queimando decido perguntar para a única pessoa que estava ali comigo, batendo com força em um dos sacos pendurados no teto com sua luva vermelha. Paro meus movimentos e sento no tatame de frente para ele.

— Namjoon, você é bissexual, certo? — solto as palavras aleatoriamente, olhando meu amigo parar seus movimentos, um pouco surpreso com a minha pergunta repentina.

— Sou, por que? — ele responde, não parecendo ofendido ou desconfortável, só curioso, enquanto regula sua respiração assim como eu, então continuo.

— Como você soube que era exatamente isso? Tipo, tem várias opções, certo? — faço a segunda pergunta o vendo tirar as luvas, jogando no chão, deixando só as faixas pretas enroladas em sua mão, assim como as minhas, e indo até sua garrafa de água.

— Não são opções, falar assim faz parecer que é uma escolha — ele me corrige simples, sem ser grosso, antes de beber água, sem realmente responder minha pergunta, e eu me repreendo mentalmente por que já sabia daquilo.

— Eu sei, desculpa, coloquei as palavras de mal jeito — falo, um pouco chateado por meu vacilo.

— Tá tudo bem. — Namjoon diz com aquele sorriso de covinhas, como se me entendesse, enquanto pega minha garrafa de água e começa a caminhar em minha direção, me entregando-a antes de finalmente responder
— Não sei muito bem, acho que com o tempo eu fui vendo que era onde eu me encaixava mais. Não pensei muito sobre, só cheguei nessa conclusão um dia e pareceu certo, então até que aconteça algo que me mostre o contrário, vou com ela.

Fuja Para As Estrelas ||| Jjk + Pjm Onde histórias criam vida. Descubra agora