Capítulo 5 - A beira da piscina

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Pov Camila

A sociedade de hoje pode estar avançada em muitos aspectos, mas em outros eram tão precária e antiquada que parecia um contraste de tudo o que se pregava. Eu havia notado a demora de Hailee e fui atrás dela, a achando fácil afinal apenas segui a multidão. O que eu vi havia me paralisado de vez. Vê-la sendo atacada daquela forma e ao mesmo tempo como ela protegia o irmão me fez sentir como uma fera querendo atacar a tudo e a todos.

E ainda no carro, aquele carinho que havia entre eles, a forma como cuidavam um do outro... Eu já desconfiava que os pais deles fossem ausentes. Mas qual a história? Qual o motivo? Deus, ela era tão forte! Havia encarado a todos aqueles olhares e ficado firme, talvez para dar exemplo ao seu irmão, mas o que eu sabia realmente?

Quando chegamos a minha casa, os dois pareciam maravilhados com tudo o que via. Certo, minha casa era uma mansão, com cinco suítes e dois quartos normais. Era de dois andares, com uma varanda com direito a um jardim espaçoso e no fundo uma piscina com quiosque. A decoração era vitoriana e de cores claras, variando entre branco e azul claro. Griffin havia escolhido pular diretamente na piscina. Nós ficamos na sala que dava acesso ao quintal para que Hailee pudesse ficar olhando o irmão brincar.

- Ele é uma gracinha – Dinah comentou olhando Griffin saltar na piscina, realmente se divertindo.

- Não é tão gracinha quando fica bagunçando a casa e não quer arrumar. Mas sim, na maior parte do tempo – Hailee comentou distraída com o cálculo que fazia, até erguer o olhar e ver o irmão – Mas pelo menos ele está podendo ser uma criança normal.

O jeito que ela falava... Como havia sido a infância dela? Por que aquele brilho no olhar que indicava orgulho pelo irmão, como se ele tivesse algo que ela não teve? Eu mal estava conseguindo prestar atenção ao trabalho, mas disfarcei, não queria conversar sobre isso com Dinah ali. Queria algo entre eu e Hailee, apenas eu e ela. O trabalho durou a tarde inteira e um pedaço da noite. Deixei os três jogando em outra sala, onde estavam os principais aparelhos de multimídia e fui para a cozinha ajudar a Carmem, nossa cozinheira, a fazer algo para o jantar.

- Não acredito que você sabe cozinhar – Hailee falou da porta.

Levei um pequeno surto, quase cortando meu dedo por estar cortando tomate. Carmem sorriu de leve, era uma mexicana já de idade, desde sempre trabalhava com minha família e por vezes era como uma segunda mãe para mim.

- Ela gosta muito, desde pequena me ajudava a fazer biscoitos para depois comê-los todos – Carmem explicou orgulhosa.

- Olha só, já pode até casar – Hailee brincou olhando diretamente para mim com aquele sorriso de lado dela.

Fiquei sem jeito e tentei voltar ao meu trabalho. Mas Hailee ao invés de ir embora, se aproximou mais e sentou em um banco perto da mesa central. Ela ficava me encarando em silêncio, apenas observando. Até eu não aguentar mais, bater a faca contra a tábua e encará-la irritada.

- Vai ficar me olhando apenas? – reclamei.

- Desculpe – ela pediu em um tom baixo, piscando como se tivesse acordando de algo – Mas finalmente descubro algo sobre você. Preciso saber sobre a latina da escola, estou na mesma situação que você sobre a redação.

- Hum... Verdade. Então faça algo de útil, corte as batatas e me faça perguntas.

A careta de Hailee me fez sorri, ela não tinha jeito nenhum para isso, mas ao menos descascava a batata sem fazer muito estrago. Carmem continuava discreta, deixando um espaço visível para nós duas.

- Ok. Deixa-me ver... Estilo de música predileta?

- Varia com meu humor. Soy del tipo que quando está triste escuto música deprimente para piorar a situação. Hailee, por el amor de Dios, corta a batata direito ou não sobrará nada dela quando você terminar, bueno?

Simplesmente (Cailee)Onde histórias criam vida. Descubra agora