Vê se não me esquece

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-O que você está fazendo aqui? -uma voz familiar a perseguiu. Virando-se como um flash...
Era Kylian, finalmente.

-Eu estava a sua procura! Na verdade, todos estão. Por que fez isso?! -lhe recompensou com um empurrão.

-Ei, fica calma! Sou um jovem de dezoito anos, será que não posso sair sem avisar Deus e o mundo?!

-Todos ficamos preocupados com você!

-Ficaram preocupados no modo padrão ou pelo fato de acreditarem que eu poderia me jogar de alguma ponte?

-Nós vamos para casa.

-Eu ainda tenho duas horas para virar zumbi! -rebateu.

-Seu pai está a caminho, se não voltar agora, quem se tornará zumbi vai ser o Róger!

-Maggie, larga do meu pé! Está parecendo minha mãe.

-É, eu acredito que seria exatamente essa a atitude que ela tomaria com você -suspirou, desmotivada- Preciso que contribua.

Seu semblante se fechou totalmente. Estava raivoso e desapontado. Ele seguia em direção oposta, deixando a casa noturna.

Um temporal cobria todo o céu que antes era cinza, ele estava extremamente escuro e coberto de nuvens pesadas. O barulho dos trovões já se faziam presentes.
Kylian era incapaz de dirigir seu olhar a Maggie, pois estava raivoso e com os pensamentos atolados, acreditando que era responsável o suficiente para que não o tratassem com o máximo de cuidado.

A volta para casa consequentemente foi mais rápida, Maggie acompanhou Kylian até sua residência e um fardo foi retirado das costas de Róger. Totalmente aliviada, Maggie voltava para casa sem tanta preocupação... Até encontrar o carro de seus pais estacionado à frente de casa.

Um longo suspiro foi a maneira de se preparar para a grande bronca que a esperava.

-Ficamos um mês fora a trabalho e, quando voltamos pensando encontrar nossa filha, ela não está em casa!! -reclamou seu pai, aparentemente bravo.

Sua mãe, Sally, mantia os braços cruzados com uma expressão descontente.

-Poderia ao menos ter atendido nossas ligações!! -continuou.

-Me desculpem! Eu só queria ajudar, o Kylian estava desaparecido e...

-Você não é babá do Kylian! Ele já é um homem crescido. Ponto.

Com a cabeça baixa, Maggie subiu para o seu quarto com os olhos marejados. Seu psicológico se encontrava frágil naquele momento.
Ela possuía uma característica deveras altruísta, mas não totalmente sábia: o fato de pensar mais em outras pessoas do que em si mesma.
Envolvida com tamanhos problemas externos, esquecera de seus próprios.

No silêncio do quarto escuro, apenas uma pequena luz distante da rua invadia parcela do quarto. Ao checar o celular, nenhuma mensagem sequer.
Uma ducha prolongada e um confortável moletom lhe serviu de ajuda, tal como o famoso cheiro de terra molhada causado pelo forte temporal que caía naquele momento.
Mas as coisas ainda poderiam ficar melhores.

"-E ficou tudo bem? -Ela perguntou, por chamada de voz à Kylian.

-Sim, mas ele ainda está muito irritado. Meu pai se tornou outra pessoa quando minha mãe morreu, ele se afoga em trabalhos.

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