O Outro Lado

Quer conhecer meu novo quarto?

O tempo voou como se os próprios meses acumulassem forças maiores que a gravitacional terrestre.

16 de Dezembro - Baile de Formatura

-Você ainda está chateada? Sei o quanto o John é importante para você e que queria que ele estivesse aqui, no meu lugar. -afirmou Kylian, conduzindo Maggie naquela lenta dança.

-Não diga isso. Estou sinto falta dele, mas estou feliz por estar aqui com você. -com um sorriso que deixou escapar, uma lágrima escorreu de seus olhos automaticamente- E sabe... Nós parecemos aqueles adolescentes norte americanos das séries de televisão dos anos oitenta.

-Não seja boba, ainda falta uma flor grudada no canto superior direito do seu vestido que nem é rosa com bordados.

-Se quiser acabar com a minha noite pode completar dizendo que não haverá eleição para rei e rainha do baile. -brincou, recebendo uma careta do maior.

Assim como as grandes cortinas brilhosas de cores vivas eram notáveis o olhar de Kylian também não fugia daquela realidade: seus olhos grudavam nos fios escuros e enrolados de Rachel, no glitter próximo de seus olhos e naquele batom forte que estava colado em sua boca. Certamente, Kylian cobiçava o lugar daquela maquiagem.

-Esse dia poderia ser melhor, não acha? -sua pergunta lhe trazia imagens de seu boletim com positivos resultados graças à ajuda de John, como um slide mental bem apresentado.

-Tudo poderia ser melhor. Como eu ainda posso estar apaixonado por ela?

-Eu gostaria de ter essa resposta.

-Não é fácil, Maggie. Estamos aqui, mas consegue imaginar o quanto estou lutando comigo mesmo para me manter nesse lugar? Eu não digo isso pelo calor que estou sentindo nesse terno, mas minhas emoções estão incontroláveis.

-Você está evoluindo, nenhum processo pode ser tão rápido assim. -disse ela, pondo uma de suas mãos sobre o peitoral do rapaz- Está se curando, dando o melhor de si. Bom, você não quebrou nenhum celular dessa vez...

-Haha! Vontade não me falta, "anti-deprê". Mas não posso negar que meu pai me deixa maluquinho.

-Nunca se esqueça, Kylian:

O trate com pacificidade. -completaram, juntos. Bem... Quase. Kylian se embolou na hora de dizer.

-Tem razão. Preciso deixá-lo e não me abater ou me esquecer de quem sou. Independente de suas mentiras ou do modo como fala comigo, continuo sendo eu mesmo e só eu preciso entender isso. Sabemos das nossas verdades. -sussurrou.

-Estou orgulhosa de você, meu girassol.

O natal e o ano novo também foram um sucesso. Os dois jovens trocaram presentes bizarros como marshmellows empacotados dentro de meias de frio e livros sobre como dizer "dane-se" em qualquer situação.

-E o que será de nós daqui para a frente? -perguntou Kylian, sentado no banco daquela praça acompanhado da ruiva em uma noite qualquer de janeiro.

-Bem, fico feliz que disse "daqui para a frente". É sinal de que já sabemos que retroceder está fora de cogitação.

Suspirando profundamente, a garota recebeu a primeira mensagem  de quem tão esperava naquele ano:

"Fale comigo, princesa! Sentiu minha falta? Quer conhecer meu novo quarto?"