O espirito de um guerreiro

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—Certo Malu, você teve sua oportunidade...Agora mostre seu valor e faça as coisas tomarem um rumo diferente.

Determinada agarrou suas lâminas e velozmente avançou contra a nuca do primeiro titã, retilíneamente e de maneira uniforme realizou o corte mais inspirado e carregado de ódio que pôde contra a criatura gigantesca.

Lado à lado os cadetes viam-se na grande carnificina de seus carcereiros, abatendo odiosamente os demônios além das muralhas.

—MORRAM SEUS OTÁRIOS!– Jan saltava tão ágil como um orangotango para seu terceiro titã.

—EU VOU MATAR MAIS TITÃS QUE QUALQUER UM DE VOCÊS!– Berrava Nana energicamente lançando-se imprudente para a derrubada de mais um inimigo.

—Santa mãe essa imbecil não sabe agir como um ser humano normal por um minuto?–  André irritou-se enquanto observava ao longe e desviando seus olhos da escandalosa cena, retomando o foco em derrubar à grande criatura que o cercava para que Luiza à finalizasse; e assim fora feito, os dois notávelmente talentosos cadetes eram como "máquinas de abate" movendo-se mais rápido do que quaisquer ser humano comum pudesse acompanhar. A impecável formação e métodos de ambos eram notáveis e faziam jus a fama que tinham,  fama que poderia até mesmo ser considerada como hereditária já que a reputação de seus pais não era muito diferente da que mantinham quando se tratava de abates de titãs.

Enquanto alguns abriam caminho por entre os gigantescos obstáculos, outros serviam como refeição, diminuindo ainda mais os números de soldados remanescentes naquela missão.

Corpos chocavam-se contra o solo, uma massa de tripas e ossos formava-se pastosamente sob os pés dos titãs, lâminas encharcavam-se de sangue em meio aos urros de ódio e gritos de desespero.

Desconheciam o porquê da atual situação de encurralamento em que se encontravam. E para chacoalhar ainda mais essa maré de azar, o restante do grupo de reconhecimento deveria estar longe dali, estavam em um mato sem cachorros, o que comprometeu a vida de muitos soldados, principalmente cadetes.

Com o pelotão reduzido de vinte membros à apenas seis, só os restava contar com à sorte e com a experiência de Matias, capitão do pequeno pelotão, que apesar do título e alta posição de comando, esboçava traços de covardia. Era de fato um bom estrategista mas nem de longe poderia ser considerado um valente guerreiro.

O desassossego da dança desorganizada da horda dos temíveis titãs não era do tipo que colaborava gentilmente, braços chacoalhavam e pernas miravam o ar, na patética e cotidiana caça as presas. A lógica tende a ser clara em termos de sobrevivência; os mais fortes e habilodosos cadetes conseguiam manter-se ao menos vivos conforme o tempo transcorria, os mais fracos simplesmente eram arrastados para a morte. Esforce-se para viver mais um dia no inferno ou se deixe levar pela desesperança e finalmente descanse.

Uma troca equivalente talvez? Bom em circunstâncias que faziam os mais sensíveis beirarem a insanidade seria justo abandonar seus sonhos e simplesmente serem libertos daquele inferno.
Mas creio que no fundo por mais que estejamos deseperados e clamemos a morte com nossos próprios lábios, não desejamos verdadeiramente morrer, no fundo uma chama de esperança sempre remanesce, isso torna o ato de sobreviver tão belo.

Vida e Paz podem coexistir?

Ou são apenas uma moeda de troca?

Com base nisso soldados, julguem o valor de seus sonhos.

Ocrepúsculo que antecedia a noite, caía sobre a floresta de árvores espaçadas, entretanto por mais que a chegada da escuridão ascendesse uma luz de esperança no coração de nossos guerreiros a massiva multidão titânica tornava-se mais densa, enquanto suas forças reduziam gradativamente, enquanto seu gás esvaia-se, os fazendo contar com a sorte.

Asas da Liberdade (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora